SEM PALAVRAS
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Tudo o que já escrevi dele no blog do Mafuá do HPA
Começo relembrando ele com uma letra do Aldir Blan e Maurício Tapajós, a PERDER UM AMIGO: "Perder um amigo,/ morrer pelos bares,/ pifar em New York,/ penar em Pilares…/ Perder um amigo:/ errar a tacada,/ sentir comichão/ na perna amputada./ Perder um amigo,/ mudar pra bem longe,/ levar vida afora/ o tombo do bonde./ Perder um amigo/ é a última gota/ se o cara duvida/ que a vida é marota./ Perder um amigo,/ perder o sentido,/ perder a visão,/ as mãos, os ouvidos…/ Perder um amigo:/ perder o encontro/ marcado e marcar-se/ com a perda do espelho/ nos olhos do amigo/ aonde melhor/ conheci minha face".
RONIQUITO, O ENCRENQUEIRO DE IPANEMA E PH, UM DOS POUCOS QUE O CONHECE, A ELE E SUA HISTÓRIA
Não sei o que escrever dele. Ela dessas pessoasd puras, sem maldade, por dentro e por fora, um ser sensível e amante inveterado e desbradao da boa música. Possuia uma das melhores coleções de LPs desta cidade, quiçá interior paulista. Não só tinha o que de melhor temos, desde MPB, jazz, rock, soul e tudo o mais, sabendo de cor o nome dos músicos, contando, inclusive, histórias sobre cada um deles. Poucos o são igual a ele. Outra de sua admiração incontrolável é pelo cinema, sendo aqui na cidade um dos precursores do Cine Clube. Ou seja, com seu jeito e estilo bem seu, desligado dessa vida dita e vista como normal, ele assim levou sua vida, envolvido com o que gostava e sem abrir mão disto. Foi até quando deu.
Fiz um Lado B com ele, talvez num de seus únicos momentos, com entrevista gravada e disponível pela aí. Foi um belo registro. Diante de tudo o que poderia dizer dele e sem cabeça para fazê-lo, relembro algo, uma bobagem, uma passagem bem represerntativa de como era este PH. Ele conversava sobre tudo o que lhe interessava, pois ia atrás, pesquisava, lia e tinha sempre muito argumento para levar uma conversa adiante. Marcão Resende, amigo em comum, conta que certa vez, o encontrou num final de tarde na entrada de umdos mercados Pão de Açucar na cidade, finalzinho de tarde e ali em pé, ficaram proseando sobre música e cinema, até quando baixaram as portas do lugar. Era uma interminável conversa. Ele era assim, uma empolgante pessoa. Quem o conhece sabe do que estou falando e as últimas boas recordações dele, tenho de sua monitoria no Museus Ferroviário, quando aprendeu detalhes do ofício e o fazia com um brilhantismo não mais existente nas pessoas. Um dedicado e diferenciado cidadão.
Pois certa feita o encontrei, ele falando muito de suas passagens pelo Rio de Janeiro, quando havia terminado de ler um livro sobre o irriquieto Roniquito, o maior encreiqueiro que Ipanema já teve um dias. Citei o nome do livro, o "Dr Roni e Mr Quito", sobre a vida do intrépido carioca, família Chevalier e passamos também horas, com ele discoirrendo sobre as dibrices do cara pela ruas cariocas. Com o PH era assim, ela sabia de tudo, mas sempre e só de temas interessantes. Quando encontrava um interlocutor, não perdia a oportunidade e colocava pra fora tudo - e mais um pouco - sobre tudo o que tinha até então guardado dentro de sua cabeça. Naquele dia foi assim e mais um pouco. Eu conhecia algo sobre o personagem, tema de nossa conversa, havia terminado de ler um livro sobre sua história, estava com tudo ainda fresquinho na memória, mas PH me acrescentou muito, algo mais das ruas e do momento vivido pelo Roniquito. Foi dessas conversas quase que únicas.
Ele era assim. Numa outra feita o encontro na Feira do Rolo e naquele domingo tinha um show 11h da manhã no SESC, com o cantor paulistano Passoca. Eu ia só e quando lhe falei, ele pediu para ir junto. Foi ótimo, éramos umas vinte pessoas no show e o melhor de tudo foi o papo com o cantor no final. Rendeu uma longa conversa e por fim, interrompida, pois vieram buscar Passoca, que tinha que ir com sua equipe para almoçar pela aí. PH era e sempre foi assim. teria muitas histórias para contar dele, todas assim desta forma e jeito. Umerudito no que gostava. E uma pessoa fora do comum. Todos que o conhecem tem histórias com ele. As minhas são café pequeno perto das vivenciadas pelo José Vinagre, Sivaldo Camargo e todos os que conviveram com ele desde as áureas épocas do Cine Clube. Vou me lembrar eternamente de PH.
Li o que o Marcos Paulo Resende, o Marcão escreveu dele e me enviou. Publicoabaixo, pois complemente em muito o que escrevi acima:
Amigo PH
Meus caros, preparava para compartilhar mais um texto no início da manhã desta quinta-feira, quando li no começo da noite passada no site do JCnet a triste notícia do falecimento do amigo, e que era também amigo de muitos colegas aqui que compartilharam do prazer de sua amizade... o querido Paulo Henrique Pereira, o PH.
O conheci no começo dos anos 90, ele era frequentador, assim como eu, de lojas de discos, devorávamos coleções de Rock n' Roll o que sempre virava motivo de longas histórias.
PH era o cara mais cinéfilo que conheci e igualmente um apaixonado pelo Rock n' Roll, muito do que me foi apresentado sobre cinema veio do PH, que era membro das antigas do Cineclube de Bauru. Lembro que em 2005, foi responsável por reativar o Cineclube exibindo nas noites de segunda-feira no antigo Automóvel Clube sessões de filmes 'Cult'. Naquela época o PH já atuava como servidor público da Secretaria Municipal de Cultura, era muito querido por todos os servidores e teve trabalhos destacados na Gibiteca e também no Museu Ferroviário. Lembro com carinho quando em 2004 fizemos no Museu Ferroviário uma exibição de um documentário sobre o Che Guevara.
Era conhecedor da cena punk e do underground de Nova York dos anos 70, lembro o quanto eu vibrava ao ouvir suas histórias toda essa cena cultural subversiva de uma geração.
PH era o meu concorrente no quesito "cara que mais fala", pois assim como eu, adorava longos papos, emendava uma história atrás da outra, e quando o encontrava era preciso muitas horas disponíveis no dia para tanta conversa entre dois faladores natos. Lembro uma vez em que nos encontramos no estacionamento de um supermercado por volta das 5 horas da tarde, quando deu 11 horas da noite o supermercado começou a fechar e lá estávamos os dois firmes e fortes, em pé, papeando sobre histórias mil.
PH nos deixa aos 71 anos... e junto o aumento da triste sensação de 'esvaziamento', grandes amigos que se vão e ficam as mais belas e vastas lembranças de tudo o que vivido loucamente.
Obrigado por anos de bons papos e amizade, PH!!
... and in the end... it's only Rock n' Roll!!
Camarada Insurgente Marcos The Rocker
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