TRÊS BRIGUENTOS EM TRÊS ATOS DIFERENTES E COM ALGUMA CONEXÃO
1. AMILTON SOBREIRA é o espevitado presidente do SOS CERRADO, uma entidade sem nenhum fim lucrativo, mas defendendo com unhas e dentes a preservação do que nos resta de vegetação nativa. Publiquei aqui algo sobre a sua luta para impedir o avanço da especulação imobiliária sobre a mata e que no dia 04/04 teria uma audiência, frente a frente, ele, alguns proprietários do local e representante da Prefeitura Municipal diante de uma juíza. Ele me liga e relata como foi o encontro: “A juíza viu a sala cheia de gente, pessoas que a Prefeitura dizia serem posseiros, mas na verdade compraram suas terras e vivem ali na subsistência. Ela olhou bem e disse: “Isso aqui é um problema social”. Remarcou a audiência para maio e olhando para mim pergunta se alguém queria dizer algo. Disse que a área que a Prefeitura quer é uma APA, o loteamento uma fraude e a Prefeitura está trabalhando para os grupos imobiliários. Ninguém ali era grileiro, como queriam fazer entender, para desalojar todos e ter tudo desimpedido. O advogado da Prefeitura disse que um vereador bombou o prefeito e que irá pedir ao Ministério Público a dissolução desse SOS por desvio de finalidade. Fui obrigado a dizer na frente da juíza que ele não entendia nada de Direito Ambiental e muito menos de APAs. Ainda tentou argumentar que o imbróglio era anterior a Lei das APAs. Começou a querer bater boca comigo na frente da juíza e acabei dizendo que ele representava o mal e que confessasse querer lotear o cerrado. Fiquei indignado com a sua conclusão dizendo que a Prefeitura era ambientalista e que teríamos que ficar do lado deles”. Desdobrações em novos rounds, com repercussões aqui. Continuo do lado do SOS Cerrado e do Amilton, um bravo guerreiro, espadachim meio que solitário.
2. CHICO CARDOSO é o artesão dos trenzinhos de madeira espalhados pelo nosso Museu e feiras. Aposentado, fez disso um modo de continuar alegrando sua vida, além de outra atividade essa também intensa e cheia de capítulos emocionantes. O Coral ARTE EM CANTO, lá do Núcelo Gasparini onde mora completou 11 anos de atividade e luta bravamente para que o mesmo possa continuar atuando. Não depende de ajuda pública, sempre navegaram com as próprias pernas. Entre altos e baixos, deixou de ensaiar no salão da Associação de Moradores (acéfala no momento) e tudo ocorre na área de sua casa. Está finalizando o preenchimento de vagas de ônibus para verem a apresentação do coral em Aparecida do Norte no mês de julho e no próximo sábado, 09/04, estará promovendo uma PASTELADA diante de sua casa, na rua dos Ferroviários nº 3-28 a partir das 19h. É assim que consegue renda. Nem precisa dizer que lá estarei prestigiando mais esse evento de resistência comunitária. Na segunda, 04/04, quando passei em sua casa, uma grata surpresa, havia esculpido em madeira um escudo do Noroeste e me deu de presente. Ali na sua área e oficina vejo um trenzinho para criança, quase pronto, que será todo pintado com as cores do Noroeste, uma espécie de amuleto para o time e que será mostrado a todos na próxima Feira Estação Arte junto da Feira do Rolo.
