domingo, 6 de dezembro de 2009

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (06)

O ATOR PAULO BETTI, SUA VINDA PARA BAURU EM 2006 E ESSE HPA
O contato reestabelecido com Paulo Betti, quando de sua vinda para Bauru, primeiro para o filme "Cafundó" e depois, para o musical "A Canção Brasileira", tiveram meu nome envolvidos (com todo o apoio do ex-secretário de Cultura, José Augusto Ribeiro Vinagre, na administração Tuga Angerami). O gostoso de tudo aquilo foi o reconhecimento do Paulo em texto, publicado inicialmente no BOM DIA de Sorocaba, sua cidade natal, onde mantém uma coluna semanal no jornal e depois, reproduzido na edição daqui, em 23/06/2006. Esse texto é o que o Paulo e eu relembramos aqui, junto com fotos tiradas pelo pessoal do Alameda Quality Center, que comprou a idéia e trouxeram o ator para o lançamento do filme. Montamos um belo aparato por lá, com a Folia de Reis, umbandistas e a Banda Municipal de Bauru (todos personagens do filme), além de muita gente conhecida. Foi uma época de intensa movimentação no Teatro Municipal de Bauru e arredores, mesmo com pouquíssima grana em caixa. Fizemos e acontecemos, durante quatro anos. Revejam texto e fotos aqui e agora:

"Amigos, estou ansioso com minha primeira ida para Bauru.
Quase sempre foi o teatro que me levou aos lugares que conheço. Não é diferente dessa vez. A"Canção Brasileira" me leva a terra do Mauro Rasi, autor teatral com quem trabalhei e que me despertou inicialmente a vontade de conhecer a cidade. Mauro falava muito de Bauru em suas crônicas e peças. Através dele comecei a amar, a distância, aquela que foi conhecida inicialmente como "Patrimônio de Bauru". Fui o produtor do espetáculo em que Mauro homenageava sua querida mãe. Talvez "Pérola" tenha sido a peça de maior sucesso de Mauro Rasi. Comecei a criar uma vontade de conhecer o lugar onde a obra se desenrolava e onde havia nascido o grande autor e querido amigo.

Claro que outras vezes desejei conhecer a aglomeração humana que deu nome ao sanduíche mais gostoso que se faz. Em São Paulo tem o famoso Bauru do tradicional "Ponto Chic", que é completamente diferente daquele que você vai comer se pedir numa padaria da capital. E um outro sanduíche vai ser o que você vai comer em qualquer boteco no Rio de Janeiro. No "Ponto Chic" um queijo branco derretido e pedacinhos de pepino num pão frances. Nas padarias de "Sampa" é pão frances com queijo quente, presunto e tomate. Nos "pés sujos" do Rio você vai degustar um filé, pão francês e ovo.

Acho que pensei em conhecer Bauru antes. Quando eu tinha dez anos e o Noroeste se defrontava com meu time, o São Bento de Sorocaba. Foi no Noroeste que começou a jogar o maior craque de todos os tempos: Edson Arantes do Nascimento, também conhecido como Pelé. Eu queria conhecer o lugar onde marcou os primeiros gols aquele que se consagrou como o rei do futebol. Mas, vontade mesmo de verdade de conhecer Bauru, eu tive quando vi o grupo Gil Vicente se apresentando num festival de teatro amador. O ano era 1971. Quem comandava o trupe, coisa inusual, era uma mulher. Ela se chamava Celina. Eu era um jovem ator participando de meu primeiro festival e me impressionou que aquela senhora, dona de uma escola de datilografia, fosse a presidente da Federação Bauruense de Teatro Amador, a Febata. Se não me engano o filho de dona Celina era o diretor da peça. O que achei mais curioso é que ela era dona de uma escola de datilografia! Por acaso havia acabado de me formar na escola "Underwood" em Sorocaba. Aquilo me aproximou imediatamente de dona Celina e de Bauru. Mas não cheguei a ficar amigo dela. Nem ela ficou sabendo que me despertou tanta afeição platônica.

Creio que ela só veio a saber que sua personalidade tinha feito marca forte naquele ator principiante, quando, já razoavelmente famoso, participei de um programa de rádio há muito tempo atrás, em 1990. Uma história curiosa que fez com que a peça "Canção Brasileira" incluísse Bauru na sua turnê. Eu estava no ar, ao vivo, num programa delicioso que havia na Rádio JB AM do Rio de Janeiro, o programa era "As dez Mais". Apresentado pelo escritor e autor teatral, além de maravilhoso radialista, Luis Carlos Saroldi. Na atração o convidado recebia ligações, batia papo com os ouvintes e ia enumerando suas dez canções prediletas. Imagine que delícia! Recebi uma ligação de Bauru. Comentei que tinha admiração por dona Celina e o ouvinte que estava no telefone ficou visívelmente emocionado. Começamos a falar de nossos gostos e ele prometeu e mandou uma coleção de revistas em quadrinhos do Henfil, o "Fradim". Fiquei encantado quando recebi o pacote em minha casa. O remetente deBauru: Henrique Perazzi de Aquino que hoje exerce cargo na área cultural da prefeitura da cidade.

Ano passado. Dezesseis anos depois, no festival de cinema do Rio de Janeiro, no debate do filme "Cafundó" com a imprensa e público o Henrique se apresentou. Falamos de dona Celina, falamos do programa do Saroldi e do Fradim. Criamos um espaço particular dentro do debate do filme. Foi emocionante! Não dava para continuar adiando. Eu tinha que conhecer Bauru. Prometi que seria com o filme "Cafundó". Que faria um lançamento especial na cidade. Mas quando "A Canção" ganhou a estrada, insisti com a produção para que fôssemos a Bauru. Quero que o Henrique me leve para conhecer pelo menos uma máquina de escrever da escola de datilografia de dona Celina. Mas não vai ser preciso. O teatro onde nosso garboso elenco vai se apresentar leva o nome de Celina Alves Neves! Nada mais merecido! Não é uma coincidência maravilhosa? A impressão principal que tenho de qualquer cidade que visito está relacionada com o teatro da cidade. E o de Bauru tem o nome de dona Celina! Viva!

Para completar minha alegria o Henrique mandou a relação das minhas "Dez Mais" no programa do Saroldi de 1990! Vou cantar baixinho a caminho de Bauru:
1. Objeto Não Identificado (Caetano Veloso) canta Gal Costa
2. Saudosa Maloca (Adoniran) canta Adoniran Barbosa
3. Alvorada (Cartola) canta Cartola
4. Hotel das Estrelas (Jards Macalé) canta Jards Macalé
5. Neste mesmo lugar (Armando Cavalcanti e Klecius Caldas) canta Nana Caymmi e Cesar Camargo Mariano
6. Super-Homem (Gil) canta Gilberto Gil
7. Estácio, Holly Estácio (Luiz Melodia) canta Luiz Melodia
8. Desafinado (Tom Jobim) canta João Gilberto
9. Marvada pinga (Ochelses Laureano) canta Inezita Barroso
10. Folhas secas (Nelson Cavaquinho e Geraldo Brito) canta Elis Regina".

OBS.: A história do Pimpa continua rendendo. Hoje saiu no BOM DIA Bauru uma matéria, com foto na primeira página, "Jornada - Cão Pimpa vai até São Paulo após ser achado na rua em Bauru" e ocupando a página 8 inteira, "Uma Odisséia no Estado".

5 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Eu estava lá. Foi uma noite e tanto. A Cultura Municipal junto da iniciativa privada, levando os umbandistas, o pessoal da Folia de Reis e a Banda Municipal, intercalando com o filme na tela. E a presença do Paulo Betti, antes durante e depois do evento. A fala dele e a explicação do motivo da vela acesa durante o filme, para dar sorte, ele todo de branco,foi demais.
Saudades disso tudo. Hoje está tudo numa paradeira de dar gosto. Não sei se você se lembra disso, mas eu estava cursando jornalismo e fui conversar com os meninos da Foli de Reis e eles me disseram que nunca tinham ido aquele lugar, nunca tinham ido ao cinema.

Voltar no tempo faz um bem danado.

Rosângela - UNESP

Unknown disse...

Tive o prazer e a felicidade de assistir e ouvir "A Canção Brasileira" com Paulo.
Bons tempos em que a "Cultura" de Bauru estava nas mãos de gente que tem e entende de cultura, não é mesmo!

Anônimo disse...

Henrique! que coisa maravilhosa! obrigado!!!! abração,
paulo betti

ps: e ainda me lembrou de novo das minhas 10 mais! estou guardando com carinho na pasta Bauru, onde pretendo ir em breve com a peça "A Tartaruga de Darwin".

Anônimo disse...

Henrique querido, obrigada pela lembrança!

Saudade de Bauru e de do carinho de vocês com o nosso trabalho!
Até hoje faço propaganda do espaço maravilhosos que vocês têm, faço planos de voltar e levar meu namorado para conhecer o lugar.
Hoje estou trabalhando numa coisa completamente diferente, com famílias de catadores de materiais recicláveis, ajudando-os a se organizar em associações e cooperativas. Muuuuuito trabalho pela frente. Já estamos atendendo 53 grupos no Paraná inteiro. Mas é maravilhosos ver que podemos ajudar na mudança da vida dessas famílias. Dá uma olhada no site.

Grande abraço e Feliz Natal!


Romi Rosane Fischer (Produtora do Cafundó)
Instituto Lixo e Cidadania
(41) 3079 8620
(41) 8852 8833

www.lixoecidadaniapr.org.br

Anônimo disse...

Grande Henrique! obrigado por seu carinho e gentileza! Uma amiga minha que trabalha pra grife Daspu, vai ser professora aí em Bauru, passei a coluna pra ela e vou falar pra ela te contatar! E ano que vem vou de novo a Bauru com uma peça de teatro, A Tartaruga de Darwin! de novo no teatro Celina!
quando tiver o roteiro da excursão eu te aviso, mas Bauru não pode ficar de fora!
abração,
paulo betti