domingo, 1 de novembro de 2009

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM *(03)

JOSÉ TRAJANO, UM REVOLUCIONÁRIO JORNALISTA
(* Quando criei esse título, minha intenção foi sómente uma, a de homenagear aqueles (as) que fizeram de suas vidas, algo a engrandecer e dignificar a passagem por esse planeta enquanto vivos. Uns a conseguiram, resistindo bravamente e continuam com a mesma postura e outros que, mesmo já tendo partido, deixaram uma mensagem de vida das mais dignas. Um pequeno perfil. Comecei no mês de setembro, com Raphael Martinelli, um dos que sobraram e resiste, com o mesmo discurso e ação à vida inteira e prossegui com John Lennon, esse a nos fazer falta, com um relato emocionado sobre sua ação revolucionária. Continuo a série com mais um perfil, um jornalista dos mais "bravos" e dignos, esse em plena atividade, a irradiar algo tão em falta no jornalismo tupiniquim, integridade e ética).

José Trajano (http://espnbrasil.terra.com.br/trajano/) é um jornalista que desde muito cedo chamou minha atenção. Primeiro por torcer por um time, que também admiro, pequeno e que um dia, galgou um lugar de destaque entre os grandes, o América do RJ, também chamado de "Ameriquinha" (volta esse ano, com certeza, à 1ª Divisão do futebol carioca). Depois, por ir observando a forma de agir e a forma como faz uso do microfone na TV. Acompanho sua eterna luta contra os mandarins do futebol nativo e o seu arrojo desmedido pela busca de justiça social. Virei fã de carteirinha, desses a quando observar algo polêmico no campo do futebol, escutar primeiro o que está dizendo Trajano para depois emitir a minha. Outra coisa a me maravilhar é sua defesa intransigente do lado bom da cidade do Rio de Janeiro, que como ele, tanto amo (ele é de lá, da Tijuca, eu só trabalhei por lá, durante quase duas décadas).

Ele é um nome que certamente um dia terá o grande reconhecimento que merece na história do jornalismo brasileiro. Estará ao lado, ou até acima, de grandes nomes da história de nossa imprensa. Tivemos e temos nomes históricos na imprensa brasileira, João Saldanha, Mino Carta, Cláudio Abramo, Sérgio de Souza (Caros Amigos), Raimundo de Oliveira (Retratos do Brasil) e tantos outros que fizeram e fazem nossa história, mas, com todo o respeito aos grandes, nenhum conseguiu tamanha luta, tamanha vitória dentro do jornalismo nacional. Eterno rebelde contra o monopólio da poderosa Globo, Trajano não mede esforços para garantir um jornalismo sério, de alto nível e totalmente independente dentro da emissora que dirige a exatos 13 anos(um bom número), a ESPN Brasil. É uma pena ainda não estarmos num estágio a garantir uma qualidade igual a da ESPN no jornalismo na TV aberta, pois essa, mesmo sendo uma emissora segmentada (só esportes), nunca deixa de abordar temas culturais, sociais, políticos, com opiniões sempre em defesa dos menos favorecidos.

Trajano tem em sua história uma trajetória de militância na esquerda da política, admirador confesso de Brizola, sempre relembra algumas passagens marcantes do líder trabalhista, é um apaixonado também por Darcy Ribeiro, ao qual chama de mestre e se emociona cada vez que recorda de seu aprendizado ao lado do inesquecível Darcy. É um revolucionário sem dúvida, e não imagina o tamanho de pessoas que consegue tocar com suas atitudes. Tempos atrás Trajano não se acovardou ao enfrentar novamente o poderio global e conseguir na justiça uma liminar permitindo cobrir jornalisticamente um jogo da seleção brasileira no Mineirão. A Globo compra o pacotão e não permite que ninguém mais tenha acesso a informação, aliás, informação é o que a Globo mais esconde e não permite que outros a mostrem, bem, o Trajano pode, a Globo esquece que para o bem da nossa informação, existe esse verdadeiro "Dom Quixote", que várias vezes desmascarou o jornalismo canalha desta empresa. Imaginem comparações entre ele e outro grande da imprensa, Milton Neves. Impensável, pois são como água e o vinho. Se seus maiores adversários são pessoas como Nuzman, Eurico Miranda, Ricardo Teixeira, só posso admirar essa pessoa.

Sem dúvida é um dos grandes que influenciaram minha vida (e a do meu amigo, Marcos Paulo, mais admirador que eu). Tento acompanhar sua carreira como posso (não possuo TV à cabo), mas quem me conhece e também acompanha o Trajano já deve ter percebido de onde vem meu jeito explosivo para discutir certos assuntos. A fibra para debater, isso aprendi com José Trajano. Ele pode ainda não ter o devido reconhecimento no país, mas em minha vida sem dúvida, seu exemplo estará sempre ao lado de outros grandes que tenho em minha mente. São 63 anos vividos intensamente, desses a jamais fugir de uma boa discussão, tanto que durante sua vida jornalística, já perdeu incontáveis empregos, todos por um só motivo, estar ao lado a quem acredita perseguido. Li sobre ele, uma frase, que a uso como perfeita para descrever sua atuação e postura: "Um ideólogo alicerçado na indignação". Recentemente ele recebeu do Portal Comunique-se o prêmio de Executivo de Veículo de Comunicação, leiam seu pronunciamento: "Acho que foi a noite mais emocionante da minha vida profissional. Quando comecei a minha carrreira no Jornal do Brasil, jamais imaginei receber esse prêmio de Executivo de Comunicação, que é uma categoria na qual você concorre com os barões, com os chefões, com os patrões". Esse é daqueles seres inubstituíveis e imprescindíveis, pois sua "folha-corrida" é das melhores.
OBS.: este texto contou com a participação do amigo Marcos Paulo Resende, sendo escrito a quatro mãos.

Um comentário:

Caldeirão Poético disse...

Sem dúvida, um dos maiores éticos no jornalismo esportivo, ao lado de Juca Kfouri, Alberto Helena Jr, Armando Nogueira....
Coloquei NET por causa da ESPN Brasil e entendo seu jeito polêmico, mas justo em relação aos podres poderes de muitas corporações midiáticas do país da impunidade...
É um bravo guerreiro, que me espelho muito...
Justa homenagem...