terça-feira, 3 de dezembro de 2024

PERGUNTAR NÃO OFENDE (217)


MANIFESTO!!!
Acompanhando o noticiário, creio que não há quem não fique INDIGNADO:

1 - policial a paisana descarregou o pente de balas de sua pistola, nas costas de um rapaz que furtou 3 pacotes de batatas fritas;

2 - policial reformado, conduzindo seu veículo embriagado, foi advetido por crianças que brincavam na calçada, por estar com as lanternas apagadas, e este retorna e descarrega o pente de sua pistola contra as crianças;

3 - policiais abordam 2 motoqueiros sobre uma ponte e um dos guardas, inadvertidamente, joga um dos rapazes no carrego abaixo da ponte, como se este fosse um saco de lixo.

QUE MUNDO BELIGERANTE É ESTE??????
Milton Epstein

TRÊS COMENTÁRIOS SOBRE ESTE TEXTO:
1.) "Às vezes me pergunto se teria havido um ponto fora da curva, ou se foram se avolumando cargas de cultura insana, a conta gotas, e nem percebemos, uma e outra. De qualquer forma, nenhuma das hipóteses me consola", Daniel Pestana Mota.

2.) "O povo precisa apenas exercer sua soberania, levantar-se e andar frente a essas atrocidades, antes que tudo isso fique "normal", Diva Fernandes.

3.) "Tarcísio deu a senha, liberou a violência em SP, dizendo "não estou nem aí". O resultado era óbvio", Murilo Soares.

DENÚNCIA

Boa tarde, tudo bem?
Gostaria de ver com vc Henrique para fazer uma denúncia se é que pode ser chamada assim né, minha sobrinha essa noite estava com o namorado de moto a polícia invadiu sinal vermelho sem estar em ocorrência e sem sirene ligada nada sabe e com isso eles bateram na viatura , estão internados , a polícia mexeu na moto a perícia nem teve muito o q fazer , e fomos atrás das câmeras dos estabelecimentos, vc acredita q a polícia passou por lá cedo e disse q não era para entregar a filmagem para ninguém só com ordem judicial ...... estamos lutando contra quem deveria nos proteger , está sendo muito injusto td isso.
Anônimo

COMENTÁRIO SOBRE ESTE POST:
"Votar é um ato revolucionário Henrique Perazzi de Aquino ; é fluir energia, a sua energia, suas ideias, sua percepção de realidade e propostas com as quais VC tem íntima afinidade.
Tem consequências e se sabe delas. Se assume um lado e a responsabilidade de atribuir um voto. Não se trata de culpar a vítima e absolver seu opressor. Se trata apenas de consumar um ato político. O boleto da conta vem mesmo quando se falta à votação pra justificar ausência. É ato político e não há como terceirizá-lo.

Quando se vota em Tarcísio de Freitas (Republicanos) a consequência é lógica.
Vai se naturalizar mortes em supostos confrontos entre agentes pagos com nosso dinheiro e a gente, que vota em gente como Tarcísio.

Em outubro de 2022, ainda no período de campanha que elegeu Tarcísio, Felipe Lima, 27 anos foi morto nas imediações de local de agenda de campanha do então candidato a governador. Alí foi uma oportunidade para perceber de quem se tratava o então candidato vindo do Rio de Janeiro tentar a sorte em São Paulo.

Se naturalizou a partir da eleição mortes a tiros ou com excesso de uso de força no Estado de SP. O sinal: 53 mortos em dezembro de 2023 na Baixada Santista em supostos confrontos, na Operação Verão. Agora se vê alguém com farda ou uniforme de segurança privada já é motivo pra se acautelar. Mesmo à paisana as coisas tão fora de controle porque há muita arma e, principalmente, munições circulando e os tiros podem vir de qualquer lado. E agora se sabe que a patrulha da PM criou novo modelo de abordagem: arremesso de "suspeito" de cima de ponte, e impedindo socorro ao homem ferido. "Suspeito" de quê", jornalista Ricardo Santana.


DAS ASSUSTADORAS HISTÓRIAS BAURUENSES - AQUI AS SEM PÉ NEM CABEÇA
Conto pra vc pq ainda estou tentando digerir o dia .....

