terça-feira, 5 de novembro de 2024

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (199)


RENATO PURINI, O DAE, LIMINAR, MULTA, REVOGAÇÃO, FUNCIONÁRIO FANTASMA E ATÉ AUXÍLIO EMERGENCIAL - O CONJUNTO DA OBRA
Tem coisas que só acontece em Bauru. Talvez exagere, mas é que aqui acontece de tudo e dentro deste parâmetro, nada mais surpreende.

Semana passada teve uma ocorrência a merecer destaque e falatório. O cara foi presidente da autarquia, a que um dia foi considerada a Jóia da Coroa, nosso ainda em pé, DAE - Departamento de Água e Esgoto -, sendo obrigado a deixar o cargo por imposição da Justiça, aquela que dizem, tarda mais não falha.

Seu nome está sempre nas paradas de sucesso pela aí, mas não do lado dito e visto como aprazível, desejável, competente, justo e sim, dos problemáticos e a constranger e causar rubor quando comentados com olhar clínico. Renato Purini foi vereador e no mandato de Suéllen Rosim, após retornar de trabalhos pelos lados do Paraguai, numa atuação, dizem, como empresário não bem sucedido, era suplente. Foi chamado para ocupar a vereança num momento claudicante, quando a alcaide, dita por mim como IncomPrefeita, precisava de alguérm com pulso firme para comandar o batalhão de choque propenso a privatizar a água, DAE e endividar o erário com um astronômico valor de 3,5 bilhões, para terminar sua ETE - Estação de Tratamento de Esgoto. O vereador eleito, pelo visto, não possuia o cabedal de comandar a coisa como a alcaide pensava precisava ser feito. Chamou o danado do Purini, ele chegou, assumiu a pinimba, fez e aconteceu, aprovaram o que queriam e logo a seguir, deixa a função.

Na sequência, estava numa secretária com menos holofotes e foi convidado para assumir o DAE. Por lá, até então, um bonachão, sujeito boa pinta, Leandro Joaquim, com outra pegada política. Vejo no convite, algo idêntico ao ocorrido quando foi convidado para assumir a vereança e levar a cabo uma missão. Nem todos aceitam missões onde podem sair chamuscados. Purini aceita numa boa. Leandro não foi descartado, mas deslocado para algo como a que se encontrava Purini, com menos holofotes. Lá se encontra e em seu lugar, assume Purini. A cidade inteira sabe que, a privatização do DAE será penosa, dolorosa e trará problemas de toda ordem. O pau deve comer e Leandro, com seu tipo ameno não seria o ideal para o momento.

Tudo acomodado, Leandro, que percebo gosta demais do DAE e assim sendo, teria problemas mil de consciência se continuasse na função e tivesse que tomar atitudes contra, por exemplo, o quadro de funcionários do DAE, servidores valorosos, lutadores e cientes de que, a autarquia não merece estar vivendo o que lhe impuseram. Renato assume e pelo que ouço, o clima entre o quadro de funcionário é outro. Com Leandro uma coisa, com Purini outro. O serviço a ele impingido começava a tomar corpo, ser implantado, quando numa decisão judicial, o presidente foi convidado a se retirar.

Ele tinha nos seus costados uma multa judicial de elevado valor, algo perto der 1 milhão de reais. Vinha protelando, postergando e tentando se safar de pagá-la, mas chegou uma hora em que não deu mais. A condenação é antiga, idos de 2004, ainda quando exercia o primeiro mandato legislativo. Foi mais um caso conturbado em sua vida, quando contratou uma asseddora para trabalhar junto dele e quem, na verdade, exercia a função era seu pai. Denunciado na época, o negócio rolou com o tempo ladeira abaixo e quando todos acreditavam já ser caso superado, voltou à tona e ele foi condenado. Recorreu, perdeu e chegou o momento de pagar o que devia, ou seja, ressarcir os cofres públicos. Ele tenta um acordo, mas a Justiça usa exatamente isso para decretar que o pagamento teria que ser feito à vista, pois o prazo para recorrer já estava mais do que esgotado.

A situação se complica, agora estava afastado e pela frente o boleto vencido. A alcaide não queria afastá-lo, mas teve que fazê-lo. Fez e ele, assim num vapt-vupt, meio que instantâneamente paga tudo sem vacilar. Dizem que, pagou por ter a promessa e esperança de assim poder voltar à presidência do DAE. No meio disso tudo teve a ação movida pelo sindicato do servidores municipais, o Simserm, alegando não ser ele apto para o exercício da função, pois nunca teve curso superior, algo necessário para o seu pleno exercício. O sindicato foi além, dizendo na argumentação do afastamento, ser ele também impróprio pelo motivo da falta de idoneidade, usando a condenação por improbidade. Um imbróglio dos mais embaraçantes.

Hoje, pelo que se ouve e se sabe, Purini pagou o que devia. Estranham ele ter tentado parcelar tudo a perder de vista e diante da possibilidade de poder voltar ao DAE, paga e assim se apresenta como habilitado. Evidente que, nem todos pensam assim e por fim, um último agravante, este também mais um dos problemas de percurso dentro da trajetória política do dito cujo. O TCU - Tribunal de Contas da União -, disponibilizou tempos atrás uma lista com os nomes de todos os candidatos, eleições passadas, que se utilizaram do Auxílio Emergencial. Tudo pode ser facilmente encontrado no site a seguir: https://www.jidc.com.br/noticias/2020/11/tcu-disponibiliza-lista-de-candidatos-as-eleicoes-de-2020-que-receberam-auxilio-emergencial. Lá está com todas as letras e números, Renato Celso Bonomo Purini, filho do ex-deputado paulista Roberto Purini, recebendo o Auxílio, no valor de R$ 600 reais.

