quinta-feira, 16 de setembro de 2010

UMA DICA MUSICAL (64)

"NÍVEL MUSICAL DE CONSUMO" COMPARANDO FOLHETOS VENDA CDs LOJAS AMERICANAS
Fui ontem na inauguração da mais nova "Lojas Americanas" em Bauru, na Praça Rui Barbosa, na rua Gustavo Maciel. Circulei rapidamente por lá e trouxe comigo aquele folheto de revenda dos produtos. Coleciono LPs e CDs e durante anos juntei alguns desses folhetos com as fotos dos CDs lá vendidos. O de ontem foi sintomático, levei um susto e constato o que escrevo aqui já faz um tempão, O PAÍS OUVE UMA MÚSICA DE PÉSSIMA QUALIDADE. Fotografei alguns dos folhetos que tenho aqui em casa e publicando-os, faço uma comparação das músicas que adquiriamos, ou melhor das possibilidades que tínhamos anos atrás e as atuais. Pouco mais de dez, quinze anos atrás, a mesma loja oferecia uma variedade musical imensa, com catálogos variados, desde internacionais, só de algumas gravadoras, coletâneas específicas e muita, mas muita MPB. Hoje a coisa está de mal a pior e reflete o cenário musical brasileiro, ou melhor, o que o brasileiro consome de fato e de direito. Uma porcariada de dar gosto.

Não culpo a loja. Minha demonstração com a publicação dos folhetos é fazer uma amostragem das mais simples, com a exposição de uma situação que foi se deteriorando no país como um todo. A cada ano que passa o país consome música cada vez pior. É claro que existem locais onde ainda se encontra música de qualidade para ser comprada na cidade (tornaram-se verdadeiros redutos de tesouros), com clientela cada vez mais reduzida. Vide o balcão de venda de CDs das próprias Lojas Americanas, que no passado ocupavam espaço infinitamente maior que o atual. E circular por lá é uma tristeza de dar dó. Porcariada é mato.

Retiro do folheto datado de setembro 2010, essas preciosidades: Camp Rock, High School, Eclipse, Justin Bieber, Fergie, Lady Gaga, Restart, Freno, Luan Santana e Aline Barros. Nenhuma MPB e internacional de qualidade. Estamos perdidos. Começo a comparação com os folhetos de 1994, veja a variedade musical de ontem, Danilo Caymmi, Cida Moreira, MPB4 canta Noel Rosa, Marisa Monte e Jane Duboc, entre outros. No folheto de 1995 tem Coleção de Chico Buarque, Djavan e Legião Urbana. No de 1998 tem Nana Caymmi, Simone, Martinho da Vila, Marina e Adriana Calcanhoto. No do ano seguinte, 1999, tem Caetano Titãs, Milton Nascimento e Maria Bethânia. Num pequeno salto, vou para 2002 e lá encontro Pedro Mariano, Cláudio Zoli, Simoninha, Jorge Vercilio, Fernanda Porto, Tim Maia e Zélia Duncan. Em 2004, a variedade ainda é sentida, mas todos os títulos dos grandes da MPB já são lançados em promoção, com preços baratinhos, como os da Série Perfil. Já começava a decair na aceitação e o que bombava eram os sertabregas e pagodeiros mela cueca. De 2005 para frente consumou-se a preferência por um gosto mais do que duvidoso e os grandes da MPB estavam todos, mas todos mesmo em absoluta promoção. Alguns grandões de ontem continuam sendo vendidos na loja, mas sem nenhum destaque. Entendo isso por uma palavrinha mágica, encalhados e necessitando de serem desovados, dá-lhe Festivais de CDs. Daí para frente, a coisa piorou e hoje, basta circular por lá e pelas que insistem em vender música para conferior como o gosto do público degringolou. Os motivos não quero debater agora. Com a constatação feita, dá para fazer analogias mil. Fiquem com elas. Eu, continuo consumindo muito música e garimpo por aí para encontrar o que quero e em preços acessíveis. Nas magazines o que vemos é isso aí. Clima de final de feira.

OBS DE QUEM BRAVAMENTE RESISTE: Ontem à noite fui ao SESC assistir a um show gratuito com um desconhecido (para mim), Renato Godá, apresentando o show "Canções para embalar marujos", num estilo de interior de cabaré. Insistir em coisas boas é algo que não deixo de fazer, tanto que amanhã sexta, com entrada gratuita, quem também estará por lá, com minha presença garantida são OS CARIOCAS, grupo vocal formado em 1942 e reformulado com o passar dos anos, apresentando o show "Nossa alma canta". É disso que gosto e faço minha vida. Fiquem com um pouquinho do que Godá apresentou ontem.

5 comentários:

Anônimo disse...

HPA

Cada vez me certifico dos motivos de voce ter dado o nome de mafuá para esse seu ajuntamento de papéis. Tem cada coisa, meu!!!!!
Só voce mesmo.

Daniel

Anônimo disse...

Henrique

Que negócio legal. Compro cds da Americanas também a mais de uns vinte anos. Comprei lps por lá. Acompanhei como tu, esse negócio da oferta bem mais diversificada no passado e te falo mais. Comprava lps na Discoteca de Bauru, do Silvio, que fechou por essas coisas de mercado. Sou de um tempo que bem antes do Paulistão lá na Nações, existia um mercado, o Morita, onde comprei muitos lps por lá, numa diversidade grande. O tempo foi passando, a diversidade diminuiu e hoje, o que nos é oferecido é o que ouço nas rádios, porcaria pura. Por que as rádios daqui e do Brasil todo inistem em nos oferecer uma música de péssima qualidade? E depois falam que oi Brasil não cresce, que o gosto do povo é ruim, mas eles impõe essa mesmice que voce anuncia no catpalogo deste mês. Esse é o Brasil que não pensa e não quer mais transformar nada, pois quem ouve essa música atual,não contesta mais nada. Vivo nesse mundo e sinto o mesmo que voce, uma angústia que não tem mais cura. E o que fazer? Eu continuo ouvindo Tom Jobim, mas meu vizinho ouve Leonar em decibéis altíssimos e um carro lá embaixo do prédio está ligado num pagode com o som no último. Estamos ilhados. Eu voce e quem gosta de algo de qualidade. Desculpe pelo escrito alongado, mas senti no seu relato um, lamento doído.

Aurora e Aurélio

Anônimo disse...

É simples entender o que aconteceu com a música.
Ela como tantas outras coisas foram devoradas pelo capitalismo, transformada em pura mercadoria de consumo. Quando empresários de segmentos que nada tinham a ver com musica começaram a enxergar um grande meio de fazer dinheiro, se apossaram de grandes gravadoras, rádios e etc, quando se tem gente que não sabe porra nenhuma de determinado setor, dá nisso.
Sem contar no fator de alienação de um povo, o estado opressor aprendeu bem, que uma nação quando mergulhada num grande mar cultural, tem consciencia livre, rica e passa a questionar, lutar, a porcaria cultural , produz essa massa dopada sem nenhuma perspectiva de luta, infelizmente, as massas da contracultura de 68 não voltarão mais.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Anônimo disse...

Henricão

Nem os arquivos da Lojas Americanas devem ter esse material que você guardou por esses anos todos.

Rosana

João Albiero disse...

Esse mafuá parece o cinto de utilidades do batmam, sai cada coisa de lá que a gente nem acredita.
abraços
João Albiero