Olha, fui a praça hj tive o prazer de comer pizza que havia tempo que estava com vontade, no fim foram 3 belos pedaços, servidos aos moradores de rua e quem estava por ali, uma delícia......mas triste ainda saber que a desprefeita mandou tirar as lâmpadas da praça pra desanimar o pessoal de fazer esse trabalho, postei algo sobre.....

Assustador, tudo muito assustador!

Muito louco tudo isso, os assuntos do dia estão indigestos e ainda acabou em pizza ..... literalmente
Anônimo

A CONTÍNUA REPETIÇÃO DE FATOS LAMENTÁVEIS E CRIMINOSOS COMO ESTE PROVA A DEGENERAÇÃO DE UMA INSTITUIÇÃO
https://www.facebook.com/share/18F9R5zCcv/

TEM GOLPISTA POR TODO LUGAR - AQUI ALGO DE MAIS UM GOLPE QUE NÃO DEU CERTO
"Golpe a uma da manhã, gente. O vagabundo do marreco de Maringá sul-coreano, como todo covarde, decretou lei marcial de madrugada na Coreia para não dar tempo de reação.
Mas Lee Jae Myung, líder do partido democrático da Coreia do Sul, saiu de casa, chamou os parlamentares e o povo para resistir.
Uma e meia da manhã, Lee Jae, no seus 60 anos, pulou o muro para entrar na Assembleia que estava com as portas fechadas e, junto aos demais parlamentares, votou contra a lei marcial. Nas ruas, os carros do exército se dirigiam ao Parlamento para ocupar o lugar e fechar o lugar.
Ao chegar lá, os parlamentares já estavam no interior da Assembleia e o povo tinha saído às ruas, fazendo barricada para impedir a entrada do exército. Coisa linda de se ver.
Na foto, o povo ajudando os parlamentares a pularem o muro e entrarem no Parlamento."
Da Palas Atena

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

ALGO DA INTERNET (220)


JUNTANDO OS CACOS, EM VÁRIOS TEXTOS E ABORDAGENS
1.) GLORIA MARIA VIAJOU NO FAMOSO TREM DE BAURU ATÉ A BOLÍVIA
É impossível assistir a um vídeo como este, onde a jornalista Gloria Maria, da TV Globo, numa matéria belíssima, viaja todo o percurso do famoso trem que saia de Bauru e ia até a Bolívia, pela Noroeste do Brasil. Não sei com exatidão em que ano se deu essa gravação, creio lá pelos anos 80, quando nem tudo já caminhava tão bem como dantes pelos lados da ferrovia, mas ela ainda persistia, insistia e resistia. Assisto novamente este vídeo e bate uma imensa tristeza, primeiro pelo fim de um modal que, enquanto perdurou foi pujante, altaneiro e muito valoroso. Depois, por ver Bauru, que foi o epicentro disso tudo e no que se transformou, com hoje a imensa maioria das edificações e bem ferroviários todos apodrecendo, sem que, o poder público municipal volta seus olhos para quem foi o propiciador de todo o progresso (sic) dos dias atuais. Hoje, Bauru não consegue nem devolver abertos pra população seus museus e o mais importante deles, o ferroviário, entregue às moscas e portas fechadas, juntando teia de aranha. Este trem representou muito para o Brasil. Não era somente objeto de muita fantasia e imaginação. Quem nele viajou guarda algum sentimento, não só de saudade, mas de perda, imensa perda, dessas irrecuperáveis, quando se analisa a nossa história. Deixamos que tudo se vá, se perca e pouco fazemos pela retomada. Tivemos percursos férreos de inolvidável importância cortando este estado de fora a fora. Muitos sumiram, arrancados, desaparecendo e assim, possibilitando o modal rodoviário se impor. Somos todos parte de um vergonhosa situação, quando permitimos o final do modal férreo.

