Mafuá do HPA

ARTIGOS NO JORNAL BOM DIA (47 e 48) e UMA ALFINETADA (62)

ASSUMIDO CASSANDRISTA - texto publicado no BOM DIA, edição de 14.11.2009
O butim na Associação Hospitalar de Bauru escandaliza a todos. Pera lá, todos é modo de dizer, pois pelo menos uma pessoa pede calma, talvez um olhar piedoso para os que dilapidaram o dinheiro público e uma apuração “lenta, gradual e segura” (lembram-se, esse o lema da nossa Anistia?), de infindável duração. Calma, muita calma nessa hora. Entristece ver um vereador, com toda a qualificação de um entendido em aplicação das leis, vir a publico e da tribuna da Câmara de Vereadores (09/11), além do pedido de calma, acusar que os que incitam e exigem mais, são verdadeiras “cassandras”. A fala teve um tom de puro deboche e eu, que orgulhosamente conclamo não só a apuração e a denúncia pública dos acusados, mas que tudo acabe caindo no colo do padrinho político dos Saabs, o deputado estadual Pedro Tobias, assumo ser cassandrista juramentado. E nessa qualidade, relembro algo para os que não conhecem muito bem a origem do termo. Na mitologia grega, Cassandra é amaldiçoada por Apolo e ninguém jamais deveria acreditar em suas profecias ou previsões. Ela é considerada como louca ao tentar comunicar à população troiana as suas inúmeras previsões de catástrofe e desgraça. Sua sucessiva tentativa para destruírem o Cavalo de Tróia foi em vão e deu no deu. Na mitologia tudo é imaginário, aqui a coisa é bem real, concreta e pedir calma é o mesmo que abafar tudo, nada recomendável. Em tempo, o vereador que vos falo é o demista José Roberto Segalla.

PAU QUE DÁ EM CHICO... - texto publicado no jornal BOM DIA, edição de hoje, 21/11/2009

Um novo apagão deixa boa parte do país às escuras por algumas horas. Fatalidade, raio, descuido ou negligência? O Governo Federal foi rápido na resposta (raios em Itaberá), mas parece não ter convencido o grosso da mídia nativa, que faz de tudo (e mais um pouco) para procurar motivos outros, tudo para tentar desqualificar Lula. Envolvem logo de cara a ministra Dilma, numa nova tentativa de colocá-la em situação delicada. Para um desavisado essa investigação toda parece ter um sentido patriótico, interesse meramente de contribuição na solução do problema, mas esse filme por essas plagas é velho e o final já é conhecido de todos nós (“que saco, eu morro no fim”). Vi até um sitiante lá da região onde o suposto raio caiu, dizendo ter garoado naquela noite. Cerco intensificado, nada como contribuição e sim, como destruição. Tudo caminhava dessa forma, com mais uma tentativa de encurralar Lula. Pois não é que um fato novo ocorre para provar a todos que, “pau que dá em Chico dá em Francisco”. Três alças do Rodoanel caem nos arredores de São Paulo, em obras feitas pelo Governo paulista, sob direção do Serra, justo ele, o pré-candidato ao Governo federal pela oposição. Estava escancarado algo do tipo: as obras foram apressadas, com a intenção de serem inauguradas antes das próximas eleições. Aqui por Bauru, ocorreu fato similar, com o Poupatempo. E agora, que chato, hem? Se cutucam um pelo apagão, não vai pegar bem se não cutucarem o outro pelo desastre. Xiiiiiiii, deu xabú!

ALGO CHATO, MAS NECESSÁRIO - texto publicado na edição d'O ALFINETE, de Pirajuí, hoje, 21/11/2009

Aqui por Bauru o assunto do momento é a situação da Associação Hospitalar de Bauru. Um caso dos mais graves, de como a corrupção pode estar bem ao nosso lado e só nos darmos conta quando tudo vem à tona. Bem que os avisos já estavam sendo dados a longo tempo, mas muitos preferiram amenizar as sinalizações e tudo continuou como dantes, até que a Polícia Federal promoveu uma de suas ações mais significativas na região. Um negócio para poucos, envolvendo um grupo familiar, mas muitos milhões, uma grande fortuna. O mais chato de tudo isso foi que os envolvidos são todos do grupo restrito de pessoas a circularem junto do deputado estadual Pedro Tobias (PSDB/SP). Além do fato de pegar mal, o agravante é que ele mesmo afirmou que já havia recebido avisos, mas como não existia nada de concreto, nada fez. Disse isso de início e depois, nas entrevistas seguintes, chegou a afirmar que repassou o problema para a Secretaria de Estado de Saúde. Pequenas contradições e uma antena ligada, ainda mais porque assessores seus já atuaram em cargos de direção dentro da tal AHB. Um deles, o ex-prefeito de Avaí, atuou por lá justamente no período investigado e depois foi se instalar como assessor parlamentar em seu Escritório Político. O deputado exonerou o assessor, mas isso não basta. As investigações continuam e doam a quem doer, terão que ter uma conclusão que explique muita coisa ainda sem resposta. Dinheiro público e na quantidade que foi desviado é algo que não pode passar em branco. Por aqui existe um batalhão de choque do parlamentar apregoando que ele fez muito pela cidade e pela região e não pode ser crucificado. Poder também acho que não, mas investigado sim. Ele e seus assessores, até para que se nada houver contra eles, saiam bem nessa história. O que não pode e não deve é usando de ter ajudado a entidade com verbas significativas, querer que isso o isente de tudo. Ninguém aqui na face do planeta pode ser considerado acima do bem e do mal, ainda mais quando o negócio é dinheiro público. O fato é que tudo repercutiu muito mal para Pedro Tobias e muitas explicações ainda precisam ser dadas. E todos estão aguardando ansiosos por elas e pela divulgação do resultado de novas investigações. Outra coisa, que poucos ainda tiveram a coragem de tocar é se existe algum tipo de vinculação com o ocorrido na AHB, as verbas recebidas por lá e seu uso predatório, com as muitas outras recebidas por instituições similares na região, as denominadas Santa Casas. Seria de bom alvitre uma investigação em tudo o que foi feito na região. Bom para o deputado, que ficaria isento de problemas com isso e bom para cada cidade, que teria realmente o dinheiro conseguido utilizado totalmente para o fim a que foi destinado. Que cada cidade faça também a sua parte nessa questão. Um labirinto com saída de fácil acesso, basta querer encontrar o caminho correto.