terça-feira, 21 de setembro de 2010

CENA BAURUENSE (69)
MUDANÇAS NA FEIRA DO ROLO E UMA TRAGÉDIA, ASFALTO COMO PISO NO LARGO
Por duas semanas consecutivas a Polícia Militar de Bauru faz marcação cerrada na Feira do Rolo, um espaço democrático e um tanto bagunçado de reencontro de pessoas. Feiras iguais à essa bauruense florescem mundo afora e precisam ser preservadas, nunca evitadas e de jeito nenhum eliminadas. A marcação da polícia tem um motivo, o fim da pirataria e do tráfico. Se for só isso, tudo bem, mais do que entendível. Conversei neste domingo com três expositores e em ambos alguma apreensão. Mudanças muitas outras administrações municipais prometeram. Várias Secretarias já estiveram no comando de sua organização. Pouca coisa mudou. Eles são céticos, mas sabem que permanecendo somente a revenda do “rolo”, será um benefício para todos, algo turístico, afinal, um "Mercado das Pulgas", aos moldes europeus é algo para ser preservado com unhas e dentes. As próximas reuniões sobre o assunto serão mais agitadas e com maior participação. Quero acompanhar e quanto mais gente melhor.

Mas quero também falar de outra coisa. Essa mais grave e mais urgente. O piso do local da feira sempre foi de paralelepípedo, desde que me conheço por gente. Sua revitalização seria um marco para a cidade. Ainda mais porque muitas coisas estão para acontecer no barracão da antiga Cia Paulista, defronte o burburinho da feira. Imaginem o tal Memorial da Indústria, com verba já destinada, segundo seus idealizadores (a CIESP – a idéia ainda estaria em pé?) e ao lado dois museus, onde antes era a antiga estação, o MIS e o Histórico. A praça ficaria linda toda recomposta, paralelepípedos nivelados e no centro o antigo bebedouro, todo restaurado. Ficaria lúdico e local de regozijo e contentamento para toda cidade.

Não sonhem muito com isso, pois a Polícia Militar torce contra e faz força para que tudo não ocorra exatamente dessa forma. Por esses dias o centro da cidade está sendo recapeado e uma camada de novo asfalto está a revestir boa parte do centro. A Rua Gustavo Maciel já o foi e revestiram um pedaço do paralelepípedo do largo da feira. Do outro lado, na rua Rio Branco, a mesma coisa e o outro canto do largo está também com asfalto. Ouvi que a Rua Julio Prestes passaria pelo recape e todo o pedaço do largo receberia asfalto. Sobraria um restinho, que com certeza também o seria. Diretores do setor cultural da Prefeitura dizem que a Polícia Militar está fazendo pressão para asfaltar tudo. Ficaria lindo esteticamente e prático para os acomodados, mas horroroso historicamente. Mais uma mancha de piche no centro da cidade.
No mundo inteiro as praças e largos iguais a esse são revitalizados e seu piso recuperado. Aqui a dificuldade é tremenda e no primeiro probleminha, taca-se asfalto e dane-se a história e o patrimônio histórico. Peço sensatez a todos os envolvidos. Olhem exemplos no mundo todo. Será difícil manter o piso original? Sim, será, mas ficará lindo e eternizaremos nosso passado ali revivido para sempre. Já nos basta o asfalto colocado sob qualquer troca de paralelepípedo no resto da cidade. Ali, pelo menos ali, vamos dar um jeito de ver uma possibilidade de repudiar a manta asfáltica. O que será preciso para sensibilizar quem tem a caneta na mão? Façamos isso, então. Feira do Rolo remodelada e largo idem, mas sem asfalto.

15 comentários:

Anônimo disse...

Querido primo,

EM BAURU, NADA SE CRIA, TUDO SE DESTRÓI.................

Sds.
Eduardo Lopes

Anônimo disse...

