Mafuá do HPA

BAURU POR AÍ (29)

50 ANOS DE BORACÉIA, UM LIVRO, TEATRO E GENTE DAQUI POR LÁ
Sábado à noite, uma festa na vizinha Boracéia (41 km de Bauru) com a comemoração dos seus 50 anos, tudo realizado num diferenciado teatro, para uma cidade de 4.000 habitantes, o Centro Cultural Nô Pereira. A comemoração em alto estilo conta com eventos grandiosos, dentre eles o lançamento de uma antologia poética do agricultor José Florêncio Pereira (muitas citações daquela cidade em toda obra), editado primeiro em 1925 na gráfica de Monteiro Lobato, o “Sereno na Flor” e o relançamento de uma segunda edição, nesse momento em Boracéia. Coroando isso tudo a adaptação do texto do livro para o teatro, num trabalho da professora Glória Maria Palma, sob a direção da bauruense Regina Ramos, nossa grande dama do teatro. Tudo isso sob a coordenação da competente Ju Machado, experiente no quesito atividades culturais de qualidade. Ela, além de morar em Bauru e manter aqui seu escritório de arte, presta uma ajuda substancial para a primeira dama de Boracéia, Marlette Zenatti Gianti, preenchendo de atividades culturais de qualidade aquele bonito centro cultural. Ontem, domingo, 06/12, quem se apresentou, também às 20h foi a professora e pianista, a cubana Rosa Tolon, também radicada em Bauru.

Fui conferir a festa, levando comigo, três grandes amigas, a Maria José Ursolini, a Má Veloso e a Rose Barrenha. Chegando lá damos de cara com duas personalidades bauruenses, o professor e memorialista Irineu e sua esposa, também professora Janira Bastos. Uma bela recepção e a promessa de que todos os presentes ganhariam o livro (deixamos os dados e ficamos no aguardo), além da bela direção da Regina e apresentada em pouco menos de uma hora. Emocionante e vibrante a interpretação de atores bauruenses, intercalados com gente de Boracéia, dentre crianças e alguns poucos que já haviam tido algumas poucas aulas de teatro. Regina nos diz do tempo recorde, nas dificuldades de montar o vestuário e na escolha acertada de atores com maior experiência, alguns trabalhando com teatro junto a alunos de escolas públicas estaduais. Por tudo o que ali presenciamos, a peça não pode ter somente essa apresentação e sim, ser também levada para as cidades vizinhas, como Bariri, Pederneiras, Itapuí, todas citadas no livro.

No término do evento, uma bela recepção e a possibilidade de conhecer com mais detalhes tudo o que acontece naquele Centro Cultural. Ótima momento para conhecer um pouco mais o atual prefeito e rever o anterior, Dirceu Massucato, que esteve aqui em Bauru com seus carros de boi no Revelando SP de Bauru do ano passado, lá no Sambódromo. A obra foi iniciativa de sua administração e só por isso é merecedor de um efusivo aplauso. Entender como numa cidade tão pequena, com gostos ainda muito fortes ligados à música sertaneja, rodeios e similares, está dando um exemplo para muitas grandes cidades, com agenda cheia e algo inédito, até com música clássica é algo para se parar e pensar. O Assessor de Imprensa, Vitor Pelegrineli me disse textualmente: “Fechamos antecipadamente e divulgamos todo o calendário semestral de atividades aqui apresentadas. Tudo está lá no site da Prefeitura, mas sempre sobra algum espaço para algo emergencial de última hora, porém priorizamos, com muita seriedade isso de sabermos com meses de antecedência tudo o que estará sendo apresentado”. Num outro momento ouvi dele uma preocupação dada aos artistas que vem de fora para se apresentarem na cidade: “Não temos hotéis, dessa forma quando do projeto, foi pensado num local que pudesse abrigar os artistas. Além de dois camarins, existe uma espécie de pequeno apartamento, com chuveiros, tudo para que os artistas não precisem viajar no mesmo dia da apresentação”. Fiz questão de lhe dar um forte aperto de mão.

Do Centro Cultural, algo da filha da Ju Machado, residente em Campinas, quando falando em nome da família, fez questão de ressaltar que igual ao belo espaço, não existe algo similar nem na cidade onde mora. Guardadas as devidas proporções, dou fé e assino embaixo. Outro bauruense por lá foi o diretor de teatro Carlos Martins, mas presença marcante mesmo foi sua companheira, a sensível Margarete, que não conhecia pessoalmente. Conversamos animadamente sobre cultura nas muitas rodinhas de bate-papo. Da Regina Ramos, chovo no molhado, a simpatia em pessoa e mais uma demonstração de sua competência. Tenho certeza que todos que por lá estiveram saíram plenamente satisfeitos com a bela apresentação. Eis um local onde a Cultura está sendo escrita com letra maiúscula, pois é levada a sério. Que sirva de exemplo para tantas outras Prefeituras.

EM TEMPO: Duas grandes alegrias dominicais. Na primeira, essa já previsível, a reeleição de EVO MORALES na vizinha Bolívia, com mais de 50% dos votos. O povo boliviano está garantindo a continuidade de um governo popular e o primeiro naquele país a olhar e atuar com carinho na defesa dos seus interesses. Ele, com muito carisma, conseguiu vergar uma cruel elite, aquela que só pensa e age em função do próprio umbigo. A Bolívia precisava, e muito, de um Evo. No segundo, também previsível, o FLAMENGO tornou-se hexacampeão brasileiro de futebol. Nada mais a acrescentar, ganhou quem teve mais competência, no mais vibrante campeonato de pontos corridos desde sua implantação. Falando em competência, o Fla ganhou, mas se querem saber, para mim, o melhor time do campeonato é outro, o Fluminense. Ganhou tudo no 2º Turno e promoveu um cala-boca na crônica esportiva nacional, que já haviam decretado sua queda. Foi demais.