BUTIQUINS (OU SERIA BOTEQUINS?) IMUNDOS
Gosto de bares, botecos, butiquins (com essa grafia mesmo), pés-sujos e afins e freqüento pouco (mas pouco mesmo) os bares da moda. Esses não me fazem a cabeça. Nada como uma boa e radiante espelunca a um desses lugares cheios de gente, arrotando um palavrório besta e metido. Bares na Getúlio não fazem nem cócegas nos bares de vila, que de fato me comovem. Abro exceções, uma delas é o Templo Bar, do Fernando, pois mesmo com uma comidinha de luxo, mantém um pé atolado no bom gosto, principalmente durante os dias de semana (terça a quinta), com a boa e insubstituível MPB (tão em falta por aí). Ali pago caro, mas o som e o astral me tocam. Dos demais, o único que entro e bebo é o do Português, da Paula e do Fernando. Na grande maioria dos denominados de “fino trato” (não para mim), come-se pouco, bebe-se de tudo, mas se paga muito e fujo disso. Botequim de cardápio caro, alguns até com pizza (imagine, boteco servindo pizza), dou meia volta em todos e caio na periferia de Bauru.
Recebi sábado à tarde, telefonema de Duílio Duka, de quem sou, orgulhosamente, cambono, posto que há uma impossibilidade física de reverter o tempo e ser - como tenho inveja boa deles!!!!! - seu aluno em sala de aula embora eu o seja nas mesas dos bares onde bebemos juntos. Duka é meu mestre e com ele freqüento bares e botequins imundos. E como ele está precisando disso, ainda mais depois das agruras de uma greve a que foi praticamente obrigado a fazer, contrariando uma turba que nada faz, mas critica barbaridade. Bebo com ele (junto de sua companheira, a Rosana Zanni) e todos meio desprovidos do vil metal, passamos defronte alguns luxuosos bares. Nada nos fez parar, muita gente, fila nas calçadas, gente perfumada em excesso e papos que não eram os nossos. Nada batia com nosso espírito.
PhDs em botequins, conhecedores de qualquer birosca de subúrbio, tipo daqueles onde inenarráveis peixinhos fritos saltam da frigideira, aportamos num qualquer, numa ponta de vila (entre a vila Cardia e a Paulista, não sei o nome e nem se acho novamente, efeito etílico). Foi dito e feito, adoramos e isso me fez ir aos alfarrábios em busca de uma frase do ator Hugo Carvana: “Para ser perfeito, um botequim tem de ser um pouco fedorento. Aquela mosquinha voando por cima do tira-gosto é fundamental”. O nosso, tinha uma névoa pairando no ar, mas não era pelo calor (quase 40º naquele dia) e sim, pela fumaça de churrasquinho na calçada.
Bebemos além da conta e pagamos uma merreca. Ótimo, pois nossos combalidos bolsos não poderiam sofrer fortes abalos. Comemoramos o fato de continuarmos sendo do contra. Era isso, um texto curto e grosso enaltecendo uma verdadeira instituição nacional, o botequim. Duka vai embora reclamando por não possuir nenhum livro novo para ler (todos os seus ainda estão em Botucatu). Havia comprado um do Fausto Wolff no Sebo Literário e numa abertura aleatória, o que leu o fez ficar com o livro (ficarei em cima da devolução, pois nem o li): "Nunca me considerei um filhodaputa. Não sou daqueles que chuta pessoas caídas no chão, muito menos arroto privilégios, benefícios pessoais ou sacaneio e peço vantagens. Vim para desfrutar disso tudo, não para enriquecer e passar a perna nos meus semelhantes..."
Gosto de bares, botecos, butiquins (com essa grafia mesmo), pés-sujos e afins e freqüento pouco (mas pouco mesmo) os bares da moda. Esses não me fazem a cabeça. Nada como uma boa e radiante espelunca a um desses lugares cheios de gente, arrotando um palavrório besta e metido. Bares na Getúlio não fazem nem cócegas nos bares de vila, que de fato me comovem. Abro exceções, uma delas é o Templo Bar, do Fernando, pois mesmo com uma comidinha de luxo, mantém um pé atolado no bom gosto, principalmente durante os dias de semana (terça a quinta), com a boa e insubstituível MPB (tão em falta por aí). Ali pago caro, mas o som e o astral me tocam. Dos demais, o único que entro e bebo é o do Português, da Paula e do Fernando. Na grande maioria dos denominados de “fino trato” (não para mim), come-se pouco, bebe-se de tudo, mas se paga muito e fujo disso. Botequim de cardápio caro, alguns até com pizza (imagine, boteco servindo pizza), dou meia volta em todos e caio na periferia de Bauru.
Recebi sábado à tarde, telefonema de Duílio Duka, de quem sou, orgulhosamente, cambono, posto que há uma impossibilidade física de reverter o tempo e ser - como tenho inveja boa deles!!!!! - seu aluno em sala de aula embora eu o seja nas mesas dos bares onde bebemos juntos. Duka é meu mestre e com ele freqüento bares e botequins imundos. E como ele está precisando disso, ainda mais depois das agruras de uma greve a que foi praticamente obrigado a fazer, contrariando uma turba que nada faz, mas critica barbaridade. Bebo com ele (junto de sua companheira, a Rosana Zanni) e todos meio desprovidos do vil metal, passamos defronte alguns luxuosos bares. Nada nos fez parar, muita gente, fila nas calçadas, gente perfumada em excesso e papos que não eram os nossos. Nada batia com nosso espírito.
