domingo, 29 de dezembro de 2024

AMIGOS DO PEITO (233)


AQUI NA FEIRA DO ROLO ACONTECE DE TUDO, INCLUSIVE ISSO

ESSES SÃO MEUS AMIGOS DA FEIRA DO ROLO
Meus amigos da Feira do Rolo, o reduto mais democrático desta terra do sanduíche, são do balacobaco. Lugar adorável por diversos motivos, um deles está exposto aqui nas duas fotos. Como até as pedras do reino mineral sabem, eu bato cartão todo domingo por lá e um dos lugares onde não deixo de comparecer é a Banca do Carioca, o livreiro do pedaço. Chego e nem preciso perguntar pela ausência do dito cujo, pois o Chico, seu parceiro de banca, parede meia, um ao lado do outro, já havia, diante de tanta gente perguntando pelo gaju, fixado um cartaz em seu carro, ocupando o espaço onde o Carioca deixa exposto seus trecos. Lá, algo bem com a cara deles dois: "Se você não está vendo o CArioca é porque ele não veio!". Lindo, maravilhoso.

Carioca bateu asas e junto de sua cara metade está praiando, bem longe de Bauru. O danado, como se percebe pela necessidade de explicações para quem, todo domingo está acostumado a vê-lo por ali e nem que não pare para uma conversinha, só de vê-lo já é o suficiente para se manter tudo nos decibéis de prerssão arterial ajustada. Quando sua banca não está devidamente montada, os livros expostos, os LPs ali aguardando o remelexo e ele com seu chapéu todo cheio de bottons e penduricalhos, motivo para preocupação variada e múltipla, gerando especulações de grande monta. Com o cartaz, a calmaria voltou ao lugar e Chico, dominando neste domingo o pedaço, pode expor seus trecos com maior espaço e desenvoltura. E assim, desta forma e jeito, tudo foi reenquadrado e o domingo fluiu de forma quase normal lá pelos lados do largo da rua Julio Prestes.

ISTO AQUI É O PORTÃO DE ENTRADA DA FEIRA DO ROLO, O BAR DO BARBA
Chegar na entrada da feira e se deparar com o Estevan, o do Bar do Barba, tocando sua sanfona e com o acompanhamento de peças mais que raras do lugar é pra registrar, espalhar e todos comarem conhecimento das muitas possibilidades deste lugar:https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1501318897220072

O VELHO BARBA RESISTE...
Tocar o barco em frente hoje neste mar revoltoso não é tarefa das mais fáceis. Cada qual tenta, ao seu modo e jeito, remar como consegue e assim ir se safando das altas ondas que, se bobear, nos engolem por inteiro. Faço questão de todo domingo, passando ali pela entrada da Feira do Rolo, na encruza que dá acesso ao espaço mais democrático de Bauru, parar e dar um abraço dominical para o amigo de longa data, o Barba, seu Estevan, a cara que toca o bar da esquina de um jeito que, só vendo para acreditar. Ele, a simpatia em pessoa e um dia, ficou tão apertado que acabou vendendo sua sanfona para o primeiro que apareceu. Vendo a situação, o pessoal que o venera no lugar, juntamos forças, fizemos e acontecemos, recuperando-a através de uma rifa. Hoje, passo pela feira e na volta, ele está junto de mais dois outro um playbeck, descendo o pau na roseira ali na esquina. Como não parar? Paro e gravo, mando por mundo ele com sua sanfona, fazendo o que gosta e a empunhando, tentando dar o seu jeito de disfarçar e se mostrar por mundo, como altivo e cheio de gás.

O Barba faz o que pode. Agora se aliou a quem dele se aproximou e arrendou partes do estabelecimento. Parte da cozinha é sua, com os sucos vendidos na feira e o mocotó, sua especialidade. As bebidas ficaram por conta e risco de outro. Ele continua ali pela esquina, demonstrando sua habilidades, primeiro empunhando a sanfona e depois, na arte da sapiência de sobreviver. Essa, a mais complicada e a que move parte considerável dos que ali se apresentam aos domingos. Diante deste quadro todo, impossível não passar por ali, ficar num dedo de prosa, assuntar como anda as coisas e não vê-lo reclamar, mas perdurando, resistindo e de portas abertas, nuam demonstração de que, a belezura da vida é a nossa insistência em continuar sendo, fazendo e acontecendo.

CONHEÇO O VALVASSORI DESDE OS TEMPOS DO EDUARDO VELHO FILHO
Altair Valvassori é meu amigo desde os tempos de cueiros, ou seja, moleque de calça curta. Tenho recordações de ter estudado com ele ali no Eduardo Velho Filho, quando ainda era na rua Araújo Leite, onde é hoje o Paraná Auto Peças e o diretor era o Walter Barreto Melchert. Ou seja, lá se vão mais de 50 anos. Envelhecemos e como diz Aldir Blanc em um de seus mais divinais sambas, "envelheci, mas continuo em exposição". Eu e ele, gostamos de rosetar pela tal da Feira do Rolo. Sempre que o vejo, nos cumprimentamos efusivamente, como velhos amigos, porém, algo nos une neste exato momento, nada sabemos um do outro do que fizemos depois daqueles tempos.

Smos frutos de um salto no tempo e no espaço. Eu nada sei do Altair neste período todo e, creio eu, nem ele de mim. O fato é que continuamos amigos, nos cumprimentando e até proseando algo, como bons e velhos conhecidos, mas com este imenso vácuo em nossas vidas. Pode isso? Pode sim, tanto que acontece. E é divinal isso, pois demonstra que, mesmo com todo distanciamento, algo nã ose perdeu e o elo continua forte, consistente e meio que inquebrantável. Nem preciso saber nada dele, pois se o vejo aqui quase todo o domingo, perambulando, como eu, pelos corredores da Feira do Rolo, nós sobrevivemos e isso vale muito. Se ele souber algo de mim que o desaponte e eu algo dele que me desaponte, pode vir a se quebrar este gostos e prazeroso reencontro dominical, sempre permeado com um forte abraço. Que assim continue...

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