domingo, 7 de janeiro de 2024

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (224)


EU GOSTO DE CONTAR HISTÓRIAS

1.) GENTILEZA GERA GENTILEZA NA ENTRADA DO ART INSTITUT OF CHICAGO

Fomos ontem visitar este museu. Frio intenso, neve caindo, temperatura abaixo de zero e abertura para não membros, só a partir das 11h. Chegamos cedo e não tínhamos como nos abrigar. Faltavam 20 minutos para as portas se abrirem. Tentamos duas vezes, neve caindo e o senhor da portaria, baita "negão", ao estilo da homenagem feita no título de um CD, por Virginia Rosa, ao assim intitulando Monsueto. O tempo não passava e ele, ossos do ofício, bravo espadachim a seguir ordens. Ele, vendo nossa situação nos chama e fala meio que ao pé do ouvido.Diz para entrarmos e não ficar no hall, indo direto se abrigar na lojinha. Agradecemos e nos bandeamos para dentro. Ufa, lá dentro a temperatura era bem outra.

Permanecemos lá dentro do museu bem umas três horas e na saída, entramos numa longa fila para retirar mochila e casacos. Tudo iria demorar pra dedéu, porém algo aconteceu. Quem surge do nada diante de nós foi o "baita negão", sorrindo e pede para segui-lo. Fomos e ele, todo desengonçado, entrega nossos pertences, derruba tudo no chão, rimos todos da situação e, por fim ele dá uma sonora piscada e gargalhada para o excêntrico casal interracial, algo pouco comum nos EUA. Foi como tívessemos recebido um baita abraço ali no meio da multidão.

Pois bem, hoje, domingo voltamos ali nas imediações, dia frio mas sem neve e fomos perambular pela praça Milleniun, ver de perto a famosa obra da escultura do the bean, o feijão. Na hora de partir, escolhemos pegar um uber bem defronte a entrada do Art Institut. Quem estava lá de prontidão no alto da escadaria? Exato, o "baita negão". Quando nos viu, Ana indisfarçável com seu casaco vermelho, ele nos reconheceu e disse: "Ei casal, vocês aqui de novo?". Pronto, temos já um conhecido em Chicago. Ele nos acenava e sorria, como fossemos velhos cúmplices. Na chegada do uber, Ana grita algo para ele e, com seu malemolente jeito, abre aquele baita sorriso, nos acena e assim nos despedimos. Tá dando vontade de voltar lá só para o baita abraço de despedida. O cara é a simpatia em pessoa e mal sabemos seu nome.

2.) DICA DO RODRIGO ANGERAMI E VAMOS AO BLUE CHICAGO
Não podia ser melhor a dica. O bauruense Rodrigo Angerami viu um dos meus posts, o de estar por estes dias em Chicago, me passa fotos e o link de certeira dica, nos indicando um lugar por onde já havia estado tempos atrás, o Blue Chicago. Eu e Ana Bia conferimos e nos encantamos. Deixamos a ida para a última noite na cidade. Assim se deu, hoje, domingo, 20h, quando a casa estava abrindo, já nos encontravámos na porta, sendo os primeiros a adentrá-la.

As duas primeiras fotos aqui postadas pelo Rodrigo, filho dos queridos Tuga e Shalimar Angerami, são dele e numa delas, ao lado do simpático porteiro da casa noturna. Seu nome, Lorenzo e por seu intermédio e do cantor do grupo se apresentando, tomamos conhecimento ser dele e do barman a iniciativa de manter aquele espaço funcionando, preservando a chama acesa e viva do blues. O bar é realmente um bar, pois não serve nenhuma comida, somente bebida e tem como chamarisco a música, sempre com grupos locais e estes trazendo convidados especiais.

