SACO CHEIO (ALMIR GUINETO) E UMA CASA FORRADA DE INSCRIÇÕES
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Lembrei dessa música logo na primeira vez que vi as inscrições feitas numa casa na quadra sete
da rua Benjamin Constant, aqui em Bauru. O que está ali naquelas paredes é um profundo e sentido desabafo, algo que foi inscrito numa forma de grito contra uma repetida e gratuita imposição que estão a fazer conosco. Alguns tentam impor sua religião, como se fosse a única e a salvação do ser huma
no e para isso gritam, esperneiam e até invadem nossa privacidade. Uma grande bobagem, que alimenta cada vez uma indisposição contra certas religiões/seitas, pois além de serem inoportunas, pregam no vazio (pelo menos para mim). E avançam em outros, ocupando espaços nunca dantes imaginados... e as imposições não só somente religiosas, são os costumes, as práticas, o modus vivendi.
A casa é das mais simples e passaria totalmente desapercebida, não fosse as inscrições, escritas uma a uma em momentos diferentes. Umas mais recentes, outras já um tanto apagadas. Nem sei que tipo de tinta foi utilizada, talvez esmalte. Perguntei a um vizinho e meio constrangido me disse que sua
vizinha sai às ruas esbravejando contra isso tudo que ela escreveu na parede. Não achei conveniente importuná-la, mas reproduzo aqui seus escritos, seu pensamento, que se ali colocado, era com essa intenção, ou seja, a de ser lido e reproduzido.
Divago toda vez que por
ali passo e na manhã desse sábado não resisti, parei e fotografei tudo, nos mínimos detalhes. Não quero e nem tenho possibilidade nenhuma de ficar fazendo aqui interpretação dos motivos e da personalidade da pessoa que as escreveu. O fato é que aquilo tudo causa imensa curiosidade. E para lê-las, como fiz, cliquem em cada foto e elas se ampliarão na tela do computador. Esse é literalmente, um habitante da Terra que deve estar de saco muito bem cheio de uma pá de coisas e fez questão de expor isso, para não mais ser importunado indevidamente. Uma verdadeira metralhadora giratória. De uma certa forma, faço o mesmo aqui no mafuá, que nada mais é do que um muro, onde vou postando minhas lamentações, meus anseios, meus fracassos, minhas insatisfações e até vontades. Quem escreveu aquilo tudo
sofre,
assim como eu, as agruras desse mundo. Só não faço uso dessa insatisfação com fins discriminatórios, como em alguns inscritos lá lidos. Isso abomino e repudio. Deixo aqui o registro fotográfico de algo que faz parte da paisagem urbana da cidade onde moro.
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2 comentários:
Henrique
Que casa é essa!!!!
Só não gostei de ler lá que ela não gosta de cariocas. Algo sobre os negros também muitoruim, mas deu para perceber que é com mágoa de dizerem que recebe dinheiro de alguém negro. Não deu paar entender. Já dos partidos políticos, desce a lenha sem dó e piedade. Já dos evangélicos e de suas pregações repetitivas e cerca-lourenço achei bom. E a frase, que a religião é ópio do povo, do nosso velhinho Marx, bem na frente do portão é para espantar os de livrinhos embaixo do braço, sairem logo correndo.
Você me acha cada coisa, hem!!!!!!
Paschoal
Henrique,
O seu conhecimento cultural e o seu acervo ,é de causar inveja.
Sempre atualizado nos acontecimentos,instiga seus leitores a conhecer seu bom gosto musical.
Como hoje citando a morte desse sambista carioca Walter Alfaite,que com certeza ,quem não o conhecia,vai buscar mais informações.
Quero ressaltar tbém sua sensibilidade em contextualizar seus artigos com letras de músicas,de forma tão talentosa,como exemplo essa do Amir Guineto.
Deixa sempre uma expectativa para a próxima postagem.
Obs.Concordo com você Paschoal, sobre algumas citações absurda da pichação.
Ela não deve ter conhecido CARIOCA de verdade....kkk.
BJS
MARIA jOSÉ
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