E ISTO CONTINUA A ACONTECER, INFELIZMENTEMorreu José, o homem que ficou esperando por atendimento médico.
Morreu na fila, aguardando a dignidade que se atrasou.
Morreu ali, sentado, encostado no canto da sala de espera, bem no fundo.
Morreu aos 32 anos, esperando o respeito que, naquela noite, não estava de plantão.
Morreu assim, sozinho, como tantos outros Josés.
Morreu em silêncio, sem ajuda, mas agora já sem a dor e sem o medo.
Morreu José e, junto com ele, morre um pouco de cada um de nós.
Desculpe, José... desculpe...
texto de Hélio Helio Marconcini Jr
Os dias deste dezembro estão mais curtos do que imaginava. Acumulando tarefas, faço dos dias gato e sapato, expremo e subtraio deles algo como um néctar, este me guiando pra a frente. Adelante sempre. Hoje mesmo, como em quase todos os dias, ressalto algo para mim marcante. Não sei como, depois de tudo o já presenciado, alguém ainda consegue defender feitos deste ignóbil Bolsonaro. A TV Globo o faz, mas ela já conhecemos, é o lobo em pele de cordeiro. Muito me entristece ouvir da boca de alguém sofrido, vida mais que dura, ter sido apunhalado em direitos, um atrás do outro e cegamente, na defesa do algoz. Tento prolongar uma demonstrativa conversa, quase sempre de pouca produtividade, pois estamos cheios de cabeças feitas.
Escrevo sobre a conversa de hoje, pois foi vapt-vupt, saio dela e me deparo com um vídeo pelo Instagram, onde a ministra do STF Carmem Lúcia versava sobre o educador Paulo Freire e dizia para quem a entrevistava: "A liberdade humana decorre dessa sensibilidade que é a capacidade drítica, uma transitividade entre uma inteligência inocente e uma inteligência crítica. Paulo Freire nos ensinou isso, uma passagem, travessia só feita através da Educação". Vindo de quem veio, até pelo que tivemos num passado não tão recente, decisões inconcebíveis do STF, hoje um tanto reestabelecidas dentro de padrões civilizatórios, recebo o impacto e tento fazer a digestão a contento.
Ela acertou na mosca. Primeiro na citação do educador, depois junto o vivenciado hoje comigo nas ruas e o ensinamento advindo dele, proveniente de seus proféticos escritos. Não é possível para a pessoa humana dar esse passo de avanço, essa transitividadem saindo da inteligência inocente para a crítica, sem ter recebido cargas consideráveis de educação. Aqui o erro brasileiro latente, evidente, nos apunhalando como fratura mais que exposta. Só a Educação pode transformar um povo. Quando, pela carga de informação recebida, não consegue discernir direito o que está tão evidente diante de seus olhos, algo de muito sério falhou. Tomara não seja tarde demais para essa retomada, pois pelo que sinto pela aí, resultado de seguidas eleições, o justo entendimento dos fatos já está mais do que distorcido.
Conheci esse meninão da foto, o hoje já reconhecido designer Lucas Melara, quando ainda na Unesp Bauru, aluno de Ana Bia Andrade. Algo mais se consolidou após a conclusão do curso, entre o então ex-aluno e sua professora, eu no meio por estar ao lado dela o tempo todo. O acompanho desde então, deslanchando como poucos em suas atividades. Tem dois livrões publicados, um sobre a Vila Vicentina Bauru e outro, lançado agora na Bienal do Livro sobre uma comunidade agrícola paulistana, ambos dessas obras de encher os olhos. Lucas avançou no tempo e a prova concreta - uma delas - são os dois livros, algo marcante e mais que um mero cartão de visitas.
Lá de Sampa, onde se instalou e de seu apartamento no Sumaré, parede meia com a Vila Madalena, ele faz e acontece. Ali seu quartel general, de seu escritório, saem e fluem as ideias que revolucionam seu meio profissional. Profissionalmente vai longe, pois o danado é ainda muito novo e segue assim, sua trajetória de aprendizados e se inserindo cada vez mais entre os seus, sendo, fazendo e acontecendo. Daí, volto a falar de mim e de Ana Bia, sempre que aportamos em Sampa, sendo por ele acolhidos - o vice-versa ocorre com ele nas estadas bauruenses. Nos tornamos mútuos hóspedes, ele não gastando com hospedagem em Bauru e nem nós, quando em Sampa. Um luxo só, privilégio de gente muita amiga. No tempo livre ele tenta extrair de mim algo mais de como encaro este mundo, aproveitando e assimilando sempre algumas coisinhas, pelo bem, pelo mal, enfim, extrai néctar de tudo e assim segue sua trajetória.
Daí, chegando lá, como desta última vez, para ver dois shows paulistanos, Quebra Nozes e Caetano & Bethânia, lá ficamos instalados e deste bunker, partíamos para as aventuras paulistanas. Abrigados, devoro algo do lugar. Numa estante na sala, só livros selecionados, até porque o espaço não é grande e ele, precisa ser seletivo. Chego, mal despejo as malas e já me volto para deliciar enfurnado com seus livros. Passo horas, enquanto os dois conversam. Tenho desejos de surrupiar alguns - até o momento contido -, mas não sei dizer até quando. Sei lá, não sei se pegaria bem, ser abrigado tão cordialmente e ainda subtrair algo da casa.
Lucas venceu na grande cidade - desta feita teve até amostragem de uma medalha recentemente ganha, dentre outras premiações. Passou por Bauru, por aqui conquistou amizades eternas e hoje, foi ser gauche na vida. Flana divinalmente no que faz. Eu e Ana Bia acompanhamos tudo, eles conversam quase todo dia, eu menos, mas de longe curto e bato palmas para cada avanço dentro deste tal Design Brasileiro. Na qualidade de fiel camareiro da relação, curto tudo pelas beiradas e me aproveito da situação. Depois de tudo, nada como, tentar ao menos reestabelecer um pouco de equilíbrio, daí escrevinho algo disso tudo. Ir pra Sampa e ter um porto seguro é mais do que bom, diria mesmo, ótimo. Sou grato a ele e assim tento aqui me expressar, até para tentar sensibilizá-lo e não interromper o ciclo de benesses a mim concedida. Esse eterno meninão é DEZ.
Lula foi sacaneado pelo Fantástico, mais precisamente pela TV Globo. Sua entrevista ao Fantástico foi editada e eles repassaram no conteúdo final, algo que só eles ainda conseguem manter. Ocorreu uma grande sacanagem com Lula lá atrás, ludibriaram Lula e o país inteiro e junto destes todos, estava a TV Globo, editando entrevistas e manuseando dados, tudo para defender interesses inconfessáveis. Lula é um sujeito bom, acredita demais nessas instituições falidas, vai lá e pensa que hoje será tudo diferente, mas não, eles sacaneiam novamente, mesmo mais do que cinetes ter este sapo barbudo salvo o país, pois se aquela eleição tivesse sido perdida, hoje estaríamos nem sei onde. Mortos, muitos, com toda certeza, pois com a cabeça dos golpistas, nenhuma oposição consistente seria permitida. A TV Globo não vai mudar nunca, ela sempre será a mesma, falsa, aliada aos perversos e fazendo jogo duplo, se fingindo de boa mocinha, quando na verdade ela é um dos algozes da nação. Publico aqui só este trecho, um recorte de Lula falando aos lobos com pele de cordeiro. Se fosse publicar tudo, teria que ficar explicando trecho por trecho, de como são produzidas montagens para distorcer o que alguém está a dizer.
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Saudade imensa de quanto ANGELI estava na ativa e nos presenteava com suas preciosidades. |
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