Henrique
Que conicidência. Li ontem na revista que assino, a Aventuras na História, no texto "Cacarecos preciosos", o que segue:

"A atriz Catherine Deneuve adora comprar móveis ali. François Truffaut andava na região em busca de inspiração para cenas de seus filmes. Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir eram habitués. E dizem que até o general Charles de Gaulle já passou por lá. Em Paris, o Marche aux Puces, ou Mercado das Pulgas, é uma aula de história ao ar livre. Localizado no subúrbio de Paris, em Saint-Ouen, ocupa uma área de 11 km de ruas, becos, galpões e lojas, que formam um labirinto que recebe mais de 11 milhões de visitantes todo ano para alegria dos 1,4 mil vendedores e 2,5 expositores que atuam no bairro. Trata-se da maior aglomeração de itens para colecionadores, antiguidades e objetos de arte de todo o planeta. Uma infinidade de ofertas, sempre renovadas, para todos os gostos, orçamentos e finalidades. Aos domingos o local fica cheio de pessoas à procura de roupas, calçados., ferramentas antigas, móveis, bijuterias, livros e obras de arte. Tudo deve ser garimpado e pechinchado entre as galerias e entre as barracas espalhadas nas ruas. A história de Saint-Ouen começou por volta de 1900, mas o mercado cresceu depois da Primeira Guerra, quando passou a atrair pessoas de baixa renda atrás de roupas baratas. Atualmente, no entanto, a vocação dele é outra. Na região são encontrados produtos que valorizam mais a estética do que a necessidade de se vestir. Por ali, é possível comprar desde um casaco militar até uma sombrinha Buberry. Com os anos, esse subúrbio tem colecionado histórias".

Guardadas as devidas proporções, temos o nosso Mercado das Pulgas e preservá-lo é mais do que necessário. Parabéns pelo resgate e pelo início de uma luta para que o calçamento de lá seja o original, ou seja, o lindo paralelepípedo. Espero que muitos comprem essa briga ao seu lado e isso sensibilize o sr prefeito.

Conte comigo e os meus.

Aurora

EFGoyaz disse...

Aqui em Araguari, no Triângulo Mineiro, estão fazendo o mesmo com as nossas ruas de pedra. Mais de 20 ruas de pedra estão sendo asfaltadas, medida que tem recebido intenso apoio popular. É que as pessoas não têm por hábito pensar e acham a maior vantagem trocar um piso permeável, artesanalmente construído, de baixa manutenção por um asfalto caro, de manutenção frequente, que se aquece mais que as pedras, que causa problemas pluviais, que permite velocidades incompatíveis com a via.
Essas iniciativas (pelo menos aqui) se devem à uma verba que vem para uso exclusivo de recapear ruas de pedras. Quanta ignorância.

Mafuá do HPA disse...

caro Glaucio Henrique Chaves, o EF Goyaz:
Percebi que vc passou a ser meu seguidor. Obrigado pela deferência. O que vc comenta aqui é de uma pertinência muito grande. O piso permeável é bom para tudo. Merece até um debate mais amplo, onde dá para se fazer uma tese sobre a inviabilidade do asfaltamento de todas nossas ruas, ainda mais numa cidade já quente como Bauru e com problemas mil de escoamento de água das chuvas. Estão impermeabilizando tudo. E por fim, a questão cultural do local.

Aurora também toca no Mercado de Pulgas parisiense, com algo similar espalhado mundo afora e aqui, com a nossa Feira do Rolo, algo a ser mantido. Vi meses atrás indo até Reginópolis o mesmo que o amigo goiano relata. O governo estadual está dando dinheiros para remodelação de praças no interior e os prefeitos acham que modernizar é derrubar abaixo o antigo, cheio de árvores, por concreto. As praças estão ficando peladas, horrorosas e as pessoas se afastam delas. Falei disso aqui meses atrás.

O debate se amplia.

henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

ñ posso acreditar no asfalto nesse espaço...agora fiquei preocupada com a Manoel,onde moro, pois temos uns tres quarteirões de paralepípedo.

restauração fica legal,mas mudança?chega a ser um heresia!! espero q sejam demovidos dessa idéia,q um grande movimento se faça!! grata por compartilhar!

Marisa

Anônimo disse...

É isso ai meu jovem, infelismente a feira do rolo se não acabar já não terá mais a beleza que tem pois asfalto naquele lugar não tem nada ha ver alem de ficar feio acho alguns negociadores daquelas bujigangas todas não mais a frequentarão infelismente já asfaltarão quase a metade e tirar este asfalto agora, quero ver quem o fará.
Indiguinação TOTAL a essas pessoas sem visão, ou sem competência para fazer tal obra.
Abraços MARCÃO DA Gráfica

Anônimo disse...

Oi, Henrique, td bem??

Concordo plenamente a apoio a campanha para a revitalização do largo da Feira.
Acho que a policia tb se preocupa com eventuais vendas de produtos de furto na feira do rolo, armas, etc, mas com uma boa organização por parte dos expositores sérios eu acho que esse problema pode ser resolvido e acho mesmo que a feira é um marco na nossa cidade.

