RETORNANDO PARA HAVANA NUMA TARDE DE DOMINGO
O dia era 23 de março de 2008 e estávamos dentro de um ônibus retornando para Havana, após passagens por Santa Clara, Cienfuegos e por último, Santiago de Cuba, permanecendo por ali quatro dias. Viajar o dia inteiro pelas estradas rodoviárias cubanas é algo para muitas observações. Oportunidade rara, pelo menos para nós, de conhecer o interior do país, com a visão restrita à uma simples janelinha. Com um livro na mão e outro na paisagem rural, o que plantam, como o fazem, vivem e se locomovem. E como pedem caronas. São caronistas juramentados. As pequenas vilas são quase em sua maioria muito modestas, com uma saneamento básico ainda um tanto precário. As ruas mantém um bom aspecto de limpeza e nas casas, se muitas delas deixam a desejar na sua parte externa, tudo é compensado na parte interna. Os cubanos possuem um esmero muito grande com o interior de suas casas e isso é nítido em todas que adentramos nos dias por lá. Pena ter fotografado pouco esse aspecto e não poderia ser diferente, pois sem autorização, não é recomendável ficar invadindo a privacidade de ninguém. Vou acumulando essas informações ao longo da viagem e tentando entendê-los melhor.
Às 17h25 nos encontramos com um outro ônibus da Via Zul, quebrado no sentido contrário e parado quase no meio da pista. Não entendo tudo e essa é uma delas, pois as pistas em Cuba já não são lá muito largas, acostamento praticamente não existe e esse grandão está parado bem no meio fio. Ficamos por uns quinze minutos por lá e depois seguimos viagem. Mal saímos de lá, uma novidade, logo após passarmos pela cidade de Ciego de Ávila, quando o ônibus parou para um rápido abastecimento. Olhamos e não careditamos, pois lá estava um velho conhecido, a lanchonete El Rápido. Enquanto Marcos foi ao banheiro peço dois lanches grandes de "jamón e quejo" ($ 3,90 pesos). Logo a seguir outra parada, essa de quarenta minutos, num restaurante à beira da estrada, do tipo choupana, muito bonito. Desço só, pois Marcos que havia acabado de comer preferiu ficar confabulando consigo mesmo. Fui andar, fazer uma espécie de reconhecimento do lugar. Divirto-me observando como eles tratam os clientes, sem aquele interesse capitalista, onde o lucro é o que comanda tudo. Tudo é feito com muita calma, sem atropelos. Entende quem quer, mas estamos no país dele, no regime político deles e estamos ali por vontade própria. Curto essa tranquilidade, bem contrastante com a nossa pressa no dia-a-dia.
Saímos desse restaurante por volta das 19h20, quando finalmente começa a escurecer. O sol já se pôs e ainda temos chão até Havana. Passamos por Saint Espiritus por volta das 20h40. Na saída da rodoviária os motoristas, sempre em dupla e muito atenciosos, trocam o vídeo e para nossa surpresa quem aparece cantando é o brasileiro Roberto Carlos, num show gravado no Chile em 1994. Olhamos um para o outro e damos boas risadas, pois nem no Brasil assistimos mais o RC (pelo menos nós, né!). Muitos cantavam as músicas do Roberto, demonstrando conhecê-lo bem. Na viagem foram vídeos e mais vídeos, que acredito foram gravados de alguma TV. Depois não vejo mais nada, durmo e quando acordo acreditava estar adentrando o terminal de Santa Clara, mas na verdade estávamos era de volta à Havana. Eram aproximadamente 0h40 e de volta no terminal Via Zul. Embarcamos num táxi ($ 5 pesos) e vamos até nosso último hotel na ilha, o Saint John's. Na segunda, logo cedo, nossos últimos quatro dias em Cuba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário