sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

BAURU POR AÍ (34)

HOMENAGENS
1. Gente de coragem é objeto em extinção nos tempos atuais. Ressalto uma aqui. Ela é radialista aqui em Bauru, num famoso noticiário no horário do almoço, cuidando também da área jornalística da mesma rádio, a 94 FM. Quando o assunto é mais polêmico, exigindo uma tomada de posição, principalmente pendendo para o lado dos menos favorecidos, nem sempre se assumem posições. Prevalece hoje no mundo o mêdo ou o pender para o lado mais cômodo. Poucos assumem algo contra o poder estabelecido. Quem ouve muito rádio percebe isso nos que emprestam sua voz para as notícias. Percebemos muita coisa por trás de cada tomada de posição, um lobby em defesa de interesses, do patrão ou do poder estabelecido. Durante os últimos dias virei mais fã do que já era da querida MARIA DALVA, uma batalhadora do microfone, com uma lucidez cada vez mais presente (parece vinho...). Bauru ferve por causa da cobrança do IPTU nesse começo de ano. Ouvi a última sessão da Cãmara de Vereadores pelo rádio e foi repugnante constatar vereadores defendendo a isenção do pagamento, numa atitude mais do que clara de estarem agindo em defesa de grupos. Não se falava de perdão de dívidas dos mais necessitados, mas sim dos mais endinheirados. Maria Dalva desceu a lenha de forma clara e direta, colocando o dedo na ferida. Feriu interesses da própria empresa onde atua, mas não se furtou a denunciar os que agiam em defesa de quem menos precisa de ajuda. Dalva dignifica uma profissão meio desgastada na cidade, onde numa outra rádio ouço um locutor, que também é diretor da mesma, chamando a atenção de um outro, que dizia que os donos de imóveis mais ricos eram os mais beneficiados. Fez questão de discordar com essa pérola: "Nada disso, os ricos pagam arquitetos e engenheiros para fazerem tudo, com eles não existem problemas". O problema são justamente esses, que não deixam suas residências serem vistoriadas pelos fiscais e pagam IPTU como se morassem em meros terrenos, tudo dentro de condomínios fechados. Maria Dalva dignifica o uso do microfone. Sua fala ajudou a recolocar o vagão nos trilhos.

2. Presto uma homenagem ao ex-prefeito de Iaras, EDILSON GRANJEIRO XAVIER e assim, a todos os sem-terras presos injustamente e soltos nessa semana (por que só eles? E os donos da Cutrale?). Foram 14 dias detidos por lutarem pela reforma agrária, no famoso caso da fazenda em Borebi indevidamente ocupada pela poderosa Cutrale, a gigante da laranja. A luta pela terra passa por nova tentativa de criminalização, desmerecendo a luta digna e sempre necessária pela reforma agrária. Edilson nada mais fez do que defender uma luta justa contra um algoz poderoso e cruel. O conheci pessoalmente em Iaras e dele tenho muita consideração pela coragem e disposição de estar sempre à frente das lutas do nosso tempo. Precisamos cada vez mais de pessoas com essa disposição, conscientes de que sem luta nada será conquistado. A luta do Edilson, do MST e pela reforma agrária continua e, sabemos, cada vez mais acirrada.

3. Minha terceira homenagem é para o advogado JOÃO BRÁULIO SALLES CRUZ, eleito para presidir nos próximos anos o Conselho da Comunidade Negra de Bauru. Acompanho com o toda a atenção o trabalho desenvolvido por esse Conselho, presidido até o momento por amigos queridos, primeiro Roque Ferreira, depois Duílio Duka, Ademir Elias e agora Bráulio. Reafirmo ser esse um dos mais atuantes Conselhos de Bauru, com uma atuação marcante, não só dentro do segmento da temática negra. Estão presente, marcando posição e atuantes em todos os segmentos da cidade de Bauru. Com Bráulio à frente do Conselho, a certeza de que muitas boas novidades irão acontecer.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Henrique!
Bela e merecida homenagem à Maria Dalva!
Todos nós nos inspiramos naquela dignidade, naquela voz de força, naquele contentamento de estar em Bauru e no rádio.
Peçamos a Deus que pra cada radialista meia-boca, surjam 10 maravilhosos!
Abração
W.Leite

Anônimo disse...

Também sou fã da Dalva. Já percorri o calçadão inteiro ouvindo a voz firme dela sendo ouvida em todos os cantos, todo mundo ligado no que falava.

