segunda-feira, 20 de setembro de 2010

UMA CARTA (52), MEU TEXTO NO BOM DIA (91) e UMA ALFINETADA (73)

SOB PRESSÃO - publicado no BOM DIA, edição de 18/09/2010
Trabalhar sob pressão não é bom em hipótese nenhuma. Apressa decisões, dizem alguns. Apressam, mas podem ser catastróficas. Dependendo de quem exerce e quem cede, pior ainda. Aceita quem as quer e procedendo dessa forma, adentra um caminho tortuoso, o de que dali para frente muitas decisões serão tomadas mediante este expediente. O caso ocorrido em Bauru nessa semana foi por demais esmiuçado. O prefeito demite um secretário, sob acusação não comprovada de agir defendendo o lado da Prefeitura e o de empresa em litígio. E o faz sem comunicar o mesmo, em viagem de férias e para atender seleto grupo de vereadores, pressionando-o para continuar apoiando-o em votações variadas. Cede à pressão de imediato e logo a seguir, companheiros do demitido emitem nota colocando-se ao seu lado. Os mesmos que exigiram a demissão anterior agora querem a demissão do líder da nota. E isso não terá mais fim. Algo perigoso e fugindo à função da vereança. Trabalhei na administração municipal do ex-prefeito Tuga Angerami e este não cedeu à imposições ditadas por pressões vindas da Câmara de vereadores e até de órgãos da imprensa. Deixando, indicam até secretários da administração. Foi irredutível até o fim, fizeram-lhe cara feia, regatearam. Resistiu. Ficar na mão de outrem ou ir cedendo a toda e qualquer voz exaltada é algo que se faz uma vez e depois se perde o controle. Trair e coçar é só começar, diz o nome da peça teatral. E se hoje pedem isso com as portas abertas, amanhã, com as portas fechadas poderão pedir muito mais e não existirá mais como dizer-lhes não. Um perigo.


TRABALHANDO SOB PRESSÃO - publicado Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade, 19/09/2010 e no semanário O Alfinete, de Pirajuí SP, edição de 18/09/2010.
Imaginem uma panela de pressão sob as cuidadosas mãos de uma abnegada cozinheira. Ela sabe o momento exato de tirar tal explosivo do fogo, quando deve colocar a tal bomba debaixo d’água, evitando sua explosão e fazendo com que dali saiam coisas maravilhosas, bem cozidas, no momento exato, saciando nossa fome. Tem quem saiba trabalhar sob pressão e tem quem na primeira investida abre a panela, provocando danos irreversíveis, não só na panela, mas em todo o seu entorno.

Escrevo isso metendo o bedelho em algo ocorrido aqui em Bauru nesta semana. Um secretário, o dos Negócios Jurídicos de Bauru, foi demitido sem ser comunicado (viajando de férias ao exterior), sem qualquer tipo de apuração da comprovação de ter cometido alguma irregularidade, pelo simples fato de os vereadores da cidade fazerem biquinho e exigirem tal atitude. Para acalmar os exaltados ânimos, o prefeito reuniu-se a portas fechadas com esse seleto grupo e demitiu o secretário. Imediatamente vereadores vieram a público, sorridentes, afirmando a normalidade ter sido restabelecida, pois foram atendidos e, assim sendo, dariam prosseguimento em projetos de interesse do município.

Estavam empacados, tal burros xucros, esperando o tal torrão de açúcar na boca para prosseguirem viagem. Perigoso demais isso, pois procedendo assim uma vez daqui para frente quaisquer probleminhas exigirão o procedimento corriqueiro. Na sequência, os mesmos vereadores já estão pedindo a cabeça de um assessor de Gabinete do prefeito pelo fato deste ter dado apoio ao demitido.

Entendo que o tal secretário agia de forma estranha, tendo atuado como advogado de empresa acionada na justiça pela Prefeitura e hoje a mesma requer altos juros de dívida de um viaduto inacabo no centro da cidade. Porém, fritá-lo de imediato não foi prudente e com o agravante dele não ter se defendido, e só ter tomado conhecimento da demissão quando uma emissora de rádio ligou para ele. Demonstra não existir confiança na sua ilibada atuação. E quando assumiu o cargo, a cidade toda sabia que havia sido advogado daquela empresa. Aceitar pressões de vereadores é vê-los todos como verdadeiros donos da horta. Sua função é fiscalizar, não exigir.

Vejam uma comparação simples de procedimento no oposto disso. A capciosa revista Veja, em reportagem da semana passada levanta suspeitas de envolvimento de filho de uma ministra em forjado escândalo, algo requentado e sem provas. Suspeitas levantadas ao léu em véspera de uma eleição presidencial. Interesse mais do que claro.

Pois bem, líderes da oposição pediram de imediato, em alto e bom som, a cabeça da ministra. O presidente Lula, dentro da sua serenidade, exige apuração imediata dos fatos e a manteve no cargo até poderem tomar a decisão em conjunto. Por fim, a ministra foi exonerada, mas de comum acordo e para facilitar apuração das ditas denúncias. Cedendo sempre às imediatas pressões, políticos passam a pecha de terem aberto a panela de pressão antes da hora, provocando um estrago irreparável.
APRESENTAÇÃO IMPERDÍVEL EM BAURU: Terça, 21/09, 20h, entrada gratuita, Teatro Municipal de Bauru, nove anos da Banda Sinfônica Municipal de Bauru, sob a regência do maestro Roberto Soares. Nove anos não são nove dias...

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Foi na veia. O prefeito Rodrigo já demitiu o que organizou o manifesto para defesa do primeiro demitido. Dessa vez quem cai foi o Rubito. Anotem aí, esse negócio de pressão da Câmara não acaba mais. Quem seria o próximo? Muitos outros virão...

Como você disse: trair e coçar é só começar. Começou, agora não pára mais.


Marcus Vinicius

Mafuá do HPA disse...

Caro Marcusa

É verdade. E hoje encontrei na caminhada com o Mercadante, um assessor do prefeito, amigo de longa data e lhe disse:

- Cuidado. Você é o próximo. Já li que pedem também sua cabeça.

Quando conseguem o intento com um, vão ficar exigindo outro e mais outro. Trai e coçar é s´´o começar.

Henrique - direto do mafuá