domingo, 23 de agosto de 2009

CENA BAURUENSE (36)

PROJETO JARDIM CULTURAL III (SÁBADO) e IV FESTIVAL DE FOLCLORE (DOMINGO)
1. O Projeto JARDIM CULTURAL acontece uma vez por mês num dos espaços mais diferenciados de Bauru, uma espécie de chácara bem no meio da cidade, atrás do Cemitério da Independência. Uma área verde incrustada no meio desse emaranhado de concreto, cheio de árvores, flores e um paisagismo desconcertante, com a assinatura de Rômulo Cavalcante. Quem coordena tudo é a cantora Manu, junto com uma moçada universitária. Queria conhecer e acabei não conseguindo ir nos anteriores. Nesse sábado, 22/03, fui por volta das 18 e fiquei até umas 22h30. Vi de tudo, desde exposições de cartuns e caricaturas (Gonçalez na parada), shows espalhados por vários espaços, barracas para a venda de produtos naturais, artesanais e inusitados, dança, teatro e poesia. Vi uma apresentação de capoeira e o prefeito soltando fogo pela boca, além de sentar ao lado de pessoas queridas, como o ex-secretário de Cultura, Vinagre, o profissional da dança, Sivaldo Camargo, a nossa diva da Cultura local, Regina Ramos e o mago das cordas, Norba. Tudo isso junto, numa mesma mesa e regado com cerveja Primus. Papeei também com Nicodemos e Alexandra, além do advogado Arthur Monteiro Jr e a esposa Lílian, do amigo Marcelo Cavinato e esposa, ambos lá da Barra Bonita. Percebi que o Jardim é desses lugares onde posso ir tranquilamente sozinho, pois logo estarei rodeado de gente conhecida. Mês que vem tô lá de novo. Querem saber mais, cliquem em: http://www.jardimpontocultural.blogspot.com/

2. O 4º Festival de Folclore de Bauru possui a cara de seu idealizador, o folclorista TITO PEREIRA e do Instituto Yauaretê. Além de amigo de fé e irmão camarada, é praticamente impossível não gostar do Tito e do seu despreendimento. Um batalhador incansável, daqueles que arregaçam as mangas e nesse ano, mesmo com um monte de adversidades conspirando contra, tudo ocorreu a contento e o festival foi maravilhoso.Hoje, das 11 às 16h, lá no Vitória Régia com muita chuva, nenhuma das apresentações dos grupos folclóricos constantes da programação ocorreu. Alguns por causa da chuva, outros por causa de algo que ninguém entendeu direito, quando o mesmo grupo estava agendado aqui na cidade e em outra, ambos eventos com a participação da Secretaria de Cultura. Tito demonstrou cansaço, mas diante das pessoas a lhe incentivar, reagiu bem e o evento com os tropeiros foi um sucesso. Antes mesmo do evento começar quem passa por lá é o Sérgio Coelho (na foto Tito, Sérgio e esposa, Xiko Kolfani e família ) e os vejo tramando a ampliação do criadouro de sacis, incorporando o que Botucatu acaba de rejeitar. Barulho à vista e novas peripécias barulhentas para o Yauaretê. Barulho mesmo ocorre com a chegada dos tropeiros, que subiram pela Nações Unidas na já tradicional "Cavalgada dos Tropeiros", com uma tropa constituida de uns 50 animais. Tomam logo conta do espaço e das atenções. De um deles ouço algo que foi o motivador para o sucesso e movimentação do evento: "Nós entendemos e valorizamos a chuva. É muito bom sentí-la, pois sem ela o que seria de nós. Com ou sem ela estaríamos aqui. Ninguém aqui foge de chuva". E ela caia, em forma de garoa, ininterrupta. No lado oposto, uma feira de artesanato não emplacou, pois a chuva espantou a movimentação daquele lado.

