Mafuá do HPA

UMA FRASE (39)

ECONOMISTAS e BRIGA DE TVS – SIGO CONTRA A CORRENTE

“A gente vai contra a corrente”, Chico Buarque.

“Em um país tão injusto, com tanto poder e riqueza nas mãos de tão pouca gente, com tanta discriminação, exclusão, com tanta violência, com uma formação de opinião pública tão restrita, com tantos analfabetos funcionais, com muita terra na mão de poucos, com tanto conhecimento na mão de poucos, com tantos pobres e miseráveis e tão poucos ricos e poderosos. Em um país assim, não é ruim estar contra a corrente”, in EMIR SADER (texto, “Contra a Corrente, JB RJ, 02/10/2005)

1. DIA DOS ECONOMISTAS (13/08) E O PENSAMENTO ÚNICO
Prefiro caminhar contra a corrente do seguir o que é apregoado por uma “thurma” de economistas, uns tais que nos últimos anos teceram loas e loas a tudo o que o capitalismo fazia dentro do cenário econômico globalizado. Era tudo tão nítido e certo (para eles, viu!), que não adiantava querer resistir, ser do contra, pois o mundo caminhava inexoravelmente, à passos largos para ser um paraíso neoliberal, do lucro fácil, da especulação e do capital predatório. Tudo o mais merecia desprezo. Não foram anos fáceis, pois guiados por uns tantos economistas, falando com empáfia, absolutos donos da razão, se diziam os guias de cego para o resto do mundo. Olhar superior, de puro menosprezo para nós, os ditos normais.

Num belo dia, aquele sonho difundido como definitivo, ruiu como um castelo de areia. Puft! Virou farelo. Foi lindo poder ver a fisionomia de espanto da maioria daqueles astrólogos das finanças. Não acreditavam no que viam. Estava escancarado de que de nada nos serviam os conselhos dados ao longo dos anos, pois o que defendiam virou poeira. Tentam continuar influenciando as decisões, sempre cultuando o Deus Dinheiro (acima de tudo e de todas as coisas). Descaradamente ouço da boca dos mesmos: “Eu havia avisado”. Num país de memória curta, isso faz muito sentido.
Hoje, no dia dedicado aos economistas, externo aqui o pensamento que sempre tive. Prefiro estar contra a corrente dos que cultuar os que vivem de juros, de negócios meramente financeiros, da especulação financeira predatória, pois continuo preferindo os que vivem do trabalho aos especuladores. Seguir as previsões dessas verdadeiras polyannas da desgraça alheia é pura perda de tempo. São aves de mau agouro. Se acharem que estou sendo duro, experimente gravar o que dizem e ouçam uns seis meses depois. Constatem se lhe valeram para alguma coisa. Deixe de ser bobo. Todo bobo acredita em milagres, e milagreiros. Esses, explicitados aqui, quase ruiram com a credibilidade de dignos Economistas. Mereciam ser apartados dos demais.

PS.: Esse texto foi escrito em homenagem a um daqui da terrinha, para ele isso cai como uma luva.

2. TVs GLOBO e RECORD: BRIGA DE FOICE NO ESCURO
Coisas muito estranhas têm acontecido com o meu aparelho de TV. Não sei ao certo se sou eu que ando um tanto estranho, mas é que ontem ao voltar de uma delirante viagem rodoviária, chego em casa e dou de cara com uma bagunça entre dois canais da TV aberta. A Globo e a Record dançavam no meio de minha sala, parecendo aqueles amalucados personagens que Lewis Carroll inventou para divertir Alice. Riam cinicamente, como irmãos siameses que são, mal escondendo a aflição e caiam de pau um no outro. Baixaria total, ao vivo e a cores.

Fiquei a sintonizar os dois canais. Tudo aquilo que a Record disse da TV Globo é a mais pura e deslavada verdade e tudo aquilo que a Globo disse da Record, idem. Era o roto falando do esfarrapado. Assisti aquilo tudo, ri às escancaras, pois percebi que o telespectador dessa vez sai ganhando, pois está tomando conhecimento dos bastidores das concessões de TV pública no Brasil. Deu para perceber que não existem mocinhos nesse negócio. Tudo é demônio, um mais chifrudo que o outro. Porém não nego, já assisti muita coisa de ótimo valor da TV Globo e quase nada na Record. Ruim, em ambas, diariamente.

Só um pequeno adendo. Tanto em uma, como na outra existem profissionais dos mais dignos, como muitos péssimos. Na Record cito como ótimo o PAULO HENRIQUE AMORIM e na Globo, o CACO BARCELLOS. A TV hoje é de muito baixo nível. Ontem, no calor da contenda, alguém tocou no tema dos canais serem concessões públicas. Continuando o pau a cantar e diante de tudo o que for sendo exposto, que o Governo Federal, o verdadeiro dono desse lucrativo negócio, tome alguma providência. Chávez, o presidente venezuelano quando comprovou excessos e ilegalidades, não pensou duas vezes e cassou os direitos de transmissão dos transgressores da lei. Se não sair de casa hoje à noite, ligo e acompanho o segundo round.

PS.: A foto é de um paredão diante da rodoviária de Presidente Prudente. Tirei nessa segunda, 10/08.