domingo, 29 de novembro de 2009

DIÁRIO DE CUBA (42)

REFLEXÕES E UMA PEÇA TEATRAL, A "LA PERICIAS", NO 16º DIA EM CUBA
Continuo meu relato do dia 22/03/2008, um sábado, em Santiago de Cuba. Passamos a parte da manhã visitando o famoso cemitério de Santa Efigênia, com túmulos famosos. Almoçamos no mesmo restaurante do dia anterior e aproveito para relembrar com o Marcos de uma foto que havia tirado pela manhã, uma livraria junto a uma sacada de uma casa e na mesma, a bandeira cubana desfraldada. Acho isso lindo e percebo essa demonstração patriótica por todos os lugares. Eles não possuem vergonha alguma de colocar os símbolos do país nas casas, escolas, lojas, hotéis, assim como o busto de Martí, também espalhado por tudo quanto é lugar. No Brasil, o verde-amarelo e a bandeira estão expostos diariamente um poucos lugares e de uma forma expressiva quando das Copas do Mundo, de quatro em quatro anos. Tirei outra foto, essa gerando boas risadas, um porco amarrado numa calçada, gordão, bonitão, lá nas imediações do cemitério. As risadas foram por não haver pedido para tirar a tal foto e sua dona não gostou muito. Percebi meu erro e na maioria das vezes, passando a tirar fotos de pessoas, pedia antes do click. Algo mais do que normal.

Rimos também de sua concentração na troca de guarda do mausoléu de Martí. Ele tão absorto, quase em êxtase e fui interrompê-lo justamente num daqueles momentos para que tirasse uma foto minha tendo ao fundo os soldados. Ele, sem virar o rosto da cena que presenciava, disse: "Agora não". E foi só, continuo em transe. Só agora, já passada a emoção, ele consegue conversar calmamente sobre o assunto. Sobre o restaurante, onde havíamos almoçado, notamos quase todas as mesas cheias e só nós e mais um casal de turistas estrangeiros. Todos os demais eram cubanos. Isso desmente o que dizem, de forma mentirosa, que eles não podem e não possuem condições de frequentar restaurantes. Podem até não representar parcela significativa da apopulação, mas os vejo em todos os lugares e nos mesmos locais que os turistas frequentam. Estamos aqui justamente para desmascarar algo mentiroso difundido no Brasil e em alguns outros lugaresdo mundo. Observei algo ontem, no mesmo restaurante, quando uma senhora pediu uma pizza, com o preço girando em torno de dois pesos, tirou de sua bolsa um yogurt, bebeu metade junto com a comida, guardou o restante, sem se preocupar com comentários. Fez e pronto. Achei lindo.

Provo a primeira cerveja Cristal ("La prefer da de Cuba") e o faço sózinho, pois Marcos vai de refresco. Descansamos no hotel e saio sózinho no meio da tarde. Quase trombo com um bêbado cruzando a rua na diagional. Os olhares de repreensão são iguais, tanto lá como cá. Me detenho diante da Taberna da Dolores, na praça central e fiquei observando por uma janela as carnes sendo manipuladas numa grande mesa de madeira, talvez um cerdo ou um porco inteiro. Fico encantado por ir descobrindo esses detalhes, muitos passando desapercebidos da maioria dos turistas. Vou parando pelas ruas e observando os gestos e a movimentação em geral, quase sempre sem procurar ser notado. Sento na praça, diante de uma fila de táxis, todos legalizados. Sei que existem os particulares, assim como as bici-táxis, com adaptações para levar até duas pessoas. Por mais interessante que possa ser, eu e o Marcos preferimos gastar nosso dinheiro em meios de transporte legalizados.

Por volta das 20h15 saio novamente só, descendo até o Teatro Calibán, tomando meu yogurt cubano pela rua. Assisto a peça "Las pericias". Uma justificativa por causa de um pequeno atraso, causado por um ator, que havia chegado naquele momento. A sala é acolhedora e lá já havia estado lá no "Mujeres". Vim no escuro, simplesmente por gostar de teatro e principalmente por não querer perder essas oportunidades, únicas e sempre muito ricas. Vim até aqui para conhecer algo novo sobre Cuba e assim procedo. A peça é humorística e se passa em pouco mais de uma hora. Uma empregada na casa de três idosas, todas recalcadas e cheias de desejos não realizados durante o transcorrer de suas vidas. Vão colocando para fora tudo aquilo que estava guardado/contido por muitos anos. Muitas famílias e jovens em grupos, compõem a eclética platéia.

Volto para o hotel por volta das 21h40 e me espanto em ver a praça diante do hotel, a La Marte, superlotada por jovens. Num dos cantos, num palco improvisado, um cantor aguçava a massa. Circulei por todos os cantos, com poucos espaços vazios e os trajes, como o de muitos jovens de várias partes do mundo. Vejo circular bebida entre alguns e cigarros. O cubano fuma muito, em todos os lugares. Uma das coisas que mais observam nos turistas é se fumam. Fico ali curtindo a música deles, com uma cervejinha na mão até bater o sono. Quando subo, lá de cima, ainda ouço o som da praça. Queria até descer novamente, subir ao andar superior, numa boate dentro do hotel, mas cai no sono. Amanhã, domingo, seria nossa despedida de Santiago e nem a mala tinha começado a arrumar. Conto isso logo mais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fraco, hem!!!!!!!!!!!!!!

Mafuá do HPA disse...

Não desista.

Tento melhorar um "bocadim" no próximo.

São só dois por mês, aprecie com moderação, ou como eu, com abnegação.

Cuba é tudo de bom, meu texto, nem tanto, sei disso, mas insisto. Um dia acerto a mão.

Henrique - direto do mafuá