UMA FORMA BEM ESPECÍFICA DE VIAJAR, CONHECER LUGARES E PESSOAS
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- “Acordar numa cidade que não a nossa é sempre uma experiência e, não importa de onde você venha, acordar em Veneza é uma experiência difícil de superar”, pág. 11.
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- “...são 70 mil turistas por dia em Veneza, para engrossar uma população residente de apenas 270 mil. (...) sob o peso desses exércitos que marcham de tênis e botas sobre ela, não admira que a cidade esteja afundando”, págs. 12 e 13.
- “Mas, o que é ver tudo em Veneza e, mais ainda, em 6 ou 8 horas? (...) É uma façanha, considerando que escritores como Goethe, Mark Twain, Proust. Hemingway, Ezra Pound e Mary McCarthy passaram um bocado de tempo nela, nos séculos XVIII, XIX e XX, e não viram tudo”, pág. 13.
- “...alguma coisa, nos tetos e paredes do Rezzonico, faz com que, ao passar por aqueles espelhos e se ver refletido de tênis, jeans e camiseta, você se pergunte, como eu fiz, se não estará mais bem vestido para um rodeio em Barretos do que para um bordejo em Veneza”, pág. 14.
- “Não gosto muito de cidades modernas – tenho um certo trauma de Brasília”, pág. 17.
- “Mas Berlim, como o Gabinete do Dr Caligari, é assim: nada é o que parece ser”, pág. 19.
- “A frase deliciosamente machista, passou pela minha cabeça outro dia durante uma viagem à Itália. Não a frase em si, mas uma adaptação, que seria assim: ‘Italiano não liga para antiguidade. É que nem nós cariocas
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- “Numa cidade em que as línguas mais faladas são, pela ordem, espanhol, spanglish e inglês, falar em português talvez seja mesmo chique – mais isso só porque o querido Bobby Short nunca o ouviu falado por José Sarney” (sobre Nova York), pág. 57.
- “Você já esteve, muitas vezes por toda Manhattan, conhece cada buraco e é íntimo das suas íntimas bruebas – mesmo que nunca tenha ido lá. Sua passagem foi o ingresso do cinema; neste estava incluída a hospedagem; e o tempo de vôo foi um imperceptível clique que jogou a sala no escurinho, prateou a tela e iluminou sua vida”, pág. 66.
- “Apesar da exagerada fama de grosseria dos parisienses, os franceses continuam a ser um dos povos mais formais do mundo. Isso foi uma coisa que a Revolução, com todo o blá-blá-blá pelo fim das hierarquias e privilégios, não liquidou”, pág. 99.
- “Viver nababescamente faz parte do emprego de rei em qualquer parte, e há vários reis vivendo assim até hoje, em países em que a monarquia não corre o menor risco”, pág. 107.
- “O irônico é que se vivesse ali hoje, Robespierre, que gostava de se tratar, teria como vizinhos Louis Féraud (roupas), Longchamps (malas), Cartier (perfumes), Lacoste (toda a linha do jacaré) e outras griffes cujas Maison tornam a rue Saint-Honoré muito mais um cenário de revista Vogue do que um ninho de revolucionários de 1789”, pág. 116.
- “Quem se defronta com um prédio, paisagem ou obra de arte depois de tê-la visto muitas vezes estampada em livros tem um estremecimento”, pág. 126.
- “O metrô de Moscou é seguramente o mais deslumbrante do mundo. E, para quem pensa que seu luxo é remanescente da Rússia czarista, uma informação: ele foi construído nos anos 30. Stálin queria que as estações de metrô parecessem palácios
- “Eu não moro no Rio. Eu namoro o Rio, disse certa vez Tom Jobim. (...) desde 1808, quando o príncipe regente d. João surgia no meio da rua ou o imperador d. Pedro podia ser visto a desoras entrando numa casa da rua do Lavradio, o povo do Rio acostumou-se a roçar cotovelos com os poderosos – e a não levá-los muito a sério”, pág. 154.