3. ROQUE FERREIRA não compra brigas, elas surgem naturalmente diante de seu posicionamento. Escolheu um lado e na defesa deste, colhe os frutos ao longo da vida e dos embates que o tornou o vereador mais atuante da atual legislatura. Atuante ao lado e na defesa dos interesses dos menos favorecidos, esclareço. O último embate, resgatando um pouco do Roque vibrante, guerreiro e resistente, com um adversário a representar o oposto a toda sua luta, Marcelo Borges do PSDB. Atuações bem distintas, num local onde qualquer coisinha poder gerar novo round no ringue chamado Câmara de Vereadores de Bauru. Bastou uma postagem no twiter do Roque demonstrando como age Marcelo em votações e esse o ameaça com Comissão de Ética, esperneia e fala grosso. Pura tentativa demosntrativas de força, queda de braço. No auge da excitação diz que Roque atua ali como se estivesse num sindicato. A resposta veio calma, certeira e adequada: "Pior são os que atuam aqui como se estivessem fazendo corretagem de imóveis". Gosto disso. Aliás, prefiro isso a manterem uma falsa cordialidade, como a vista numa recente entrevista juntos na TV Preve, quando trocaram amabilidades. Esse Roque aguerrido é um que conheço desde os tempos dessa foto dele em preto e branco, um que não oferece "maracujina" para a pessoa errada. Acho que algo de muito bom foi restabelecido por lá.
Esses três são amigos do tipo "sem decepção", desses pelos quais coloco a mão no fogo e não a queimo. Briguentos por excelência, mas todos por uma boa causa.
4 comentários:
É verdade, seu Henrique.
Só tem amigo briguento.
Veja:
Duílio Duka cabeça rachada.
Marcos Paulo compra briga com tudo e todos.
Paulo Neves provoca a ira de muitos.
Latuff tem cartaz até na queda do governo do Egito.
Reynaldo Grillo briga contra esse Norusca apático.
Na lista dos briguentos quero que inclua meu nome
Daniel Carbone, seu amigo
Parabéns, meu amigo Chico Cardoso, do Gasparini. Sua luta é a nossa luta e voce, além do guerreiro que conhecemos, faz tudo sem ajuda de órgãos públicos. Acompanho sua luta para junto aos comerciantes e amigos do bairro onde mora, para conseguir manter o coral atuando. É um exemplo para muitos outros, que só andam com as pernas dos outros, ou seja, com ajuda de Prefeituras e governos. Estamos contigo e vou lá no sábado gastar um pouco com o amigo.
Sérgio Pires
Bom dia.
Na reunião da Fundato na Semma conversamos sobre o trabalho de recuperação, conhecimento da área e orientação na Apa Vargem Limpa Campo Novo nas imediações do Jardim Botânico e Unesp e outros locais de cerrado.
A SOS CERRADO está interessada em formar um grupo visando estudar as áreas, as plantas existentes, inclusive as medicinais e realizar um trabalho de conscientização das pessoas instaladas nos locais de cerrado.
Para isso nós gostariamos de uma parceria com outras instituições e pessoas interessadas nesse tema, para um trabalho de equipe.
Aguardo
Amilton Marques Sobreira
O capitalismo em agonia, Paul Jorion
Editora Fayard – 2011 – ISBN: 2213654883 – 360 páginas
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, o capitalismo triunfou. Vinte anos depois, ele está agonizante. O que aconteceu entre esses dois momentos?
Uma possível explicação é que o capitalismo vem sofrendo do mesmo mal que acabou derrotando seu rival e, neste caso, devemos culpar a complexidade: a organização das sociedades humanas alcançou um limite de complexidade a partir do qual a instabilidade passou a predominar e no qual fragilidade se tornou excessiva e o sistema passou a caminhar para a ruína.
Uma outra explicação é que o capitalismo necessitava da existência de um inimigo para se sustentar. Sem essa alternativa, os seus beneficiários não hesitaram em impor a sua vantagem, desestabilizando todo o sistema. Ainda outra possível explicação: em função do pagamento de juros por parte daqueles que são forçados a contrair empréstimos, o capitalismo levaria inevitavelmente à concentração da riqueza a tal ponto que o sistema não poderia deixar de aproveitar um momento ou outro.
Entre essas hipóteses não é necessário escolher: as três são verdadeiras e combinaram seus efeitos na primeira década do século XXI. Esta reunião de fatores mortíferos explica porque não atravessamos mais uma das habituais crises do capitalismo, mas sua crise maior, aquela do seu último suspiro e, para dizer tudo, aquela de sua queda.
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PASQUAL MACARIELLO - RIO - RJ
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