sexta-feira, 23 de setembro de 2011

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (60)

OS ENSAIOS DE UM MUSICAL COM A TEMÁTICA DA “REVOLTA DA VACINA”
Hoje é sexta e ali, logo na curva do dia, o começo do final de semana. Continuo minha saga escrevinhando sobre umas paranguladas lá pelos lados da Cidade Maravilhosa, o querido Rio de Janeiro. Coisa de ano e meio atrás fui apresentado a Gabriela Leite e Flavio Lenz, um casal morador da ladeira da Glória, quase no bairro de Santa Tereza. Ela, a famosa prostituta, nome famoso na articulação e defesa de uma categoria desunida e humilhada. Pôs a cara para bater, criou a ONG Davida e a griffe Daspu e isso ajudou a desmistificar um pouco a questão da prostituição nesse país tão cheio de preconceitos. Minha cara metade, a Ana Bia tornou-se grande amiga de Gabriela ao fazer a tese de doutorado “Com atitude e catiguria”, em cima do trabalho da Daspu. Militou por lá, conheceu o Flávio e na seqüência também virei amigo do casal. Ela, a Gabriela fez 60 anos esse ano, estivemos na festa na Lapa e agora ela está envolvidíssima com um trabalho de formação teatral no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, quase ao lado do Sambódromo, num grupo comandado pelo ator Antonio Pedro e pela ativista e ex-vereadora do Rio, a Ruça (ex do Martinho da Vila, a de Isabel).

Noite de terça, 20/09, Gabriela me convida para presenciar os ensaios de um grande musical, 50 atores, a maioria pela primeira vez no palco, desde médicos, operários, drags queens, gente da comunidade no entorno e alguns profissionais de setores vitais, como professores de dança, dramatização e algo a demonstrar a seriedade do trabalho, historiadores a desvendar o tema escolhido. Esse tema foi a “Revolta da Vacina”, ocorrida no começo século passado, governo de Rodrigues Alves e envolvendo o sanitarista Oswaldo Cruz. Quem cuida da parte musical é Jorge Moura, filho do instrumentista Paulo Moura e construindo a letra aí no decorrer dos ensaios. Os ensaios começaram em julho e o grupo não pára de crescer. Ruça, uma das organizadoras diz que pessoas da comunidade lhe param na rua para agradecer por terem lhe remoçado a vida. Primeiro ensaiam a dança, depois a teatralização, depois param tudo e vão escutar uma aula de história, de uma produtora norte-americana, que estudou tudo sobre a derrubada do Morro da Providência, um dos lugares devassados pela gana em transformar a capital federal num cartão de visitas, retirando os pobres da visibilidade. Todos sentam em volta dela e de Gabriela e as ouvem atentamente. Logo a seguir um debate, com idéias, histórias ouvidas e a percepção de que aquilo que estaria em cena era do entendimento geral. Depois os músicos ensaiam o coro com parte das letras já construídas. Isso tudo das 19 às 22h, sem parar.

Permaneci por ali, embasbacado, vendo todos num frenesi de entusiasmo, circulando de um lado para outro, dando vida a um espetáculo, que a cada semana faz a encenação de um novo ato. São testes e percebo que cada um quer contribuir ao seu jeito, trazendo coisas novas. Gabriela está inserida nesse meio e me faz conhecer cada personagem daquela trama. Acabo me envolvendo, dou meus pitacos, Nem vi o tempo passar e ao sair, Gabriela me comunica algo: “Amanhã, quarta, começa as apresentações da semana da peça baseada no meu livro, o Filha Mãe Avó Puta. Quer assistir?”. Topei na hora e amanheço contando como foi a peça e um encontro com os atores, Gabriela e Flávio num bar aos fundos do CCBB. Quando me deitei algo me veio à cabeça: “Nem tudo está definitivamente perdido, preciso é pegar mais com a mão na massa, como fazem alguns”.

OBS. FINAL: Mês que vem tem o IV Encontro Ferroviário. Recebo de Ricardo Bagnato o cartaz do evento e faço questão de ser um dos primeiros a divulgá-lo, pois participei ativamente de todas suas edições. Vou falando dele e do que virá aos poucos, em drops.Mais detalhes no http://www.apffb.com.br/ #########################píuíííííííííííííí´###################

Um comentário:

Anônimo disse...

claro que minha opinião é mais do que suspeita... flavio e gabi são amigos do peito mesmo e pra toda hora e daspu é minha paixão ! mas, recomendo fortemente a leitura do livro FILHA, MÃE, AVÓ E PUTA da editora objetiva e o livro do flavio DASPU - A MODA SEM VERGONHA da aeroplano. esclarece bem os projetos da ong davida, a partir da estória de vida da gabi e a importância daspu nesta trajetória. abraços a todos da ana bia