Mafuá do HPA

FRASES (75)

TRISTEZA DE UM LADO E ALEGRIA INCONTIDA DE OUTRO
Segunda brava com aquele nó na garganta. Ontem o dia prometia e o time cá que torço, o Noroeste precisava de pontinhos para fugir do rebaixamento. Enfrentou o São Paulo, um grandão, que veio desfalcado e nem assim fizemos frente a qualquer tentativa de escapar da vergonha. Ela veio com um sonoro e doído 4 x 1. Fim de domingo e manhã de hoje meio macambúzio, sorumbático, pois aprendi algo com um locutor aqui de Bauru, o J. Martins, hoje na FM Comunitária (sic) da Igreja São Sebastião: “Pode o meu time grande perder, mas quando é com o Noroeste, o dia está estragado”. Passo a semana fazendo contas, pois acreditar é uma sina de noroestino. Publico aqui somente uma foto do jogo de ontem, uma de um desolado torcedor nas arquibancadas ao final do jogo, demonstrando bem como estamos todos os que ainda nutrem um carinho especial pelo futebol interiorano.

Se a tristeza me acomete por um lado, uma alegria incontida me invade por outro. Fico sempre assim ao tomar conhecimento da inauguração de livrarias. E hoje, uma abre as portas aqui na cidade de Bauru, a NOBEL, lá na Rua Alberto Segalla nº 1-80. Escrevo abre as portas e não inaugura, pois o que fazem hoje é o começo das atividades, com as portas escancaradas à espera de gente interessada no conteúdo de suas prateleiras. Acompanhei de longe a abertura dessa loja, pois a Ana Bia mora ali em frente e fui curtindo cada momento. O mais saboroso foi quando percebemos a chegada dos livros e o pessoal ir colocando tudo nas prateleiras, uma arrumação que durou dias e tomava noites adentro. Não conheço ninguém da loja, seus donos, ninguém. Meu interesse é por mais uma livraria na cidade, algo encantador. Não gosto de monopólios, estejam onde estiverem. Uma a mais oxigena o setor.

Acho tudo isso muito louco, uma loucura das mais agradáveis. Num país onde se lê cada vez menos, aberturas de livrarias são insanidades divinais, de gente ainda acreditando numa reviravolta de mentes e objetivos de vida. Em Buenos Aires mais livrarias do que todo o Brasil, algo a ensandecer meu cerebelo. Volto de Reginópolis e lá conversando com a bibliotecária da cidade, uma tristeza sem fim ao constatar que algo tão belo, tão bem montado e com belos livros é tão pouco usado. “Os freqüentadores são os mais jovens, adolescentes e estudantes. Gente entre vinte e cinqüenta anos não vêem aqui. Na terceira idade uma oito pessoas, só mulheres. Homens nenhum”, foi o que ouvi. Na livraria do shopping, semana passada, presenciei um diálogo entre um provável comprador e um atendente, sobre um livro que procurava: “Mas não tem outra livraria por aqui, nenhuma outra aqui no shopping?”, perguntava como se isso fosse algo tão inesperado.

Livros me movem e nessa semana a NOBEL está já de portas abertas finalizando a loja para uma abertura com toda pompa no sábado, junto de um café e um amplo espaço de leitura, infantil e de reencontro de pessoas. Passo por lá e anoto os nomes dos visionários proprietários, Marcos Antonio e Fabiana Jabur, Eric Priassi, Raquel Lira e Cristina Miranda. Percorro o salão, sinto o cheiro dos livros no ar, me dizem que funcionará de segunda a segunda, das 9 às 22h e em breve, no andar superior, um Espaço Cultural para eventos e lançamentos. Não ganho nada com isso, ou melhor, ganho muito em divulgar algo dos mais auspiciosos para a cidade. Tenho comigo que anúncio publicitário de livraria não deveria ser cobrado em lugar nenhum do mundo.

Encerro a escrevinhação com três frases que sigo com fervor:
- “Acho a televisão muito educativa. Toda as vezes que alguém liga o aparelho, vou para outra sala e leio um livro” - Groucho Marx
- “Quem não lê não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo” - Paulo Francis
- “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria” - Jorge Luis Borges