Eu tento compreender os motivos pelos quais a alcaide quer reconduzí-lo à presidência, mas na somatória dos pontos, Purini se mostra realmente sem condições de exercer a presidência do DAE. A decisão será dela e terá pela frente isso tudo aqui relatado. Ele por si só, deveria abrir mão e se afastar, se utilizando deste momento como algo contemplativo e de revisão de valores, para depois de muito frequentar confessionários e genuflexórios, um dia querer voltar para o exercício de cargos públicos. Essa do Auxílio Emergencial, esquecido por muitos neste momento, não pode passar batido. Tem que ser juntado aos autos. A alcaide, que sabemos, já tem problemas a dar com pau, comprará essa briga se quiser e querendo, pagará todos os ônus dele decorrente. Essa a questão, volta ou não volta. Pelo que sei, o Simserm já se pronunciou e continuará ajuizando ações no sentido de impedir o referido retorno e desde já lançando uma campanha pública, para buscar um Presidente com "P" maiúsculo para elevá-lo ao cargo mais importante dentro do segundo mandato de Suéllen Rosim. Mas como, sabe-se, ela gosta mesmo de sarna pra coçar, daí tudo é possível.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

BAURU POR AÍ (233)


VOCÊ QUE CONHECEU A ANTIGA RÁDIO JOVEM AURIVERDE, VEJA NO QUE ELA SE TRANSFORMOU - NÃO DÁ MAIS PARA TAPAR O SOL COM A PENEIRA

1.) TODOS PRECISAM SABER: ESTÁ FINCADO EM BAURU O REDUTO MAIS RADICAL DA ULTRADIREITA BOLSONARISTA, A RÁDIO JOVEM AURIVERDE, SOB O COMANDO DE ALEXANDRE PITTOLI
Eis o link da matéria do UOL: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/11/04/radio-auriverde-bauru-ex-jovem-pan-reduto-bolsonaro-aliados.htm?

Expulsa da Jovem Pan, rádio do interior de SP vira novo reduto de Bolsonaro, texto de Rafael Neves, do UOL:
Uma emissora de rádio de Bauru (SP), fundada há quase 70 anos, tornou-se uma das principais plataformas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados após ter sido excluída, no ano passado, da rede de afiliadas da Jovem Pan.

O que aconteceu
A rádio Auriverde Brasil fez dez entrevistas com Bolsonaro desde setembro. Foram nove no período eleitoral, incluindo quatro lives na mesma semana, e outra na última sexta (1º), na sede do PL em Brasília. O canal da rádio no YouTube tem 2 milhões de inscritos. Ex-comentaristas da Jovem Pan migraram para a Auriverde. Após ter sido desligada da rede, em outubro de 2023, a emissora de Bauru contratou Rodrigo Constantino, Alexandre Garcia e Cristina Graeml (PMB), que deixou o posto no final de junho para se candidatar à Prefeitura de Curitiba. A rádio chegou a insinuar que poderia haver fraude no 2º turno das eleições, em 27 de outubro. O diretor da Auriverde, Alexandre Pittoli, fez sugestões veladas de que as urnas favoreceriam Guilherme Boulos (PSOL) contra Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, e chamou de "incrível" e "estranho" o andamento dos números em Curitiba, na disputa em que Graeml perdeu para o prefeito eleito Eduardo Pimentel (PSD).

Nas entrevistas, Bolsonaro ataca o governo Lula (PT), se defende de acusações e mira adversários na direita. O ex-presidente vem usando a rádio para criticar o presidente e negar que tenha tentado dar um golpe ao perder as eleições de 2022. Também tem mandado recados a oponentes, como o influenciador Pablo Marçal (PRTB), e a aliados, como o pastor Silas Malafaia e o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto. A Auriverde dá espaço a influenciadores que são alvo do STF (Supremo Tribunal Federal). Em abril deste ano, a rádio entrevistou os jornalistas Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, foragidos no exterior. No mesmo mês, a emissora entrevistou Paulo Figueiredo, investigado por suspeita de apoiar uma tentativa de golpe pela cúpula do governo Bolsonaro. Diretor da emissora é próximo de Bolsonaro. O radialista esteve com o ex-presidente em maio de 2024, em Campinas (SP), em setembro, no Rio Grande do Sul, e até na posse do presidente argentino Javier Milei, em 2023. No mês passado, Bolsonaro encontrou Pittoli em São Paulo e deu a ele uma medalha de "imbrochável, imorrível e incomível", um presente que o ex-presidente costuma entregar a aliados.

A Auriverde foi procurada, mas não se manifestou. Na última quarta-feira (30), o UOL enviou perguntas à rádio via email e por meio de advogado, mas não teve resposta. Na sexta (1º), o UOL pediu uma entrevista diretamente a Pittoli, mas o diretor recusou por estar em compromissos em Brasília. Já nesta segunda-feira (4), após a publicação da reportagem, Pittoli se manifestou. Durante seu jornal matinal, ao vivo, o diretor leu respostas às cinco perguntas feitas pelo UOL, que falam sobre o rompimento com a Jovem Pan, as insinuações de fraude nas urnas e os sócios da rádio. A reportagem foi atualizada com as manifestações de Pittoli.