PhDs em botequins, conhecedores de qualquer birosca de subúrbio, tipo daqueles onde inenarráveis peixinhos fritos saltam da frigideira, aportamos num qualquer, numa ponta de vila (entre a vila Cardia e a Paulista, não sei o nome e nem se acho novamente, efeito etílico). Foi dito e feito, adoramos e isso me fez ir aos alfarrábios em busca de uma frase do ator Hugo Carvana: “Para ser perfeito, um botequim tem de ser um pouco fedorento. Aquela mosquinha voando por cima do tira-gosto é fundamental”. O nosso, tinha uma névoa pairando no ar, mas não era pelo calor (quase 40º naquele dia) e sim, pela fumaça de churrasquinho na calçada.
Bebemos além da conta e pagamos uma merreca. Ótimo, pois nossos combalidos bolsos não poderiam sofrer fortes abalos. Comemoramos o fato de continuarmos sendo do contra. Era isso, um texto curto e grosso enaltecendo uma verdadeira instituição nacional, o botequim. Duka vai embora reclamando por não possuir nenhum livro novo para ler (todos os seus ainda estão em Botucatu). Havia comprado um do Fausto Wolff no Sebo Literário e numa abertura aleatória, o que leu o fez ficar com o livro (ficarei em cima da devolução, pois nem o li): "Nunca me considerei um filhodaputa. Não sou daqueles que chuta pessoas caídas no chão, muito menos arroto privilégios, benefícios pessoais ou sacaneio e peço vantagens. Vim para desfrutar disso tudo, não para enriquecer e passar a perna nos meus semelhantes..."
Obs.: As duas charges em tamanho maiores são do JAGUAR e expressam algo sobre o que escrevi. Na primeira, um prefácio em forma de desenho, para um livro do Moacyr Luz e na segunda, uma antológica, ainda dos tempos d'O Pasquim. O texto grifado não é meu, foi chupado do blog do Eduardo Goldenberg (www.butecodoedu.blogspot.com), com as devidas adaptações. As demais ilustrações foram conseguidas via internet, consultando o Santo Google, sob evidentes efeitos etílicos.
Um comentário:
Henrique
Duas coisas sobre esse seu tezto. Ele me fez lembrar de uma música do João Bosco e do Aldir Blanc. Depois, ainda sobre a música e botecos, algo que encontrei na internet. leia:
Almoço na sogra e Bandalhismo
Certa vez, ainda nos tempos de namorado, lá pelos 19 anos de idade, num domingo minha sogra resolveu fazer rabada. Mandou avisar com antecedência. Como eu sempre gostei muito da dupla Bosco e Blanc e de rabada, vivia comprando discos e tocando suas músicas que avidamente esperava sair na antiga revista Violão & Guitarra, para depois impressionar a namorada com meus dotes musicais. Não me fiz de rogado.
Domingo, de banho tomado e todo cheiroso lá vou eu para a casa da namorada e levando debaixo do braço o LP Bandalhismo, doido pra mostrar para a sogra o quanto a música pode “casar” com a culinária.
Lá chegando já fui me apoderando da vitrola. Sim, sou desse tempo. Enquanto o rango estava nas preliminares para ser posto à mesa, e eu ataco de “Tal Mãe, Tal Filha” (“…minha sogra, Deus a tenha. O Terror da Penha. Velha desbocada, Center-Half nas peladas, braba de umbigada”). Alguns olhares da sogra foram meio enviesados. Será que ela pensou que era alguma indireta que eu estaria mandando? Acho que foi isso o que ela pensou. Até aí tudo bem. Mesa posta, nós três à mesa e a bandeja com a rabada fumegante a nos esperar. Cervejinhas rolando pra lá e pra cá até que falei que deveríamos comer a rabada ao som de “Bandalhismo”. Depois que os pratos foram devidamente servidos, levantei-me pedindo silêncio para que prestassem atenção na letra e coloquei a faixa do LP para tocar.
E começa o João Bosco… “Meu coração tem botequins imundos, antros de ronda vinte-e-um, porrinha…”. Olhares um tanto parados devido ao tema.
Garfadas suaves eram dadas para que a voz do João Bosco expusesse a letra. Olhares já um tanto esbugalhados da sogra para mim no “Essa vontade de soltar um barro” e eu todo feliz por estar mostrando cultura para ela. O João Bosco manda…” Como os pobres otários da Central já vomitei sem lenço e Sonrisal o P.F. de rabada com agrião…”. E eu ouço…”Minha filha ele ta estragando o almoço…”
Nem deu tempo de ouvir a parte com o Paulinho da Viola. Fiquei com cara de tacho e rapidinho tirei a música.
http://recantodaspalavras.wordpress.com/2008/05/13/almoco-na-sogra-e-bandalhismo/
Segue também a letra do Bandalhismo, onde João Bosco e Aldir Blanc citam os tais dos botequins imundos:
BANDALHISMO (João Bosco - Aldir Blanc)
Meu coracão tem butiquins imundos,
antros de ronda, vinte-e-um, purrinha,
onde tremulas maos de vagabundos
batucam samba-enredo na caixinha.
Perdigoto, cascata, tosse, escarro,
um choro solucante que não para,
piada suja, bofetao na cara
e essa vontade de soltar um barro....
Como os pobres otarios da Central,
jah vomitei sem lenco e sonrisal
o p. f. de rabada com agriao...
Mais amarelo que arroz de forno,
voltei pro lar, e em plena dor-de-corno
quebrei o video da televisao.
do seu amigo carioca Pascoal
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