UMA FRASE (43)
DOIS TEMAS, PRESENCIADOS NO MESMO LOCAL, NA ASSENAG E UMA FRASE BEM ELUCIDATIVA
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Quinta à tarde, calor com aquele bafo vindo do asfalto, sensação térmica de 40º para mais, dou uma parada no serviço e compareço à reunião mensal e ordinária do CODEPAC, o nosso Conselho do Patrimônio Histórico. Todas as
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deste anos ocorreram lá na ASSENAG, aquele prédio de concreto armado, encravado atrás de um posto de gasolina na Getúlio Vargas. Chego cedo e como os conselheiros vão chegando aos poucos, me detenho em observar e fotografar uma exposição de plantas e projetos, criação e doação da ASSENAG, a Associação dos Engenheiros locais, para a Prefeitura Municipal, tudo devidamente assinado por Emerson Crivelli e Priscila Cucci.
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Viajei no local vendo as amplas possibilidades criadas e expostas ali. Na primeira um projeto de Restauro da Estação Ferroviária Central. Tudo muito belo, com uma divisão do térreo contemplando opções de comércio, de lazer e cultura. O ponto negativo e muito discutível foi observar toda a
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gare, onde hoje existem duas plataformas (a terceira, a externa, parece será mantida) e dois túneis, transformada em um ambiente cheio de cadeiras e mesas, o tal do boulevard. Não gostei e espero ser convencido do contrário. Entendo que essa situação mereça um estudo mais aprofundado e cuidadoso, não só para não melindrar os ferroviários, alavancadores do progresso de Bauru, mas também onde se consiga contemplar tudo o que já foi p
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roposto com o uso dos trilhos, principalmente nas atividades de turismo ferroviário. Trata-se de um projeto inicial. Essa minha contribuição, que se discuta mais (e mais).
Num segundo, o de uma Praça Paraesportiva, essa localizada na Nuno de Assis. Não sei se essa é que o vereador Roque Ferreira sugeriu, bem embaixo do viaduto João Simonetti ou é do lado de lá, numa área livre entre a avenida e residências. Gostei do que vi e ouvi que já existe até verba específica para sua implantação. Nada a contestar. Sendo o segundo projeto, aliado ao sugerido pelo Roque, de utilização
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de uma quadra, essa em área da antiga FEPASA, com pistas de skate e afins, todo aquele entorno teria uma bela revitalização. Torço por isso, moro nas imediações e sei o quanto é sofrível aquela região, principalmente a noite. Quanto ao cheiro do rio Bauru, espero e acredito vê-lo tratado em breve. Acreditem, em
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1977, quando o Corintíans foi campeão paulista após 22 anos de jejum, as comemorações ocorreram naquela avenida. Ali era o point da cidade e eu tinha meros 17 anos.
O terceiro, talvez o mais polêmico, o da Câmara Municipal de Bauru, num local que não entendi direito, talvez lá na avenida Coube, acesso à UNESP. Explico o não entendimento. Não está certo que a Câmara será na Estação? Não se gastaria muito menos com isso? Ou esse é apenas um projeto, que já feito, está sendo meramente exposto. Tomara que não passe disso. Vejo obras muito mais urgentes e necessárias, mesmo o projeto sendo dos mais belos.
2. O outro tema presenciado foi na própria reunião do CODEPAC, com a a
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presentação e aprovação por unanimidade dos conselheiros presentes, pela abertura de um processo de tombamento do Bauru Tênis Clube. Comenta-se que o atual dono possuía intenções de apressar a demolição de tudo, um arrasa quarteirão. Antes que isso ocorra, a Associação dos Amigos do Museus de Bauru, presidida por mim e tendo como vice, o professor Fábio
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Paride Pallotta (esse ex-atleta do Tênis), encaminhamos ofício para promotoria Pública e o conselho, agilizando a abertura do processo. Não existe nenhuma intenção de frear ou impedir o progresso da cidade, como dizem as más línguas por aí. Pelo contrário, queremos isso sim, sempre, preservar a memória do rico patrimônio ainda existente na cidade. A sugestão, acatada por todos, é de que o processo tenha como alvo somente a nave central, o salão de festas, também conhecido como transatlântico, liberando todas as demais instalações. Quer dizer, a área sugerida para tombamento não ultrapassa 20% de todo o Tênis. Qualquer empreendedor mais aguçado, não se sentiria tolhido em
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nada diante disso, extraindo daí, amplas possibilidades. Quanto ao histórico do Tênis, percebam pelas fotos repassadas a mim pelo Pallotta, tiradas com seu celular, a rica arquitetura, que aliado a tudo o que já ocorreu naquele salão, a real necessidade dessa providência pelo tombamento.
Processo iniciado, aguardamos um amplo debate entre as partes, uma contrária e outra favorável, tudo
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dentro de uma discussão que deve ocorrer, com argumentos consistentes de ambos os lados. Algo que muito me entristece é um diálogo travado tempos atrás numa reunião do CODEPAC, com proprietários de um imóvel que não queriam o tombamento. Com muitas viagens ao exterior usaram esse tipo de argumento: “Veja, na Europa observamos muitos imóveis históricos, todos preservados e bem cuidados. Lá a valorização é certa e a preservação
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mais do que necessária. Aqui não, ninguém liga, temos que pensar no futuro do nosso imóvel e não se prender a velharias”. Lá e no dos outros, sim; aqui e no meu, nem pensar. Sair desse lugar comum é o papel que nos cabe nesse momento. No país não existe quase nenhuma mentalidade empresarial de preservação, só e unicamente a de ganhar dinheiro, negócios e mais negócios. Assim fica difícil, muito difícil.
Por fim a frase, lida hoje pela manhã no jornal BOM DIA, nas repercussões do início do tombamento, comprovando que para muitos (mas muitos mesmo), tudo não passa de um grande negócio, só isso, proferida/desferida pelo vice-presidente do Bauru Tênis Clube, Ricardo Coube: "Esse pessoal precisa arrumar serviço para fazer". Comentar o que diante de tamanha irracionalidade.