Diretor disse ter sido ameaçado pela Jovem Pan
A rádio Auriverde foi fundada em 1956. Durante boa parte de sua história, a emissora teve uma programação local focada em transmissões esportivas e prestação de serviços, segundo um estudo publicado em 2013 pelo Grupo Jornalismo Popular e Alternativo, da USP. Em 2017, porém, a rádio se juntou à Jovem Pan News e migrou da frequência AM para FM. Parceria com a Jovem Pan durou seis anos. A Auriverde entrou na rede em setembro de 2017, permaneceu afiliada durante todo o governo Bolsonaro e foi "expulsa" em outubro do ano passado, segundo Pittoli. Ao falar sobre o rompimento, no dia seguinte, o diretor disse que se juntou à Jovem Pan por alinhamento "em questões decisivas" para o país, mas que a emissora tinha ficado "politicamente entregue aos interesses que não são mais, há muito tempo, os interesses do Brasil". Pittoli afirmou ter sido ameaçado pela diretoria da Jovem Pan. Em uma audiência no Senado, em agosto desse ano, ele disse que foi chamado para uma reunião na sede da empresa, em São Paulo, em 5 de janeiro de 2023, três dias antes dos atos em Brasília. Pittoli disse ter sido alertado que seria preso, "entre outras coisas".

Outro motivo do rompimento foi o financiamento da rádio. Ao comentar o fim da relação com a Jovem Pan, Pittoli disse que foi advertido por ter pedido doações aos ouvintes após o YouTube decidir, em novembro de 2022, desmonetizar todos os canais da Jovem Pan. "Eu tenho um áudio aqui de um diretor da rede, me ameaçando, em especial com relação às questões envolvendo o Pix, porque o objetivo era sufocar a gente", disse Pittoli um dia após o fim do contrato. O radialista acusou a Jovem Pan de ter feito "uma espécie de acordo" para demitir comentaristas após as eleições de 2022. Pittoli afirmou aos senadores que a rádio decidiu "entregar" os jornalistas, mas não deixou claro com que autoridades esse acordo teria sido feito. Segundo ele, as demissões foram parte de uma mudança na Jovem Pan após a vitória de Lula. A Jovem Pan cobrou retratação de Pittoli. Por meio de uma notificação extrajudicial, a emissora pediu que ele retirasse o que disse sobre um "suposto acordo da Jovem Pan com o STF para a rescisão de contratos". Segundo apurou o UOL, a defesa de Pittoli respondeu que ele se referiu à pressão que a Jovem Pan teria sofrido do Ministério Público Federal, e não do Supremo. Em junho de 2023, o MPF pediu o cancelamento das outorgas de rádio da Jovem Pan, por divulgação de desinformação no período eleitoral. Procurada, a Jovem Pan não comentou as acusações e o rompimento com a Auriverde. Por meio de seus advogados, a emissora informou ao UOL que "não tem por hábito comentar contratos com antigas afiliadas" e que "não comenta contratos e distratos com seus comentaristas ou antigos comentaristas", devido às cláusulas de sigilo e confidencialidade. Auriverde afirma que a Jovem Pan nunca esclareceu o motivo do rompimento. Em nota que foi lida por Pittoli nessa segunda-feira (4), o departamento jurídico da rádio afirma que a Jovem Pan enviou à Auriverde apenas um "lacônico comunicado" informando o desligamento da rede. Nesse comunicado, segundo Pittoli, a Jovem Pan afirmou que a Auriverde havia "rompido a ordem consticucional" e enviou um link para demonstrar essa infração, mas que esse link nunca abriu.

"Qualquer pessoa que acompanha as mudanças políticas, os inquéritos do Supremo Tribunal Federal, os processos contra a Jovem Pan, o perfil que eles tinham e o que eles passaram a ter, compreende claramente que no exercício de seu direito empresarial, a Jovem Pan decidiu alterar a sua linha editorial e se livrou de quem não era alinhado com essa nova linha adotada", Nota do departamento jurídico da Rádio Auriverde, lida por Alexandre Pittoli em 04/11/24. Insinuações de fraude e campanha por voto impresso. A Auriverde faz campanha por voto impresso para as eleições de 2026. Pittoli e vários entrevistados têm defendido que as urnas emitam comprovante impresso para possibilitar recontagem dos votos, um pedido que foi rejeitado pelo Congresso em 2021. A rádio faz pressão para que o assunto seja pautado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara durante a presidência da deputada Caroline De Toni (PL-SC), que se vai se encerrar em fevereiro de 2025. A emissora lançou desconfiança sobre as urnas no dia do segundo turno das eleições municipais. Com a apuração em andamento, Pittoli disse sentir um "cheiro" de favorecimento a nomes ligados ao "50", número de urna do PSOL, e "55", do PSD. A menção aos números foi feita por meio de mímicas, já que, segundo Pittoli, era preciso "pisar em ovos" e "cifrar algumas mensagens". Os comentaristas trataram o PSD como "inimigo" por liderar o "sistema", ou seja, os adversários do bolsonarismo. A transmissão levantou suspeitas sobre o avanço dos números em Curitiba. Com 11% das urnas apuradas, Pittoli questionou o fato de que Pimentel se mantinha na faixa de 56% dos votos válidos, contra 43% de Graeml. "Incrível, hein? Abre com um percentual e não muda?", disse o radialista. O resultado na cidade foi 57,64% para o candidato do PSD e 42,36% para a rival. Em São Paulo, a desconfiança foi motivada pela demora na apuração. Na cidade, a divulgação dos resultados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começou às 17h27, quase meia hora após o fechamento das urnas. Pittoli disse sentir "um cheiro" em relação ao resultado.