Diferente de ouras casas noturnas nos EUA, essa o grupo musical adentra o palco às 20h e a casa fecha 2h da manhã, com alguns intervalos. Em outras que estivemos, um grupo toca por uma hora e se a pessoa quiser continuar assistindo, paga novamente. Nesta nãpo, o valor do couvert é de meros $ 6 dólares, bem abaixo da média no país e paga somente o que consumir na casa. Ou seja, uma casa mais do que diferenciada e existindo para em primeiro lugar, difundir o blues. Lorenzo é um baita senhor, sorridente e quando lhe mostro a foto onde está ao lado do Rodrigo, abre um sorriso e tenta se lembrar de quando foi tirada.

A casa é muito simples, isso em relação aos seus vizinhos, pontos chiques e cheios de pompa. Numa esquina próxima um imenso Hard Rock e noutra uma churrascaria brasileira, Fogo de Chão, além de um Mc Donald's ocupando meia quadra. Blue Chicago deve ter uns quatro metros de frente, fachada em néon e dentro, nada tão moderno, móveis antigos e o que se sobressai mesmo é o conteúdo, a intenção e o resultado da proposta. Creio eu, quem adentra, sai de lá encantado, assim como eu e Ana Bia. Nesta noite fomos agraciados com o grupo BTS Express, com quatro batutas no quesito blues e uma cantora clássica do blues, Shirley Johnson, próxima dos 80 anos e arrasando no palco.

Tudo foi tão encantador que, não consegui sair do lugar sem comprar uma camiseta com estampa do bar e alguns cartões postais. Eu com meu pífio inglês, fiquei na dependência de Ana ir me traduzindo as conversas com Lorenzo e com os músicos, principalmente a cantora, a quem lasquei um baita beijo na face, pois me encontrava num estado de hipnose. Foi uma noite e tanto, a que gastamos menos e a que mais nos divertimos na cidade. Tudo indescrítivel. Só para se ter uma ideia, saímos da casa por volta da meia noite, pois viajamos cedo, deixando para trás duas horas de som que ainda aconteceria. A casa nã oestava cheia, mas no exato momento em que pegávamos o uber que nos deixaria no hotel, entravam porta adentro, um grupo de seis pessoas, ou seja, a noite por lá é um criança.

De tudo, só temos a agradecer ao querido Rodrigo Angerami pela bela dica. Se nossa noite foi fantástica isso se deve a ele. Quando vi seu comentário, recheado de fotos no meu post, ele caiu como uma luva, pois estávamos à procura de algo assim e o encontramos justamente por indicação de alguém de nossa terra, Bauru. Aqui no hotel onde nos encontramos, perguntamos sobre dicas para música e nada de proveitoso, além das pesquisas pelo google não terem nos indicado nada tão sugestivo, enfim, estamos no começo do ano e a maioria das casas noturnas ainda em estado de dormência. Por sorte, o Blue Chicago estava aberto e agora, mais uma história para contarmos pela aí pro resto de nossas vidas.

3.) COLUMBO
Aqui na TV do hotel revejo a série com o detetive Columbo, que creio eu, assisti no Brasil décadas atrás - bota décadas nisso. No Brasil, sempre fomos invadidos por tudo o que ia sendo feito por aqui. Até gostava do jeito provocativo do intrépito e invocado baixinho, com aquela peculiar capa e os olhos meio vesgos. Despejaram de tudo nos nossos costados. Columbo deve ter sido um dos males menores. Hoje, olhandoi para trás e também para o que acontece no presente, com essa imensidão de séries policiais passando na TV brasileira, creio eu, daria até para formatar uma tese acadêmica dessa eterna dependência, que num primeiro momento ocorre até para preencher espaço vago com algo mais barato do que produzir uma série com a nossa cara e identidade, mas tem também dessa invasão, dessa submissão e aceitação quase incontinenti de tudo o que chega aqui do degrau de cima. Séries como essa - e tantas outras - não tem nadica de nada a ver com a nossas realidade e cultura, mas estiveram nos nossos televisores e marcaram forte presença, tanto que, ao ver o personagem na telinha, passou um filme pela minha cabeça e fiquei a me lembrar do quanto admirava a postura diferenciada do tal detetive. E foram tantos ao longo dos anos...

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