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REVISTA CAROS AMIGOS - JUNHO DE 2008
Ouço numa rádio local a insatisfação diante de comentários na imprensa internacional sobre a f
orma como divulgam o Brasil no exterior. Falam sobre o caso dos militares cariocas que entregaram traficantes de uma facção nas mãos de outras, para serem mortos. Isso difama o país e mostra como se todos nossos militares fazem algo parecido. Conto isso, para fazer uma relação com algo que continua sendo divulgado em toda nossa imprensa sobre a maneira truculenta como a PM aqui de Bauru assassinou um jovem indefeso de 15 anos. O fato repercutiu no país todo e propaga, como se toda a PM agisse da mesma forma. O fato é que erraram, e feio, necessitando de punição severa. E quando isso começa a ser redardado, a imprensa volta a tocar no assunto, como o faz a revista Caros Amigos, em sua última edição.
A manchete de capa é cruel: "Reportagem: Assassinos fardados à solta" e prossegue com a
chamada da matéria: "Bauru, 351.000 habitantes, a 300 km de São Paulo é conhecida como cidade Sem Limites. Assim como a cidade, PMs de Bauru também não têm limites: seis meses atrás, seis deles invadiram uma casa sem mandado, de madrugada, e lincharam a pancadas e choques elétricos um menino de 15 anos acusado de roubo, dentro do seu quarto de dormir, na presença da mãe e da irmã. No dia em que o crime completou quatro meses, um juiz soltou cinco dos seis PMs. Dois deles moram no bairro e, amedontrada, a mãe do menino abandonou a casa".
Por fim, a matéria conclui que "em 2007, policiais mataram 258 pessoas no estado de São Paulo"
e "o caso do adolescente Júnior faz pensar que, em se tratando de pobre, preto, morador de periferia a polícia pode tudo. A simples suspeita legítima a barbárie. É como se Júnior tivesse menos direitos por ser negro e nascer no núcleo Mary Dota". Por fim, o professor Clodoaldo Meneghello, da UNESP, entrevistado pela revista, conclui: "Esses policiais se acham heróis que podem resolver tudo com as próprias mãos". Bauru não sai tão maculada, pois a revista enfatiza e deixa transparecer que essa não é atitude dos PMs somente em nossa cidade, mas no estado todo. Porém, Bauru é que está mais uma vez em evidência, como na história do raio e tantas outras.
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