Cristina Camargo

Anônimo disse...

É muito bom voc~e ter lembrado da Maria Dalva. Essa é uma jornalista que dignifica o microfone que usa. Nunca a ouvi fazer uso do mesmo para ficar tecendo elogios gratuitos a quem quer queseja, esses gratuitos, tipo jabá. Quando o faz, tanto os elogios, como as críticas são por atitudes tomadas, posicionamentos e trabalhos realizado. É para ser valorizada mesmo.

Daniel Proença

Anônimo disse...

Trabalhadores rurais presos são libertos em Iaras (SP)
Após 16 dias dias presos, os trabalhadores rurais, assentados no projeto de Assentamento Zumbi dos Palmares, no municipio de Iaras, interior de São Paulo, ganham a liberdade mediante concessão de medida liminar deferida em habeas corpus pelo desembargador relator Luiz Pantaleão, da 3ª Camara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A liminar determina que seja expedido alvará de soltura em favor de Rosemeire Pan'Darco de Almeida Serpa, Miguel da Luz Serpa, Carlos Alberto da Luz Serpa, Máximo Alvino de Oliveira, Anselmo Alves Villas Boas e Paulo Rogério Beral, bem como, seja expedido contra-mandado de prisão face a Paulo Costa de Albuquerque, Márcio José dos Santos, Avelino Rodrigues de Oliveira, Claudete Pereira de Souza, Romildo Pereira, Willian Miranda Cabeçono, Elizete SOuza da SIlva, Jeferson Diego Gonçalves, Ivaldo Oliveira Cintra, Jessisai Marques das Neves, Andreia do Carmo Pio, Fernando Aparecido dos Santos e Cristiano Guedes Pareira.

Os trabalhadores rurais tiveram prisão temporária decretada, prorrogada e, depois, convertida em prisão preventiva, posto que, segunto entendimento da Juiza da Comarca de Lençois Paulista (SP), Ana Lúcia Graça Lima Aiello, se soltos colocariam a ordem pública em desassossego, não deixariam correr normalmente a colheita de provas e, se condenados fossem, não possibilitariam a aplicação da lei penal.

Em sua decisão, o desembargador ressaltou a inexistência de denúncia criminal contra os traballhadores. Ele entendeu que não havia necessidade das prisões, estando o decreto prisional totalmento avesso aos pressupostos e requisitos que possibilitam a prisão preventiva (art. 312 do Código de Processo Penal) e, ainda, encontrava-se o decreto prisional contrário ao princípio constitucional da presunção da inocência. Consideraou, portanto, injustificado o decreto constritivo exarado pela Juiza da única Vara Criminal da Comarca de Lençois Paulista.

Senso de justiça

A concessão da medida liminar sinaliza que prevaleceu o senso de justiça do desembargador Luiz Pantaleão contra os interesses do agronegócio, do latifúndio e dos empresários contrários ao desenvolvimento da Reforma Agrária na região, que aplaudiram os ilegais decretos de prisão contra os trabalhadores rurais naquela região.

Da redação, com MST
(colaboração de Roberto Rainha, advogado da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos)


Marcelo Cezar Duarte Cavinato - Barra Bonita

Anônimo disse...

Caro Henrique Aquino

Agradeço as palavras elogiosas principalmente porque elas confirmam o que eu disse na série de comentários na semana passada: existem pessoas honestas nessa cidade, cumpridoras de seus deveres, que se sentem traídas quando, por um punhado de votos, vêem políticos que deveriam estar a serviço da legalidade da justiça fiscal e social , saindo em defesa do indefensável com um discurso hipócrita, próprio daqueles que defendem o paternalismo e o clientelismo , como forma de manter o eleitorado cativo .

Espero que compreenda as razões que me fazem deixar de divulgar na 94- FM a homenagem em seu blog, que me deixou lisonjeada. Poderia ser mal interpretada. Pessoas que me conhecem saberiam que jamais utilizaria minha profissão para promoção pessoal. No entanto, quem não me conhece, poderia colocar em dúvida a minha disposição única no exercício dessa profissão, colaborar de alguma forma para melhorar o meio em que vivo.
Saber que não estou sozinha nesse esforço árduo, é o que me faz continuar berrando o que penso, aqui nos microfones da 94-FM.

Mais uma vez obriga.
Estendo o agradecimento aos comentários do Daniel Proença, a jornalista Cristina Camargo e W Leite.

MARIA DALVA