segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (19)

CENSURA E CENSURADO, O LADO REAL DA QUESTÃO
Encontro na feira dominical o radialista, ex-vereador e presidente da Câmara de Vereadores de Bauru, Cláudio Petroni. Paro para um papo. Digo a ele que fui ouvinte de seu programa matinal na FM 87,9, uma rádio dita comunitária, mantida pela paróquia católica de São Sebastião. Petroni participava toda a manhã de um programa diário de comentários políticos. De uns tempos para cá sumiu do ar misteriosamente, sem explicações. Pergunto a ele o motivo e sua resposta é clara e objetiva:

- “Aquino, mandei aquilo tudo a ‘pqp’, o gerente da rádio e o padre. Eles ficavam me impondo o que poderia ou não comentar. Não agüentei. Não tenho mais idade para isso, quero liberdade de ação. Tenho muitos anos de microfone e não respeitam nada disso. Não suportei. Tudo o que fere o jeito deles pensarem e agirem não pode ser levado ao ar”.

Comentei que o ocorrido com ele foi igualzinho com o fato gerador da demissão do Márcio Miranda, da rádio Jovem Auri-Verde AM, quando após o fechamento de um contrato para transmissão das sessões da Câmara de vereadores, estaria impedido de tecer comentários sobre a atuação de alguns deles. Na negativa, foi impedido até de fazer uma despedida dos ouvintes. Demitido no ato.

- “Igualzinho”, me diz. “Querem que falemos só o que interessa a eles. Tô fora, Aquino”.

O fato narrado aqui demonstra de forma bem clara como se processa a mais cruel das censuras dentro dos meios de comunicação no Brasil, a do poder econômico. Enquanto alguns órgãos, como o Estadão criticam uma suposta censura por não poder publicar algo sobre os atos do presidente do Senado, José Sarney, escondem de todos os atos internos, onde os jornalistas são submetidos a verdadeiros cabrestos. Praticamente não existe mais órgão onde ocorra uma total liberdade de expressão, ou seja, todos sofrem censura, a do patrão. Mesmo com toda carga de informações despejadas diariamente pelos mais diferentes meios de comunicação, só tomamos conhecimento do que o patrão (dono das TVs, jornais, rádios...) libera como confiável, ou a sua visão de mundo segundo seus interesses. A máscara de todos eles cai a cada nova revelação, iguais a essa relatada aqui pelo Cláudio Petroni.
Em tempo: O sempre útil Óleo de Peroba não deve ser usado pelo Censurado, e sim, pelo Censor, esse sim um verdadeiro CARA DE PAU.

2 comentários:

sivaldo disse...

"Horrorizai-vos porque queremos abolir a propiedade privada, a propiedade privada já está abolida para nove décimos de seus membros;ela existe precisamente porque não existe para esses nove décimos. Censurai-nos, portanto,por querer abolir uma propiedade cuja condição necessária é a ausência de toda e qualquer propiedade para a imensa maioria da sociedade. Numa palavra, censurai-nos por querer abolir vossa propiedade. De fato, é exatamente isso que queremos"
Trecho do manifesto comunista de karl Marx e Friedrich Engels.
qualquer tipo de censura deve ser questionada, principalmente a censura cometida pelo estado sobre a sociedade civil (artistas, jornalistas, escritores, professores e etc...), porem, quando aceita-se um trabalho em uma instituição católica,é claro que vai existir censura, começou na idade média e nunca vai terminar, interesses canônicos estão em jogo.
mas é muito importante continuar denunciando, qualquer tipo de agressão a liberdade de expressão.
abraço
Sivaldo Camargo

Henrique disse...

MEUS CAROS LEITORES DO BLOG:

Ninguém é perfeito e errar é humano. Mais humano ainda é reconhecer um erro e assumir publicamente. Não retiro uma palavra do que disse a respeito da censura econômica, exercida e praticada em quase todos os meios de comunicação no Brasil atual. O toque foi dado e veste a carapuça quem achar que deve. Já no caso do radialista citado, ouvi um outro lado da história hoje e achei ele mais ocnvincente do que a versão que passei aqui como a definitiva (nada é tão definitivo assim, não?). Existiram outros motivos para a saída do radialista da rádio e eles foram também muito graves. Por enquanto preferiria não tocar nesse assunto. Posso fazê-lo mais na frente, quando tiver mais dados, para não cometer novas injustiças. Sinto por ter sido um pouco precipitado. Por outro lado acho também muito pertinente a discussão nesse momento sobre o tema Rádios Comunitárias. O que seria mesmo isso? Qual o real conceito de uma e seria essa uma delas? Quem poderia falar muito bem a respeito é o professor Juliano, da UNESP Bauru, que acaba de voltar de Brasília DF, onde participou da I Conferência Nacional de Comunicação. Vou pedir a ele algumas palavras sobre o tema e volto em breve com mais detalhes. Registro um "mea culpa" por uma parte do texto publicado.

Henrique - direto do mafuá