quinta-feira, 2 de novembro de 2023

CENA BAURUENSE (243)


DOIS TEXTOS COM A CARA DE BAURU E CENAS SACADAS DE ANDANÇAS

DRAPETOMIANIA BAURUENSE 
Confesso não conhecia o termo, até o encontrar num texto de Rita Von Hunty, a persona drag do ator Guilherme Terrini. Posso até já ter ligo algo no passado, mas a mente já não alcança quando. O fato é que, li e encontrei algo o misturando com a Bauru de hoje, uma que, creio, padeça deste mal, mais precisamente entre a maioriados vereadores da atual Câmara dos Vereadores desta cidade totalmente Sem Limites. A drapetomiania é algo inventado nos idos de 1851, na Lousiana, por Samuel A. Cartwright, cujo diagnóstico caracterizava como doentes as pessoas escravizadas que tentavam fugir dessa condição. Em Bauru, tudo bem, ocorre algo mais do que surreal, dentre os nobres edis municipais. Algo exatamente ao contrário, ou quando muito, em outra dimensão, vertente. Vereadores bauruenses, em sua maioria, padecem de um mal - ainda não se sabe existir cura -, o de terem sido cooptados e dominados em suas ações, quase que letargicamente, enxergando assim de uma hora para outra tudo de bom na administração deste atual desGoverno capitaneado por Suéllen Rosim. Ainda sem explicação como ocorreu tamanha aproximação e identificação. Quando alguns ainda com a razão no seu devido lugar tentam demovê-los, fazendo-os enxergar o óbvio, estes se revoltam, surtam e acusam estes de contaminados, quando na verdade, o que ocorre é exatamente o contrário. Creio eu, ser uma espécie ainda não identificada de Drapetomiania ao contrário.

CENA 01 - Em 23/09/2023 publiquei: "Em foto de Robison Oliveira, eis o melhor ângulo, neste começo de primavera, mesmo com todo calor do momento, na avenida Moussa Tobias, subindo pro PVA".

CENA 02 - Em 25/09/2023 publiquei: "Rua Monsenhor Claro, quatro 4, casa que sempre me chamou muito a atenção, creio eu pelos lindos recortes na área frontal".

CENA 03 - Em 26/09/2023 publiquei: O colégio mudou de nome, mas para a maioria dos bauruenses, ele continuará ad eternum denominado como Colégio La Salle, na rua Inconfidência, defronte unidade do Poupatempo, ao lado paróquia católica de Aparecida".

CENA 04 - Em 27/09/2023 publiquei: "Essa é a casa onde residia os superintendentes da Rede, os chefões da ferrovia, gente como o general Gorreta e sua esposa, que dizem era quem mandava de fato nos quadriláteros da pomposa casa, localizada na esquina da rua Primeiro de Agosto com a Nóbile de Piero, hoje sede da Edipro, a editora de livros do dono da Jalovi, o Jair Lott Vieira e seu escritório. Local de muitas histórias de poder, todas envolvendo os tempos áureos da ferrovia".

CENA 05 - Em 28/09/2023 publiquei: "Todo dia, no mesmo horário, 7h da manhã, o ônibus encosta naquela quadra da Nações, onde antes foi um posto de combustível e leva todos para o serviço diário. A cena se repete de segunda a sábado, faça sol ou chuva".

CENA 06 - Em 29/09/2023 publiquei: "Nessa foto do Social Bauru, visão aérea do Bosque da Comunidade, nos Altos da Cidade, reduto verde incrustado no coração desta cidade".

CENA 07 - Em 30/09/2023 publiquei: "Depois de anos fechada, tendo portas e janelas lacradas, paredes ruindo, ameaçando desabar sobre transeuntes, o antes ponto comercial na esquina da rua Araújo Leite com Júlio Prestes, após litígio longo de herdeiros, finalmente tem início sua demolição e em breve um terreno vazio".

CENA 08 - Em 02/10/2023 publiquei: "Rua defronte o Fórum bauruense, localizado logo na entrada do jardim Bela Vista. A foto é do Mauro Landolffi".

CENA 09 - Em 03/10/2023 publiquei: "Adentrando a rua Araújo Leite, sentido bairro centro, defronte praça Washington Luiz, a da igreja Aparecida".

CENA 10 - Em 04/10/2023 publiquei: "Nesta esquina, ruas Araújo Leite com Presidente Kenedy, funcionou por muitas décadas a concessionária Chevrolet, Martins Machado e depois, quando fecharam, sempre outras concessionárias. O estilo do prédio marcou época".

A PERIFERIA CONQUISTA O CENTRO?
Toda vez que me ponho a circular pela periferia, tento entendê-la, mesmo que ao meu modo e jeito. Eu sou um periférico assumido, mesmo hoje morando na Zona Sul, por esses descaminhos proporcionados pela vida. Não tiro os pés de onde vim. Hoje mesmo, li algo no diário Página 12, um que ainda leio, argentino e com o tradutor ligado, viajo diariamente por leituras onde a periferia é retratada, entendida e segue sendo guia para uma vida toda. Lá, algo assim, “em algum momento a periferia conquista o centro”. Penso a respeito. Sim, a construção da identidade se desenvolve a partir das tensões entre centro e periferia. A periferia é obrigada a conhecer a si mesma e também o centro, portanto, aí se desencadeiam lago do choque, do insólito encontro, porque o centro não precisa conhecer a periferia, não a odeia porque nem sequer a leva em conta. O centro, a Zona Sul, vive no seu mundinho fechado, castrador e para estes, único. O mais existe para lhes servir, nada mais. Já, a periferia vive o seu mundo e é obrigado a conviver com o mundo do centro. Vem trabalhar neste e o observa. Outro eixo importante é a eterna dicotomia entre civilização e barbárie, as negociações típicas que acontecem – por exemplo – em território suburbano. A lógica temperada raciocina mais ou menos assim: no Brasil todos sabem que o chefe do Governo da Cidade do Rio de Janeiro é Eduardo Paes, mas nos Estados Unidos ninguém sabe disso, não precisam disso; porém, nestas terras todos sabemos quem é Bruce Willis, Scarlett Johansson ou Harrison Ford, embora quase ninguém saiba o nome da parteira que o trouxe ao mundo. Somos o que a vida fez de nós. Eu viajo nessa linha de pensamento e em algum momento, sem ter certeza de nada, creio que, as assimetrias culturais se rompem e algo da periferia conquista o centro. Eu consigo enxergar isso, mesmo que eles não queiram.

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