- “Esse é um dos grandes charmes do Rio: reduzir qualquer pessoa, por mais cheia de vento, a si mesma. Não importa quão momentaneamente em voga, ninguém consegue se sentir importante demais diante de tanta beleza. (...) No Rio, o simples fato de saber que a História não nos esperou para começar é suficiente para nos por no nosso devido lugar”, pág. 155.
- “Além do show da natureza, há também um espetáculo humano a se apreciar no Rio e que parece resistir a todas as modernidades. Um exemplo: provavelmente nenhuma outra praia do mundo tem idosos tão saudáveis e bronzeados como Copacabana”, pág. 158.
- “Na volta ao Rio, sempre que possível venho de janela, poltrona A ou F, longe de asa. E, todas as vezes, de dia ou de noite, ali pela altura do trigésimo minuto de vôo ponho-me em alerta. Lá embaixo, a partir da baia
- “Coisa boa é fazer turismo sem sair da própria cidade. É perfeito para quem mora em um lugar onde muitos gostariam de passar as férias. Andamos pelas ruas do Rio com alma de turistas”, pág. 163.
- “...já superei a mania de restaurantes de nariz empinado, principalmente se estiverem na moda. Da mesma forma, não espero mais em filas de restaurantes – tenho medo de morrer de velhice numa delas – e muito menos naqueles a que se vai para ver e ser visto. Restaurante bom é aquele em que a comida é saborosa, a que se pode ir a pé, em que os garçons nos dão um tapinha na barriga e chamam pelo nome e o chef – digo, cozinheiro – aceita fazer algumas alterações no prato para acomodar o seu paladar. (...) E que seja freqüentado por pessoas como você e eu, que não estamos ligando para ninguém, e não por colunáveis a fim de exibir o último modelito. (...) Prefiro os restaurantes que se possa ir de bermudas, sem
- “Botequim, você sabe, é um lugar perto de sua casa, a que se vai para berber, comer e conversar fiado, em pé ou sentado, calçado ou desclaço, vestido ou moderadamente pelado, exigindo-se uma mistura equitativa de homens e mulheres, bacanas e vadios, sóbrios e bebuns. Pelo menos essa é a receita do botequim carioca – o autêntico berço da baixa gastronomia mundial”, pág. 183.
- “Os esnobes podem torcer o nariz, mas além de instigante, tem antecedentes ilustres. Alguns dos momentos mais decisivos da História aconteceram no que hoje poderíamos chamar de botequim. O cristianismo, veja só, nasceu ao redor de uma mesa, em Jerusalém, com treze homens bebendo vinho, mastigando uns pedaços de pão e fazendo planos para os 2 mil anos seguintes”, pág. 184.
OBS.: Nessa semana fiquei no Rio de domingo, 18/09 a 22/09 (trabalho, trabalho e trabalho) e tenho histórias vividas ao lado de pessoas das mais queridas e revendo lugares indescritíveis. Não via a cara de praia. Nunca fui lá para isso. Conto um pouco aqui nos próximos dias.
3 comentários:
Hum... Um livro que não fica incentivando viagens para Miami, Disney, acredito que as madames não vão gostar nem um pouco, pois gostam mesmo é de voltar com as malas mostrando os adesivos dos santuários de compras.
Um belo tema. Vou ver se acho por aqui.
Silvio - Jaú
Odeio restaurantes que não aceitam uma modificaçãozinha sequer no seu cardápio. E gosto também de ir de bermudas e chinelos de dedo a esses lugares.
Paulo Lima
amor da minha vida
tenho a certeza de que já somos e continuaremos a ser masi um casal de viajantes terramarear. em qualquer lugar deste planeta - ou mesmo de outros - sempre dando tudo certo ao nosso modo, e sendo felizes que é muito do que importa nesta vida. beijo da ana bia
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