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PATRIMÔNIO HISTÓRICO E TOMBAMENTO
Participei nessa semana de um evento aqui em Bauru, na ASSENAG – Associação dos Engenheiros sobre Patrimônio e os Tombamentos Históricos. Um tema que me é próximo, pois presido por aqui o CODEPAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru e estamos no dia-a-dia envolvidos com essas questões. O palestrante, professor de arquitetura Luiz Cláudio Bittencourt fez um histórico interessante sobre o tema, relacionando-o com a idéia de futuro, como tudo é encarado nesse país. "Um erro, pois não nos voltamos para o passado, estamos sempre pensando no futuro, nesse tal Brasil Novo", relatou Bittencourt.
A figura burocrática do tombamento é legal, pois a partir daí a edificação histórica passa a ser protegida por um conjunto de leis próprias, impondo limites à sociedade privada. Isso é o
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resultado de uma ação política de um conjunto de pessoas, reunidas com o intuito de que a história não desapareça, porém, tudo poderia ser bem mais fácil. "O tombamento não deveria existir, ele é emergencial, é a figura limite, existe para agregar valor. A sociedade e o Estado reconhecem socialmente esse valor e a partir daí estabelecem um conjunto de restrições, por imposição e não por pleno reconhecimento. Muitos não estão nem aí para essas questões. O restauro, nesse caso, é uma obra de arquitetura não desejável, pois seria desnecessário, graçando onde há falta de consciência social e cultural. Vivemos numa situação limite, tanto o restauro como o tombamento", polemizou o palestrante.
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Como é bom encontrar pessoas conscientes no trato e no entendimento dessas questões. Professores, arquitetos, engenheiros, políticos e estudantes estiveram debatendo calorosamente esses temas, tudo em busca de um entendimento. Discutir a questão do Patrimônio como uma grande questão de Educação é algo salutar, pois o poeta Taiguara já havia nos dito lá atrás: "Que o passado abra o presente para o futuro". Dentro dessa linha, Bittencourt acredita que "as idéias circulam livremente e as boas vencem, ou deveriam vencer, pois quando uma idéia é boa, ela atravessa qualquer geografia, correm independente do bem e do mal". Esse é o grande sonho, almejado por todos envolvidos com essas questões: aumentar o nível de criatividade e conscientização. Pensar a questão do patrimônio desvinculando-a dos interesses comerciais e imobiliários.
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O grande mérito de encontros como esse é propiciar um conhecimento mais profundo do lugar onde vivemos, oferecendo um mergulho dentro da aldeia de cada um e a partir daí, buscar ser o mais cosmopolita possível, sair do isolamento. A visão de contemporaneidade, onde o tempo é sempre parceiro do homem e a sua história não deve ser esquecida. Hoje, quer queiramos ou não, fica praticamente impossível discutir e se manter ligado, se também não formos contemporâneos. Entendendo isso tudo, como não um mero detalhe, mas algo a ser valorizado.
Henrique Perazzi de Aquino, 47 anos, acreditando que quando existe um envolvimento, qualquer luta não tem preço, ela acontece e pronto. Luto porque acredito, aposto naquilo. Quer melhor motivo?
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