Abraços,
Márcia Nuriah

Anônimo disse...

Pior que tudo, Henrique é o que esse menino de Goiás disse. Se for perguntar para a população ela dirá preferir o asfalto. Precisa ocorrer uma campanha junto aos munícipes, explicando dos malefícios da impermeabilização total do solo. E se a Prefeitura não fizer isso quem o fará?

Daniel Proença

Anônimo disse...

Olá Henrique

O Largo da Júlio Prestes - paralelepípedo - é objeto de tombamento.
Sabemos que a prefeitura asfaltou toda a Gustavo Maciel até o portão, cobriu o paralelepípedo.
Fui Procurado pelo Coronel Valentim, que quer construir uma praça no local.
Esta é uma das pautas da reunião da semana que vem.
Abraços

Sérgio Losnak - presidente do Codepac Bauru (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural).

Anônimo disse...

Tenho a impressão que aqui em Bauru vai ser sempre assim ...sem planejamento ...destruindo ou abandonando o pouco que ainda resta ...etc. ...etc.
E o pior de tudo, acreditam que é o "melhor" que podia ser feito!
Lamentável!

ACPavanato

Anônimo disse...

Sem dúvida Henrique, fui na minha mãe hoje e vi o asfalto chegando como se fosse uma desertificação, passei minha infancia toda brincando ali e é triste não preservarmos nossa história.

Henrique vou tocar com o Clube do Jazz no jardim botânico domingo as 11:00h, um projeto bem bacana chamado um canto no botânico. Se der para dar uma força na divulgação agente agradece e se der apareça, blz?
Abrax,

Luiz Manaia (ralinho).

Mafuá do HPA disse...

A REPERCUSSÃO FOI BOA E A EQUIPE DE ASFALTO ESTÁ JUSTAMENTE NA REGIÃO HOJE. FIZ O APELO ABAIXO ENCAMINHANDO-O PARA TODOS OS SEGMENTOS DA IMPRENSA BAURUENSE PARA REPERCUTIREM O ASSUNTO:

Meus caros (as) - A equipe de asfalto da Prefeitura está hoje atuando na região da Feira do Rolo. A pergunta que rola por aqui é: O asfalto ocorrerá em cima do calçamento de paralelepípedo do largo da Feira do Rolo? A discussão é grande, o Codepac já se pronunciou, a Polícia Militar prefere o asfalto, a população está dividida, mas quem perde sempre é a impermeabilização do solo e o patrimônio histórico. A imprensa poderia nos ajudar e divulgar o que ocorre na região.

linguissahc disse...

Trabalho no atendimento ao publico no poupa tempo, e ja atendi varios "feirantes do rolo" que estão temorosos com o boato do fim da feira do rolo, realmente acredito que uma revitalisada, uma organisada sempre é bom mas por favor cobrir o paralelepipedo com asfalto e acabar com os vendedores de cacarecos é um retrocesso do ponto de vista historico, cultural e até ambiental visto que o paralelepipeto não inpermeabiliza o solo e o comercio de usados fomenta a reciclagem e a reutilisação, mas infelizmente parece que o retrocesso é palavra de ordem em Bauru, hoje mesmo 24/09/2010 pude ver a movimentação das maquinas de asfalto na Julio Prestes, nos resta torcer e fazer preção para que projetos em andamento como passeio da maria fumaça, MIS, Feira Estação Arte continuem caminhando para evitar que aquela região tão rica historicamente deixe de ser mais uma boca de crack em nossa cidade.

www.aquihefestoopera.blogspot.com

EFGoyaz disse...

O que as ruas de pedra precisam, quando muito, é de alguma manutenção, e não de asfaltamento. Não compreendi o motivo da Polícia Militar se meter nesse assunto. Por quê ela tanto quer que se asfalte o espaço da feira?

Mafuá do HPA disse...

Meu caro novo amigo goiano:

Também não entendi direito.
Eles se meteram a querer organizar uma feira de antiguidades existente nesse largo. Levaram policiais novos, ainda em curso para lé, pintaram o local e estão todo domingo a acompanhar o desenrolar da mesma.

Não consigo juntar os pauzinhos de onde o asfalto facilita o trabalho deles e o paralelepípedo dificulta.
Eles viajaram na maionese.

Henrique - direto do mafuá