Este vídeo me faz chorar, pois ninguém me consola por não mais existir em Bauru, este entroncamento que nos ligava ao mundo. Bauru perdeu e muito com o fim dele e de todos os demais ramais férreos. Hoje, para quem não viu, não presenciou e fica só a imagem da famosa estação, nem sombra de toda a pujança que daqui se irradiava mundo afora. Definhamos muito e ainda nos recuperamos com o final da ferrovia, como até então se dava. Continuamos no limbo e, pelo visto, assim continuaremos ainda por um bom tempo.

Tudo me foi possibilitado ao rever a matéria da TV Globo, compartilhada com o texto: "Viajei várias vezes nesse trem de Bauru a Campo Grande. Eram 20 horas dentro dele. Uma aventura sofrida mas necessária à época, e deixou saudades", Vitor J.F. Lopes. Eis o link da matéria: https://www.facebook.com/vitor.lopes.58367/videos/6677019762362503

2.) MILEI PRATICAMENTE EXPULSA DA ARGENTINA ESTUDANTES BRASILEIROS DE MEDICINA
Esse sonho de acalantar estudar na boa escola pública argentina, oferecida até a chegada de Milei, de forma gratuita para latino americanos de várias nacionalidades, está chegando ao fim. Milei, o ainda presidente argentino não é um cabeça dura, mas um fascista, perigoso e a propor o fim de todos e qualquer avanço social existente naquele país. Aposta no retrocesso, campeão em privatizações e encerramento de empresas estatais, com demissão em massa, sem pensar por um só instante nas consequências ou na situação de quem se encontra do lado de lá.

A Medicina repassada pela Universidade Pública daquele país possui fama e acalentava o sonho de milhares de estudantes. La Plata, nas cercanias de Buenos Aires, uma dessas localidades, onde ali um imenso campus e local de encontro de latinos de toda procedência, inclusive de Bauru. Ouço agora dos brasileiros que estiveram em Buenos Aires para presenciar o jogo da final da Libertadores, histórias assustadoras de uma reviravolta de preços no páis, algo como um refrigerante custar R$ 50 reais. Tudo subiu muito e o país, que até então era o paraíso para passeio e onde o brasileiro gastava além da conta, voltando com suas malas cheias, parece ter chegado ao fim. A Argentina se isola e afunda cada vez mais nas mãos de um insano ditadorzinho, com intenções de terra arrasada.

O fundo do poço eu observo, não mais se aproximando, mas muito real, com isso tudo o que acontece por lá com a escola pública e, no centro da discussão as universidades. Milei as quer fechadas, não sópara o estudante latino, mas também para o de seu país. Sua mola mestra é repassar tudo para a iniciativa privada e para tanto, deixa a mingua os recursos repassados para continuidade do que ainda resiste. Estudantes e professores vão pras ruas, se mobilizam e protestam, mas a força contrária, patrocinada pelo avanço da ultradireita parece estar vencendo este jogo. Está sendo decretado o fim de uma Argentina livre e soberana, com a miserabilização de seu povo e, consequentemente, sem recursos e condições, um país cada vez mais triste e sem futuro.
 Tomara o argentino consiga reagir a tempo. Essa matéria é o reflexo exato do que está em curso na Argentina e muito entristece quem a ama, como este escriba, que todo ano pra lá volta e tem acompanhado a degeneração absoluta a ocorrer, em tão pouco tempo, com a chegada de Milei ao poder. A Argentina está muito mais perigosa, com milícias dominando um cenário nas ruas e intimidando as pessoas, principalmente os contrários. Sem uma revolta persistente nas ruas, uma triste sina a do país vizinho e nós aqui do Brasil, ainda vivenciando momentos dentro de um governo Lula tentando se opor ao avanço do fascismo, também numa desenfreada luta, para não ver o país optando por algo como Milei na eleição de 2026. Lá, a derrocada já aconteceu, aqui muita esperança de ainda conseguir vergá-la. Sem luta, impossível. Sem prender os golpistas brasileiros, uma péssima forma de enfrentamento. Estes não podem continuar soltos para aprontar com a nação.