Não houve, até hoje, nenhuma prova de fraude nas urnas eletrônicas. Desde o pleito de 2022, o UOL desmentiu uma série de notícias falsas que apontavam indícios de manipulação dos resultados eleitorais. Aurivede afirma que comentaristas trataram de "situações incomuns" e expuseram dúvidas. Na nota lida por Pittoli, o departamento jurídico da emissora afirma que "não se pode mais dialogar sobre tal assunto no país", no caso, o sistema eleitoral. "Os comentários e os contextos em que [os comentários sobre as urnas] ocorrem permitem (parece que ainda é permitido no Brasil de 2024) perceber situações incomuns e expor dúvidas. Mas está público e notório que não se pode mais dialogar sobre tal assunto no país. E há dezenas de exemplos de problemas enfrentados por diferentes profissionais, de diferentes áreas. Assim, ter dúvidas (ainda) é admissível", Nota do departamento jurídico da Rádio Auriverde.

2.) CONHEÇA DE FATO O QUE FAZ, COMO AGE A RÁDIO QUE UM DIA BAURU APRENDEU A OUVIR, MAS HOJE, VIROU CASO DE POLÍCIA
Rádio entrevista Bolsonaro 10 vezes em dois meses e vira a voz da extrema-direita. 
Eis o link da matéria do DCM: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/radio-entrevista-bolsonaro-10-vezes-em-dois-meses-e-vira-a-voz-da-extrema-direita/

Uma rádio de Bauru, no interior de São Paulo, tornou-se um importante espaço para as vozes bolsonaristas, após o rompimento com a rede Jovem Pan. Fundada há quase 70 anos, a Rádio Auriverde Brasil entrevistou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dez vezes desde setembro de 2024, consolidando-se como uma plataforma para ele e seus aliados. A ruptura com a Jovem Pan, segundo Alexandre Pittoli, diretor da rádio, foi motivada por pressões financeiras e políticas. A rádio havia se afiliado à rede em 2017, mas em outubro de 2023, teve a parceria encerrada abruptamente, o que Pittoli descreveu como uma “expulsão”. Em depoimento no Senado, ele afirmou que foi convocado para uma reunião na sede da Jovem Pan, em São Paulo, em janeiro de 2023, onde foi alertado de possíveis consequências legais. Segundo Pittoli, a rádio foi ameaçada por solicitar doações aos ouvintes via Pix após a desmonetização dos canais da Jovem Pan no YouTube em 2022. “Eu tenho um áudio de um diretor da rede, me ameaçando, em especial com relação às questões envolvendo o Pix, porque o objetivo era sufocar a gente”, declarou.

Além das dificuldades financeiras, a rádio Auriverde enfrentou tensões ideológicas na Jovem Pan, que, conforme o diretor da rádio no interior, teria feito “uma espécie de acordo” para demitir comentaristas após a vitória de Lula nas eleições de 2022. Pittoli afirmou que a emissora “entregou” jornalistas que divergiam do posicionamento da nova administração. Segundo o Uol, a Jovem Pan respondeu a essas alegações com uma notificação extrajudicial, exigindo retratação sobre o suposto acordo com o STF para as demissões. De acordo com a defesa do diretor da Auriverde, ele se referiu à pressão do Ministério Público Federal e não diretamente ao Supremo. 
Após o desligamento da Jovem Pan, a Auriverde passou a transmitir entrevistas com figuras que antes foram escanteadas pela rádio paulistana, incluindo jornalistas investigados e foragidos no exterior, como Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, e o comentarista Paulo Figueiredo, ligado ao bolsonarismo.

Durante as entrevistas, Bolsonaro e seus aliados utilizaram a plataforma para atacar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e lançar críticas a adversários na direita. O ex-presidente também negou qualquer tentativa de golpe ao final das eleições de 2022, usando a rádio para rebater acusações e defender sua posição. Pittoli acompanhou Bolsonaro em eventos como a posse do presidente argentino Javier Milei em 2023 e recentemente recebeu do líder da extrema-direita no Brasil a “Medalha 3 Ms”, com a descrição “imbrochável, imorrível e incomível”, em reconhecimento à sua lealdade. Em transmissão durante o segundo turno das eleições municipais, a rádio voltou a levantar suspeitas sobre a integridade das urnas eletrônicas. Pittoli sugeriu, sem evidências, que os resultados poderiam favorecer candidatos do PSOL e PSD em São Paulo e Curitiba. “Incrível, hein? Abre com um percentual e não muda?”, questionou, ao observar a contagem de votos na capital paranaense. Atualmente, a Auriverde faz campanha pela adoção do voto impresso, para que as urnas emitam comprovantes físicos que permitam uma recontagem, proposta já rejeitada pelo Congresso em 2021. A rádio utiliza seu espaço para pressionar pela discussão do tema na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, presidida pela deputada Caroline De Toni (PL-SC) até fevereiro de 2025.

domingo, 3 de novembro de 2024

PERGUNTAR NÃO OFENDE (215)


PASSANDO PANO
"As imagens divulgadas são claras. Os PMs invadem o velório de uma das vítimas de um alegado tiroteio. Provocam um tumulto e agridem pessoas. Para qualquer outro mortal, isto equivaleria a uma prova irrefutável. Mas policiais violentos são apenas "afastados". Não estão presos e continuam recebendo do estado até um futuro "julgamento" do qual, provavelmente, sairão inocentados. É assim. Sempre foi assim e, ao que parece, sempre será assim. Das mortes, em si, nem falo mais. Viraram rotina. É sempre a mesma história: reagiram. Provas? Nenhuma, porque até armas frias a PM tem para forjar um tiroteio. E a resistência em usar câmeras durante as ações é um forte indício - só indício? - de que não querem registrar o que ocorre nessas ocasiões.", jornalista Ricardo De Callis Pesce.