Abro um espaço para falar de um ilustre personagem, que conheci por lá. Falo de EDEMILSON, ou só GAÚCHO, 47 anos, um paulista, barburdo e com um poncho cobrindo o corpo. Mora no assentamento pra lá do Bauru 1 e é daqueles que logo de cara bate uma identidade, pois além de possuir um papo dos mais agradáveis, têm uma rica experiência de vida. Papeamos além da conta. Contou parte de sua vida e das agruras já enfrentadas. Ouvi uma detalhada explicação do termo "grilhagem": aquela dos documentos esquentados pelos endinheirados da vida, com um grilo numa gaveta, misturas de limão, folhas entre livros, passadas à ferro, etc (ele vai me contar tudo em detalhes e qualquer dia relato aqui). Uma esclarecida pessoa atuando no campo e facilitando a vida dos assentados. Falou da estratégia dos assentados para adentrarem uma nova área, histórias dos avós tropeiros, os percalços de ser uma pessoa aposentada por invalidez e tendo que enfrentar verdadeiras batalhas para ter seus garantidos direitos respeitados. Chama a atenção por onde circula e após um papo, mais do que isso, respeito e admiração.

Quase no fim, como a chuva não iria parar mesmo, os tropeitos dançaram na chuva, deslizaram na lama puxados por cordas e cantaram incansáveis modas de viola, no estilo sertanejo original. A comida foi servida fumegante e sobrou. Arroz de carreteiro e um feijão cheio de penduricalhos (tudo o que eu não poderia comer - chatice esse negócio de colesterol), regado a cerveja e conhaque (espantou o frio). Troféus para os que se destacaram e muita conversa, debaixo da chuva ou nas barracas. Quem aparece para o abraço final foi o vereador Roque Ferreira (só ele mesmo), que circula por todos os lados, levado por Tito. Quase no fim, uma carreta vem buscar a maioria dos animais, enquanto alguns iniciam o caminho de volta debaixo de água. Enquanto o som se manteve ligado um grupo não parou de se movimentar. Foi um domingo cheio de novidades. Tito merece ser melhor compreendido, pois esse seu evento possui uma identidade própria e precisa ser tratado com mais carinho e atenção. Eu adorei tudo o que presenciei e Tito e sua trupe devem ter saído de lá necessitando de um bom descanso, pois para eles o dia foi uma pauleira brava. No Revelando SP, esse ano no recinto da ARCO, em outubro, mais Tito e tropeiros.

5 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Precisamos de mais TITOS e menos Pedros, sejam eles TOBIAS ou ROMUALDOS. E viva o Malazartes.

Sônia B.

Anônimo disse...

Henrique

Volto a postar sobre o mesmo assunto, pois esqueci de dizer algo. E isso merece ser dito:

Precisamos de mais TITOS e MANUS e menos Pedros, sejam eles TOBIAS ou ROMUALDOS. E viva o Malazartes.

TITOS e MANUS fazem e acontecem, com ou sem ajuda de poderes públicos. Já alguns PEDROS, qdo o fazem, fazem aquilo que cheira ruim.

Sônia B.

Anônimo disse...

Como foi essa história do Tito? Marcaram apresentações e depois levaram para outras cidades. Você tem detalhes disso. Quem fez isso? Não me diga que foi o 'ineficiente'? Mais uma dele. E ninguém faz nada. Até quando? Estão esperando ele acabar de vez com o lugar onde atua.

Paulo Lima

Mafuá do HPA disse...

meu caro Paulo Lima

Eu não quero colocar mais lenha na fogueira do que já tenho colocado. O Tito Pereira é uma pessoa calma, tranquila, dessas abnegadas, que faz um monte de coisa porque gosta, porque acredita nelas, porque vê nisso uma forma de ir apresentando para nós o resultado do seu intenso trabalho. Magoado ele está, mas sei que superou novamente isso tudo, pois a continuidade do que faz é mais importante do que qualquer picuinha. Os problemas estão aí, evidentes e qualquer dia desses serão resolvidos, para o bem de todos e felicidade geral dessa cidade.

E tenho dito.

Henrique, direto do mafuá

Anônimo disse...

Por tudo o que ouço e leio pela cidade, não está mais do que na hora de toda essa gente ligada a cultura se unir e propor diretamente ao prefeito a saída desse .....?

Não quero dizer um palavrão, pois hoje na cidade, ouvi uma história e não consigo entender como uma pessoa normal consegue agir dessa forma.

O retrocesso é tão grande, que se nada for feito já, será irreversível. O cara é totalmente despreparado.

Carlos P. F.