Tudo me foi possibilitado após ler matéria do G1 - Globo.com e pensar na situação de tantos estudantes, um deles o bauruense Adham Marim, que por estes dias retorna para Bauru: "Estudantes brasileiros de medicina na Argentina abandonam país após aumento do preço das faculdades - Milhares de alunos brasileiros foram pegos de surpresa por aumentos acima da inflação anunciados pelo governo Milei. Enquanto alguns voltam para o Brasil, outros vão para o Paraguai". Veja link com a matéria:
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/12/02/estudantes-brasileiros-de-medicina-na-argentina-abandonam-pais-apos-aumento-do-preco-das-faculdades.ghtml?fbclid=IwY2xjawG7vKRleHRuA2FlbQIxMQABHXaWgMX4gfXUrwzvC1YTEPGuHXzsChvhlCrI2c7eahM0sNh50kWQAE5vSg_aem_51CMbxZAOK_b57eOAx40rA

3.) JEFERSON BARBOSA DA SILVA LANÇA SEU LIVRO REVOLUCIONÁRIO DE POEMAS EM BAURU DIA 07/12
https://editoramireveja.com/so/5cPE8YrR6?languageTag=pt...
Jeferson privou de minha amizade por longo período. Recebia quase diarioamente seus poemas, todos gravados, ele diante da tela a demonstrar o quanto ia sua veia poética e, por que não dizer, revolucionária. Foi professor aqui da Unesp Bauru e militou em Bauru até quando suportou, tendo sido também assessor parlamentar em Brasília do então deputado por Bauru, Tidei der Lima. Possui histórias inenarráveis desta cidade, sendo que, muitas delas merecedoras da divulgação de sua versão dos fatos, até para confrontar com o que sabemos ou o que nos foi revelado. Ele, depois de presenciar tanta iniquidade por aqui, se autoexilou e foi de mala e cuia morar sózinho em Natal RN. De lá, continuou observando com sua lupa a vida bauruense, seja a política, através do que lia no JC e tudo o mais que lhe cai nas mãos, pelo modal internético. Mora há umas três quadras da praia e sua cor mudou depois de lá morar. Um bronze, assim como seus trajes, agora um calção de banho e muitas vezes sem camiseta.

O professor e militante Jeferson sempre foi um ser inquieto, intranquilo no termo exato, como se a dizer, pronto para a batalha. Nas conversas que tínhamos se mostrava cada vez mais chateado com a forma como se dava a luta de resistência em Bauru, quiçá no Brasil. Queria incendiar mais a coisa e para tanto me inflamava diariamente, com seus textos e ideias. Vez ou outra aparecida por aqui, reunia amigos em bares e conversas. Num certo momento, pelo que sei, ao desaparecer ou deixar de enviar seus poemas a mim, agora publicados num livro, ele se mostrou chateado também comigo. Talvez me quisesse mais inflamado e incisivo. Eu tento e assim continuarei, espezinhando aqui e ali os poderosos de plantão, com as armas que tenho nas mãos, o papel, a caneta e as ideias contidas na cabeça.

Neste momento, recebo comunicação do João Correia Filho, da editora Mireveja, com este link aqui repassado, informando do lançamento do livro do professor Jefersom, dia 07 de dezembro, aqui na cidade de Bauru. Muito me alegra que tenha conseguido reunir num livro, aqueles belos poemas e os eternize desta forma e jeito. Eu encontrei o meu jeito de resistir escrevendo e publicando textos diários por aqui, expondo meu jeito e modo de encarar isso tudo à minha frente. Jeferson faz o mesmo, mas ele exige de todos nós, um imediatismo e propositura não mais existente na maioria das pessoas. Nem todos, percebemos, possui a mesma disposição de antes para ir à luta, encarar o dragão da maldade, principalemnte quando a contenda se dá praticamente sózinho. Escolhi continuar aqui na minha trincheira, cutucando, quando sei, ele queria algo mais. Eu não tenho a mínima condição de fazer nenhuma revolução sózinho, quanto mais essa tão necessária no momento atual. Jeferson quer mais e isso pode ser demonstrado pelos seus poemas e por quem o conhece mais proximamente. Vai ser uma delícia revê-lo em Bauru no lançamento de seu livro. Um pena, eu não estar na cidade pelos dias do lançamento, mas se chegar antes ou ficar mais alguns, com certeza vou propor reatar as conversações, pois somos da estirpe dos que não desistem e esgrimam uma causa pela vida inteira. Desejo todo sucesso do mundo para sua obra, agora tornada mais pública. Este desejo se estende para, que consigamos, de alguma forma, alcançar êxito na empreitada de transformar este mundo, começando pela nossa aldeia, essa Bauru, que no último pleito chegou a cravar 80% pro Bolsonaro. É desanimador demais da conta.