MINORIA PEDE ANISTIA AOS GOLPITAS NAS ESQUINAS DE BAURU - QUEM SÃO E O QUE QUEREM?
Eu já tinha ouvido falar que eles estavam pela aí e vez ou outra saiam pelas esquinas bradando algo a favor dos golpistas e pedindo para os justamente condenados, a anistia. Descarados. Hoje cruzei com eles ali nos altos das Nações Unidas e num primeiro momento, o susto, era verdade, eles existem. Paro o carro e fico a observá-los. Creio tratar-se de uma família, talvez a da bauruense hoje foragida e residindo nas cercanias de Buenos Aires, sujeita a ser extraditada a qualquer momento e voltar para cumprir sua pena.

Enfim, que pena foram essas e por que pedem anistia? Na verdade, são todos criminosos e com pena alta nos costados. Encorajados pelo capiroto, pregaram o golpe e tentaram o executar, com requinte de muita crueldade, pois destruiram parte do Congresso e do STF. O quebra quebra foi filmado por eles mesmos, bestiais, acreditando no que lhe enfiaram cabeça adentro, a de sendo conquistada a vitória, seriam considerados heróis, impunes por tudo o que viesse a fazer. Foram lá e fizeram, ato de barbárie, crime latente, exposto, prova inconteste do explícito delito. Quem lhe apoiou para a baderna e o quebra quebra, retirou o apoio, pois a coisa ficou feia, o resultado não foi alcançado e assim sendo, o mínimo seria quem fez a besteira ter que pagar pelo crime executado. Isso foi feito, a maioria julgada e condenados.

E por que anistia? Isso é o mesmo que pedir pro cara que matou seu filho, que fez aquilo movido por inspiração positiva. Foi tudo criminoso e assim foram julgados e condenados. Hoje, uma família, pois assim os vi, estavam numa esquina das Nações clamando por anistia, a mesma ladainha do criminoso Bolsonaro, mas isso não cola. Bolsonaro, mais dia menos dia, vai ter que pagar pelos seus crimes e em cana dura. Estes condenados, mais dia menos dia, hoje foragidos, passam longe de serem presos/foragidos políticos. São, na verdade, bandidos, insuflados por outro bandido e querendo executar um crime contra a tal da democracia.

Paro na esquina e diante de uns boçais buzinando para eles, grito em alto e bom som: "Anistia uma ova, são todos criminosos e precisam voltar pra cadeia". Um dos caras lá, filmando tudo, para depois se vangloriarem pelas redes sociais, deve ter me fotografado, o que não me intimidou, pois dei a volta no quarteirão e gritei mais: "São bandidos, cadeia neles e não anistia".

Encontro neste retorno uma amiga passando por ali e ela me chama a atenção para algo: "Não se apoquente com estes, são muito poucos, mesmo Bauru tendo ainda infinidade de gente a defender o indefensável, o criminoso e o crime. Mas não aglutinam mais a quantidade de gente de antes, pois no mínimo, a maioria deve ter vergonha na cara e perceber a furada onde estão se metendo com esse discursinho cerca lourenço. Respeito qualquer tipo de protesto, mas repudio este, pois é muito fora da casinha isso de ficar fazendo apologia para algo mais que condenável, como se existisse justiça em perdoar quem fez aquela besteirada de tentar um golpe e destruir Brasília. Hoje tudo o que fazem soa ridículo, algo como uma pregação ao vento, pois a anistia não vai acontecer e o que deve e pode acontecer é Bolsonaro acabar preso como mentor da bazófia toda". Ela está certa e uma canhestra Bauru, como não poderia deixar de ser, se mostra ao lado destes, continuar na contramão de vermos e termos um país soberano. O pastelão hoje mostrou sua face numa esquina das Nações e merecem serem vaiados e ironizados, pois representam o atraso, a perversidade e um país onde estaríamos, não só quebrados, mas isolados e tendo a violência como forma de governar e também eliminar seus adversários. Superamos isso, mesmo que temporariamente e estamos num momento, onde repudiar a ação dos proponentes do atraso é algo que todos deveriam estar envolvidos. CADEIA PROS GOLPISTAS!

JOSÉ GENOÍNO EM BAURU NA TV PREVE/DIÁRIO DO BRASIL, ENTREVISTADO PELO JORNALISTA JOSÉ EDUARDO AMANTINI
José Genoíno, ex-deputado federal, um dos fundadores do PT e sobreviventes do Golpe Militar de 1964, esteve na Unesp Bauru na manhã desta quarta-feira.
Eis o link da entrevista que foi ao ar: 

UMA CONVERSA COM MÁRCIA NURIAH SOBRE AS VAGAS DE ESTACIONAMENTO NA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
Uma delícia ouvir opiniões divergentes das que normalmente se propagam pela cidade. Na mídia nativa uma grita contra o proposto pela Emdurb, numa repaginada na avenida Nossa Senhora de Fátima, jardim América, principalmente pelos comerciantes, pois estes perderão vagas de estacionamento defronte seus estabelecimentos. A avenida, cada vez mais movimentada e se transformando numa via de passagem rápida, daí entendível as vagas serem suprimidas, para melhorar o fluxo de veículos. Isso uma coisa, outra, o comerciante a reclamar, dizendo que, se o cliente não tiver como estacionar defronte seu estabelecimento, suas vendas cairão. E nem os de entrega terão permissão para parar, algo que pode ocorrer fora do horário comercial.

Este o imblóglio. Também achei um tanto exagerada a reclamação e pensando nisso, pura coincidência, recebo em casa a visita de Márcia Nuriah, nossa eterna bailarina - tipo exportação -, hoje residente da Holanda e terminando seu período de férias na cidade, onde neste ano estendeu o período de sua permanência, devido operações ortodônticas, que a impediram de voar. Isso ela fará amanhã, segunda, 04/11, no retorno para sua casa do outro lado do Atlântico.

