domingo, 8 de dezembro de 2024

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (153)


PROCUREI, MAS VOLTO SEM TRAZER NENHUM JORNAL IMPRESSO, NEM DO RECIFE, MUITO MENOS DE JOÃO PESSOA
Desde muito tempo, por onde circulava, trazia um jornal impresso do lugar. Cheguei a pedir para diletos amigos, colecionei primeiras capas. O interesse mesmo era para ir tomando conhecimento de como a imprensa funcionava nos mais diferentes lugares. Não voltava de Sampa ou do Rio ou de Curitiba, sem os jornalões na mala. Quando no Rio, tinha uma banca na Rio Branco especializada em gauchices. Sempre trazia do Rio o Zero Hora. O Globo eu achava fácil pela aí. Como gostava do Jornal do Brasil e até o Tribuna da Imprensa, cujas rotativas ficavam pratocamente junto da calçada na rua Lavradio. Da última viagem pra Portugal trouxe a sacola dominical do de maior circulação deles, com suplementos impossíveis de serem jogados fora. Da Argentina, não volto sem trazer o Página 12, em todos os dias que por lá permaneço.

Essa febre ultrapassa a linha editorial do jornal. Na verdade, gosto de folheá-los, sentir o cheiro da tinta e conferir as inovações editoriais e gráficas. Mas como tudo nessa vida, o tempo passa, o tempo voa. O modal jornal está em baixa, completa mutação e substiruição, isso mundo afora. Nenhum jornal continua como dantes. Todos definharam, ou seja, emagreceram. Muitos se seguram como podem, com tiragens decaindo a todo momento e bem fininhos. A queda do número de leitores do modal papel é algo praticamente sem volta, infelizmente. Apaixonados como eu, nem sei se conseguiremos se habituar a ler o jornal diário pelo modal virrtual.

Pois bem, chego aqui em João Pessoa e vou procurar um jornal impresso. Não encontro mais nenhuma banca de rua na cidade. Num dos lugares por onde pergunto, me dizem ter uma livraria num shopping e ali ainda a venda de revistas. Jornais, não mais existem na cidade e já há alguns anos. João Pessoa tem aproximadamente 800 mil habitantes e nenhum jornal sobreviveu. Todos fecharam as portas. Não se se deixaram saudade. No Recife, sei que, berço do jornalismo brasileiro, os mais representativos se foram, mas existe uma resistência. Procurei, mas não encointrei nenhuma banca aberta por onde passei. Volto das duas cidades de mão quase abanando. 

Digo quase, pois num sebo, alguém me sugere levar e trago, um livro, o "Palavra de Jornalismo", onde jornalistas entrevistam alguns dos mais representativos da imprensa local e estes contam histórias dos tempos áureos. Bela obra, com gente representativa do meio jornalístico local. Folheio o livrão e sei, sua leitura será imensamente saborosa. É o máximo que consigo dessa viagem por duas capitais nordestinas. Diante de tudo, meu dileto amigo Pedro Romualdo instiga Bauru Afora, gente disposta a tocar um empreendimento com ele, a abertura de um jornal semanal, o "Bastião", que segundo ele, revolucionará a imprensa local. Sim, creio ser possível, já discuti algo parecido com o jornalista de verdade, o Aurélio Fernandes Alonso, mas abortamos, pois para o intento se concretizar se faz necessário grana e não só sonhos. Vivo de saudades e de leituras do que já foi feito e aconteceu.

A COMPARAÇÃO COM UMA GARAGEM DE CARROS NUM PRÉDIO DE CLASSE MÉDIA PRIVILEGIADA EM JOÃO PESSOA/RECIFE E BAURU
Não quero ser causador de nenhuma perturbação no nível do acirramento de posicionamento entre classe sociais e principalmente na forma de conduta destes, entre regiões deste país, mas confesso, tenho que registrar algo vivenciado por mim neste último final de semana. Tive o prazer de visitar pessoas nestas duas cidades nordestinas, João Pessoa PB e Recife PE e pelo que visualizei na garagem de prédios de moradores de uma classe privilegiada, quase não vi veículos de grande porte ou de torque mais avantajado como os vejo em Bauru e em muitas cidades do interior.

Explico. Abundam em Bauru e por todo interior uma onde de veículos tipo caminhonete, dessas todo poderosas, quase ocupando duas vagas de garagem, pomposas, pneus imensos e até no formato pic-ups. Elas infestam as garagens dos prédios e casas de condomínios no oeste paulista. Parece sinal de status social possuir uma desta, mesmo o sujeito não possuindo nenhum propriedade rural, por menor que seja. Ouvi em Bauru, de um especialista em mobilidade urbana ser isso um horror. "A pessoa não tem necessidade de ter um veículo destes. Alé do espaço oucupado, do transtorno no trânsito, causando muito mais poluição que um simples veículo, estes são gastadores de tudo em excesso". 

Isso não me sai da cabeça e nestes dias pelo Nordeste, nestas duas cidades, circulei em gragens de alguns prédios, condomínios e hotéis e pasmem, vi quase nenhum destes brutamontes por aqui. Ou seja, a primeira conclusão é a de que, a necessidade de ostentar ainda é predominante no Sudoeste, no caso específico aqui abordado, no interior paulista, terra também que pode ser comparada ao velho oeste, ou mais apropriedamente, ao werstern, ou traduzindo, faroeste. No faroeste no interior abundam os tais carrões desnenessários, os deslizando pelos asfaltos mais no sentido de demonstração gratuita de poder. Nem mesmo nas cidades e rodoviasnordestinas por onde circulei vi os tais potentes e imponenentes. Nas garagens por onde circulei, na maioria, carros ditos e vistos como normais. Diante disto tudo, nem sei como posso considerar e comparar o mediano interiorano paulista e o nordestino? Minha simplista visualização de poucos dias pode não ser lá muito elucidativa, nem condizer com a verdade dos fatos, mas que, representa algo bem evidente, disso não tenho a menor dúvida. Se alguém tiver uma melhor explicação, mais convincente, que me faça, pois adoro ser convencido, quando sem argumentos, escrevo abobrinhas.

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