domingo, 1 de dezembro de 2024

MEMÓRIA ORAL (313)


A IMPORTÂNCIA DE RESGATAR AS HISTÓRIAS DE PLINIO SCRIPTORE, 92 ANOS, TESTEMUNHA OCULAR EM BAURU

Eu tenho o privilégio de ser vizinho de um raro personagem, que tendo vivenciado parte importante da História bauruense, tem sua memória muito bem preservada e está disposto a relatar o que sabe. Na qualidade de historiador, sei que, muito do que se passou na história de um lugar, ainda não está devidamente registrado nos livros e para se fazê-lo, se faz necessário resgatar histórias, trabalho incessante de Memória Oral, pois nem com infinidade de documentos, eles não dão conta de restituir em detalhes todos os acontecimentos.

Pois bem, isso é do conhecimento público e quando se está diante de alguém com essa história guardada dentro de si, nada como ouví-lo, até para constituir com seu depoimento, mais um documento, nessa incessante busca pela exatada reconstituição do que se passou de fato na história. PLINIO SCRIPTORE foi um personagem sui generis dentro deste contexto. Advogado de formação, não exerceu este ofício, pois desde muito jovem, adentrou as hostes da Noroeste do Brasil, então na cidade, com seu escritório Regional, onde é hoje a Estação da NOB, junto da praça Machado de Mello, acabou por ser a pessoa mais próxima de cinco superintendentes da então denominada também como REDE. O Superintendente, principalmente no período militar, pós 64, teve um importância maior do que a exercida pelo prefeito da cidade. Plinio vivenciou isso de perto, sendo Chefe de Gabinete destes personagens. Vivenciou toda a parte administrativa da Rede, aquilo que os livros ainda não nos revelaram e dentro de todas as particularidades inerentes à questão, possui uma do mais alto grau no período. Ele, inerente à sua função, era quem foi designado para , recepcionar toda e qualquer autoridade passando por Bauru e levá-lo para conhecer um dos locais mais requisitados no páis, a Casa da Eny.

Contar isso é mais do que ouvir seus relastos. "O diretor, o presidente de uma orgnaização, o empresário, o artista, enfim, todos os que aqui vinham, me conheciam e logo me dizia. Do trabalho e do que me trouxe aqui, tudo bem, mas quero saber o algo mais, a que horas vamos para a Eny?", era assim, o ouvido da boca da maioria de milhares de personagens e isso ao longo de todo o tempo em que esteve dentro da NOB. Diriam alguns tratar-se de um privilegiado. Plinio reconhece isso, mas conta algo mais, a amizade adquirida com o passar dos anos com Eny cesarino, cuja ascenção vivenciou e também sua decadência, vindo a falecer, obre, como moradora da conhecida Casa das Máquinas, nos altos da vila Pacífico. "Eu fui um dos que carreguei a alça de seu caixão, junto do amigo, dono do então Buffet Capristor. Eu não tenho essa foto, mas pode ser resgatada, pois saiu publicada na primeira página do Jornal da Cidade. Eu não podia deixar de lá estar", conta.

Tudo o que se passou nos anos dourados e os nem tanto, dentro do Território Independente de Eny Cesarino na cidade foi contado num brilhante livro de Lucius de Mello, mas mesmo este autor, sabe muito bem, o assunto não está esgotado, existindo muito ainda a ser desvendado. Com Plinio uma dessas histórias e muito próxima de um resgate. Iniciei este resgate, pois Plinio me revela não ter o que esconder. Quer contar, deixar registrado e para tanto possui documentos, uma caixa de fotos e raros documentos. Estes não retratam somente este especial particular da vida boêmia da cidade, mas o do interior de então empresa mais poderosa na cidade, talvez a mais importante dentro da estrutura da dita e vista como o mais importante entroncamento ferroviário do interior brasileiro, o motivo principal do progresso bauruense.