Hoje quando disse que viria papear aqui em casa, primeiro a surpresa. Ela anda a pé e muito, costume adquirido onde mora. Eu me propus ir buscá-la e ela saindo de uma aula de balé, numa academia atrás do Bauru Shopping, quase 1km de distância, disse que, percursos assim tão próximos, ela normalmente o faz andando. Disse que, aqui no Brasil, a maioria das pessoas - principalmente da Zona Sul -, não andam isso de jeito nenhum e quando sem automóvel, chamam um Uber. Andar mesmo, muito pouco, tem até vergonha de fazê-lo.

Ela ri, conta histórias de como andam muito na Holanda e por toda Europa. "Pra que tem que me buscar, num trecho tão curto? É até um abuso", diz. Na prosa surge o assunto do suprimento do estacionamento de veículos na avenida do Jardim América e ela segue na mesma toada: "Henrique, isso de andar serve para tudo. Por aqui, pelo que vejo, o comerciante quer que parem bem defronte sua porta. A alegação é a de que o cliente não anda. De onde venho, andamos muito e parar o carro longe, ir andando é algo normal. Lá em Amsterdam, onde é proibido veículos particulares em sua zona central, parar longe e ir andando é o normal e não o contrário. Aqui no Brasil, tem uma inversão de valores".

Uma delícia ouvir isso e ver da acomodação local e de onde chegaremos com tanta comodidade. Diante dela, nenhuma possibilidade de mudança nos procedimentos, mesmo que estes tragam melhoria para muito mais pessoas. Conversar com a Nuriah é sempre um prazer, pois ela tem uma rara percepção de tudo à sua volta. Vive na Holanda há décadas e quando lhe pergunto sobre a colônia de brasileiros por lá, outra surpresa: "O brasileiro que mora há muito tempo na Europa tem um certo cuidado no relacionamento com quem chega neste momento, pois na maioria das vezes é gente muito conservadora, bolsonaristas mesmo. Tem gente que não dá nem para dialogar, quanto mais se relacionar, daí, a colônia cresce, mas união mesmo, pouca". Ela conta mais, pois diz ter cara de árabe e isso sim é motivo de ter problemas onde mora, pois preconceito mesmo, tem o muçulmano e suas questões religiosas. "Isso que você fez aqui, não acontece onde moro. Ninguém vai visitar outra pessoa sem ser convidada e quando o é, no mínimo algo feito com antecedência de meses, nada em cima da hora". Sim, impossível querer avaliar erros e acertos, quando nuns pontos um é melhor, noutros o outro. O bom mesmo é ir ouvindo ideias e concepções dieferentes, assimilando erros e acertos, tocando a vida, buscando sempre o melhor para o ser humano, todos os seres humanos.

sábado, 2 de novembro de 2024

MÚSICA (241)


VITROLINHA DO HPA VOLTA PARA ESPEZINHAR O AGRONEGÓCIO*
* Sim, a vitrolinha voltou. Aqui o registro do que ouço, o que me toca e faz tirar um LP/CD das estantes, colocando som na caixa, na dança - ou para dançar. Já fiz listas por aqui e depois, com o tempo, não dei conta, parei. Hoje, recomeço, sempre com aquelas que fazem minha cabeça, muitas vezes, não só pela letra, mas pelo autor, pelo tema, pelo momento, interpretação, indicação, lembrança... O fato é que, a música me move e não vivo sem ela, ainda mais agora, neste momento, cheio de incertezas e desaproximações. Daí, eu me refugio lendo, escrevendo e ouvindo música. Espero que gostem - de algumas, pelo menos -, pois para mim é tudo de bom buscar tempo para aqui revivê-las, agora como primeira publicação do dia. Acordar com música é indescritível.

REIS DO AGRONEGÓCIO (Chico César e Carlos Rennó), voz e guitarra de Chico César, do CD, "Estado de Poesia", Urban Jungle/Chita Discos, 2015.
Entrei ontem no Mafuá predisposto a ouvir algo de Chico César, ainda sem saber ao certo o que. Não queria algo das antigas e sim, mais recente. Lembrei de uma que ele canta divinalmente, desdizendo dos rodeios e dessa áurea no entorno deste modal, que fujo como o diabo da cruz. Dei de cara com este CD e é claro fui logo na última, a 16ª faixa e até agora não entendo como Chico a canta inteira, tudo bem decoradinho, pois sua letra é um belo exercício de memória. Da letra, um líbelo contra o avanço desmedido dessa bestial ultradireita no país, encabeçada pelo Agro, para mim, segmento abominável, detestável, deplorável... A letra é mais que um corajoso manifesto.

Ó donos do agrobis, ó reis do agronegócio
Ó produtores de alimentos com veneno
Vocês que aumentam todo ano sua posse
E que poluem cada palmo de terreno
E que possuem cada qual um latifúndio
E que destratam e destroem o ambiente
De cada mente de vocês olhei no fundo
E vi o quanto cada um, no fundo, mente
E vocês desterram povaréus ao léu que erram
E não empregam tanta gente como pregam
Vocês não matam nem a fome que há na terra
Nem alimentam tanto a gente como alegam
É o pequeno produtor que nos provê
E os seus deputados não protegem, como dizem
Outra mentira de vocês, pinóquios véios
E vocês já viram como tá o seu nariz, hem?
Vocês me dizem que o Brasil não desenvolve
Sem o agrebis feroz, desenvolvimentista
Mas até hoje, na verdade, nunca houve
Um desenvolvimento tão destrutivista
É o que diz aquele que vocês não ouvem
O cientista, essa voz, a da ciência
Tampouco a voz da consciência os comove
Vocês só ouvem algo por conveniência
Para vocês, que emitem montes de dióxido
Para vocês, que têm um gênio neurastênico
Pobre tem mais é que comer com agrotóxico
Povo tem mais é que comer, se tem transgênico
É o que acha, é o que disse um certo dia
Miss motosserrainha do desmatamento
Já o que eu acho é que vocês é que deviam
Diariamente só comer seu alimento
Vocês se elegem e legislam, feito cínicos
Em causa própria ou de empresa coligada
O frigo, a multi de transgene e agentes químicos
Que bancam cada deputado da bancada
Até comunista cai no lobby antiecológico
Do ruralista cujo clã é um grande clube
Inclui até quem é racista e homofóbico
Vocês abafam, mas tá tudo no YouTube
Vocês que enxotam o que luta por justiça
Vocês que oprimem quem produz e que preserva
Vocês que pilham, assediam e cobiçam
A terra indígena, o quilombo e a reserva
Vocês que podam e que fodem e que ferram
Quem represente pela frente uma barreira
Seja o posseiro, o seringueiro ou o sem-terra
O extrativista, o ambientalista ou a freira
Vocês que criam, matam cruelmente bois
Cujas carcaças formam um enorme lixo
Vocês que exterminam peixes, caracóis
Sapos e pássaros e abelhas do seu nicho
E que rebaixam planta, bicho e outros entes
E acham pobre, preto e índio tudo chucro
Por que dispensam tal desprezo a um vivente?
Por que só prezam e só pensam no seu lucro?
Eu vejo a liberdade dada aos que se põem
Além da lei, na lista do trabalho escravo
E a anistia concedida aos que destroem
O verde, a vida, sem morrer com um centavo
Com dor eu vejo cenas de horror tão fortes
Tal como eu vejo com amor a fonte linda
E além do monte um pôr do sol, porque
Por sorte vocês não destruíram o horizonte ainda
Seu avião derrama a chuva de veneno
Na plantação e causa a náusea violenta
E a intoxicação ne' adultos e pequenos
Na mãe que contamina o filho que amamenta
Provoca aborto e suicídio o inseticida
Mas na mansão o fato não sensibiliza
Vocês já não tão nem aí com aquelas vidas
Vejam como é que o ogrobis desumaniza
Desmata Minas, a Amazônia, Mato Grosso
Infecta solo, rio, ar, lençol freático
Consome, mais do que qualquer outro negócio
Um quatrilhão de litros d'água, o que é dramático
Por tanto mal, do qual vocês não se redimem
Por tal excesso que só leva à escassez
Por essa seca, essa crise, esse crime
Não há maiores responsáveis que vocês
Eu vejo o campo de vocês ficar infértil
Num tempo um tanto longe ainda, mas não muito
E eu vejo a terra de vocês restar estéril
Num tempo cada vez mais perto, e lhes pergunto
O que será que os seus filhos acharão
De vocês diante de um legado tão nefasto?
Vocês que fazem das fazendas, hoje
Um grande deserto verde só de soja, de cana ou de pasto?
Pelos milhares que ontem foram e amanhã serão
Mortos pelo grão-negócio de vocês
Pelos milhares dessas vítimas de câncer
De fome e sede, e fogo e bala, e de AVCs
Saibam vocês, que ganham com um negócio desse
Muitos milhões, enquanto perdem sua alma
Que eu me alegraria, se afinal, morresse
Esse sistema que nos causa tanto trauma
Eu me alegraria, se afinal, morresse
Esse sistema que nos causa tanto trauma
Eu me alegraria, oh
Esse sistema que nos causa tanto trauma
Ó donos do agrobis, ó reis do agronegócio
Ó produtores de alimento com veneno

COMEÇO NOVEMBRO RELENDO CALVINO, COM SUAS MIRABOLANTES FÁBULAS, SÁTIRAS E LINGUAGENS SIMBÓLICAS
Cliquem na imagem e ela aumentará, facilitando leitura.
Gosto de livro, quase todos. Passo ao largo com auto-ajudas, destes mantenho distância. Este aqui, por exemplo, tenho carinho mais que elevado, pois me chegou às mãos de uma forma muito dolorosa e, também carinhosa. Almir Ribeiro possuia uma biblioteca das mais valiosas da cidade e nelas um carimbo especial, "Bilblioteca Leon Trotsky - 1979", feito sempre na página inicial. Sim, este livro foi dele e me foi dado, dentre outros, pela sua esposa, algum tempo depois de seu falecimento e desde então, incorporado com louvor na Biblioteca do Mafuá. Almir sabia muito bem cuidar de um livro, sendo que todos recebidos dele, estavam até então, impecáveris. Espero manter o mesmo cuidado do dedicado Almir, inveterado devorador de obras como essa, dita como clássicos mundiais. A trilogia de Calvino prende o leitor em todos os seus momentos. Sou por ela abduzido e só consigo abandonar o iniciado quando o escrito se finda. Essas duas metadas do ser humano, separada uma nhaca e quando juntas, esses seres, como somos, fazemos e acontecemos. Escrever sobre o absurdo, ou como eles se apresentam para nós, algo que só mesmo os com um algo mais na verve escrevinhativa conseguem conduzir com sapiência. Calvino foi mestre neste quesito.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (234)