Os relatos de Plínio não páram por aí, pois como nos disse ontem num encontro no salão de festas do prédio onde residimos, teve mais. Sempre jogou bem futebol e o fez em Bauru atuando pelo Esporte Clube Noroeste. Numa das conversas conta ter jogado ao lado de Pelé, que atuou pelo Noroeste em apenas três partidas. Conta de 8 x 0 em Ibitinga, 1956 e ao final de seu relato, feito junto de nosso mestre cuca Mauricio Dos Passos e do professor Juarez Xavier, hoje o mais novo diretor da FAAC Unesp, desaparece e na sequência, ressurge no salão com muitas fotos nas maõs. "Quando conto isso, muitos não acreditam de ter jogado ao lado do Pelé. Aqui estão as fotos", conta e desperta ainda mais a curiosidade entre os presentes. Numa colorizada está envergando a camisa do Noroeste, ele jovem e noutra está numa mesa de trabalho, ele numa ponta e noutra o então superintendente da Rede, talvez o mais famoso deles, Pedro Pedrossian, que depois viria a ser governado do estado do Mato Grosso, antes da existência dos dois estados. E em cada foto, muitas histórias.

A intenção de resgatar isso, conseguir reuní-las em vários depoimentos é antiga e está em fase de concretização, quando tento produzir um trabalho, na forma de gravação, para se tornar um documentário, um documento vivo de personagens marcantes dentro de nossa historiografia. Estes, como se sabe, com o passar dos anos, algo cada vez mais raros. Outro sendo contatado e também vivenciado de dentro este período é o advogado Joaquim Mondonça. Já dei um nome ao que quero fazer, talvez lúdico, porém a ser realizado com a devida urgência, pois Plínio está com 92 anos e Joaquim perto dos 90: "Dois dinossauros contam sua versão dos fatos: Plinio Scriptore e Joaquim Mendonça".

Isso me envolve e arrebata, pois diante de mim, algo mais do que precioso. Isso de resgatar essas histórias de quem as vivenciou está degraus acima do resgate já constituído. Por enquanto, converso com Plinio e em cada reencontro sou mais arrebatato, pois ele me contando mais e mais detalhes, invade minha linha de conhecimento e amplia horizontes. Num certo momento, quando estávamos com ele reunidos, desfrutando de uma feijoada, ele faz questão de contar para os presentes que, atentamente o ouviam: "Conto isto tudo da Eny, mas deixo sempre bem claro; era ainda era solteiro quando tudo ocorreu". Teve mais, ele certo período, entre o final dos anos 50 e começo dos 60, foi indicado para fazer um teste do Flamengo. Ficou na Gávea por este período, abrigado na casa de um então diretor da Rede e quando lá esteve, foi indicado para lá se apresentar, por nada menos que o escritor José Lins do Rego, que conheceu em Bauru. Anos depois, mais histórias, Plinio foi diretor do Noroeste e daí mais uma infinidade de relatos. Enfim, eu, Mauricio, Juarez, Ana Bia e todos os que o rodearam estávamos absorvidos pelas suas histórias. Espero estar a contento para, não só resgatá-las, como devolvê-las num documentário que ainda vai dar o que falar. Histórias não me faltam para serem ouvidas, juntadas e depois constituindo-se num rico documento histórico. Isso me envolverá por estes próximos meses.


GOSTO CADA VEZ MAIS DA CONVIVÊNCIA COM O AMIGO PEDERNEIRENSE MAURICIO PASSOS
Neste final de semana, este por aqui no sábado e domingo. Quanta boa conversação. A prosa com Mauricio Passos é dessas sem fim. Companheiro em todos os momentos, inclusive nos propiciando, com sua sapiência culinária, uma feijoada de lamber os beiços. Melhor que tudo, o baita ser humano. Meu dileto e considerado amigo.