TRÊS RELATOS QUASE ACONTECIDOS NO MESMO LOCAL
1.) REZA NA PRAÇA, COM SAXOFONE
Cortava eu a praça Rui Barbosa, hoje pela manhã, distraidamente e a pé, quando assim do nada me vejo diante de um belo som de saxofone. Eis que paro tudo, enfim, nada como ouvir assim do nada alguém entornando o caldo com este instrumento musical, que muito cai no meu apreço e consideração. Meu ouvidos se esbaldavam, porém, junto dele ouvo ladainhas e tentando decifrá-las, vejo que, entoadas como cantoria religiosa, repetem algo desencontrado. Sim, uma banda de alguma igreja perdida nos confins desta cidade, fazia uso da praça, bem aos pés do que havia ali sido decapitado, o já saudoso chafariz. Com o uso do sax, queriam e tentavam atrair mais gente, porém, ao seu lado só os já ali postados, verdadeiros donos da praça, os seu habitantes mais nobres, os moradores em situação de rua. Percebo-os icomodados, pois como todos nós, gostam muito de música e de dançar, enfim, colocar o corpo em movimento. A pegada, porém, era outra. Pregavam e ao tentar decifrar o que diziam, na verdade, não havia uma sincronia de versículos citados com o que as bocas despejavam. Citavam a bíblia a todo instante, mas ao léu, demonstração de conhecimento não existente. Um cantava, outro tocava e um outro filmava, pois o que ali foi propiciado, aquela benção, seria depois repassado para outros tantos, como obra divina, inspiração recebida diretamente dos céus. Não vi nada disso e nem os ali envoltos sob aquele manto, puderam ao menos dançar, pois a música, mesmo a do sax sendo arrebatadora, não levou ninguém para a pista. Cansado de ver o sax ser mal utilizado, bati em retirada e ligando meu radinho no carro, coloquei uma musiquinha com letra e ritmo arrebatadores e sai cantarolando, sacando de como tentam de tudo e mais um pouco hoje em dia. Incautos caem como patinhos. Ah, se soubessem do que falam e de como se utilizam em vão de palavras que pouco entendem...

2.) MAURINHO SE APROVEITANDO DA SOMBRA DE UMA DAS ÚLTIMAS ÁRVORES DA PRAÇA RUI BARBOSA
Ainda na praça central da cidade. Contava a pouco do que acabara de ouvir e ver, um sax tocado em alto e bom som e palavras ao leu sendo ditas, repetidas e desbaratadas sem sentido conexo. Para mim, bem claro, isso tudo é a maior prova da desconexão destes tempos. Tentava sair rapidamente do local, sem deixar muitas pistas e eis que, quando batia em retirada, dou de cara com o maior letrista de sambas enredo desta terra, Maurinho Santos, que empresta anualmente sua verve criativa para o Bauru Sem Tomate é Mixto. Diante da cena dele sentado à sombra de uma das últimas frondosas árvores da praça, fazendo também sombra para o campinho de bola que a alcaide acaba de entregar à população, pensando na vida e talvez, sem ouvir a fala, mas só absorvendo o som do saxofone ao longe, tiro fotos dele e me aproximo. Rememoramos algo de nossas trajetórias recentes ali sob o impacto de uma música de fundo. Evidente, falamos de como hoje, ele que faz tão bem o uso das palavras, observa como alguns, trabalhando habilmente com a santa ignorância popular, essa necessidade incomensurável de ter fé, de acreditar em tudo que vê e se move, mesmo quando diante de algo sem pé nem cabeça, acaba crendo estarem diante de seres enviados pelos céus. Divagamos e fazemos conjecturas para algo em conjunto num futuro tão breve. Enfim, se até num som improvidao na praça tem um sax, por que o bloco de carnaval não poderia ter? Maurinho para ali, sempre que pode, para espairecer e divagar, ver a vida passar diante de sia mais lenta, devagar e assim, depois de breve recarregar de baterias, voltar pra outras andanças. Falamos tudo o que tínhamos em mente, pregamos um ao outro e ao fim, ele prum lado e eu pro outro, baita encontro e uma conclusão: ah, se algo de sua verve estivesse sendo ali acompanhado por sax soprado tão alto?

3.) UM CHINÊS DE VERDADE, DE HONG KONG, NO VOLANTE DE UM UBER
Quando estava a escapulir da praça Rui Barbosa, hoje sem o meio de locomoção, chamo um uber. Na vinda, algo único, um chinês no volante. No retorno, outro susto, provavelmente outro chinês. Confirmo isso ao iniciar a conversa, enfim, era muita coincidência, dois chineses diferentes oa volnate de ubers em plena Bauru. Será voltamos a ser a cosmopolita cidade de quando por aqui aportavam milhares de gente de outras nacionalidades,despejados diariamente pelos trens do famoso entrocamento? Neste caso, ele me conta, era chinês de verdade, chegando ao Brasil 30 anos atrás, proveniente de Hong Kong, essa ilha de diversidade e de diversionismo encravada dentro do território chinês. Ele me explica tudo e compreendo, dos motivos da China tolerar algo tão diverso como a sua cidade por lá. Pergunto como caiu aqui e me diz do restaurante, mais de 30 anos, especialidade comida chinesa, ali na quadra da Prefeitura Municipal. Cansou, deu um tempo e resolver diversificar, rodar a cidade no volante. Diz que um dia volta, não para Hong Kong, mas reabrindo novo restaurante e lhe digo do apreço do jovem chinês que a gente sempre vê sempre rodeando aquelas imediações. "É meu irmão", me diz. Gostaria de poder continuar proseando mais e mais, porém, chego ao meu destino e a conversa é interrompida. A aula sobre a China e o inexorável avanço, hoje quase com as rédeas mundiais, muito me apetece e faço votos longo o reencontre, pois a conversa com este professor de Educação Física, formado aqui em Bauru pela Unesp, famoso por seu restaurante, hoje roda numa cidade, que já é mais que sua, pois após 30 anos, conhece alguns cantos que, nem eu, com 64 nos costados conheço. A China ocupa maravilhosamente Bauru.

REFLETIR E NÃO SER INDIFERENTE