UMA MÚSICA (78)
“É, A GENTE NÃO TEM CARA DE PANACA” - VOTAÇÃO DO IPTU PROGRESSIVO E UM ANTOLÓGICO SAMBA
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Enfrentei uma sessão de tortura na última segunda, 12/09, quando após às 18h fiquei a assistir pela TV Câmara, a falação e depois votação sobre a questão do IPTU Progressivo em nossa Câmara de Vereadores. O projeto é simples demais, versando sobre o pagamento adicional para aqueles proprietários de terrenos aos borbotões e o fato de os deixarem abandonados à espera de um melhor momento para vendê-los e auferir altos lucros. Por que esses não pagarem mais? É o que o bom senso diz ser o melhor caminho e também, a maioria dos vereadores. Sempre existem os que defendem o indefensável, ou melhor, foram eleitos para defender o lado cheio do copo e
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assim o fazem até no cadafalso. Dos votos contrários, dois são muito elucidativos, o dos vereadores
MARCELO BORGES e
CHIARA RANIERI. Ele, MARCELO, escancara algo a mostrar sua verdadeira face: “Só pobre paga imposto na cidade, pois rico possue um bom advogado”. Dá um exemplo: “Quando o pobre recebe intimação pelo corte de uma árvore, não tem quem o defenda, vai lá e paga. O rico não, ele por intermédio de seu advogado, primeiro questiona se o fiscal que efetuou a multa está legalmente instituído. Como foi nomeado pelo Executivo, dessa forma tudo que faz é questionável e o juiz arquiva o processo”. É a continuidade de coisas dessa natureza que ele defende com o seu
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voto contrário. Mostrou, mais uma vez a que veio e de que lado está. Da CHIARA, uma piada quando ela na tribuna, com um riso irônico, diz não possuir interesse no assunto e que poderia até ser investigada. Mereceu risos, pois numa simplista comparação, a família Ranieri possuiria tantos terrenos na cidade quantos grãos de areia no deserto do Saara. Mais um votou contra, o vereador GIBA. Esse é homem do partido chamado Marcelo e assim sendo, segue essa cartilha, sem pestanejar e muito menos pensar se isso seria bom ou ruim para Bauru. Teríamos mais um voto, pois o presidente da Câmara, ROBERVAL PINTO SAKAI, que não vota nessas ocasiões, anuncia no microfone: “Se votasse, seria pelo Não”. Serviu para mostrar mais uma vez de que lado está o mandarim de nossa Casa de Leis e também comprovar que, em certos momentos, permanecer calado é sinal da mais pura sabedoria. Deixo claro não pegar no pé do MARCELO, pois ele é do
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tipo que se entrega sozinho. Pouco antes da votação ainda tentou uma manobra, percebida por poucos, quando alegou: “Tudo bem, podem votar, mas existe um vício de origem e isso tudo vai ser cancelado, pois quem deveria apresentar a proposta do projeto é o Executivo e não alguém aqui do Legislativo. Não vai valer nada mesmo”. É assim que ele legisla, mostra essa cartinha só na última hora e com carinha de chacota, ironia pura em mais uma ação típica da dos advogados dos ricos.
Aqui no mafuá tem sempre uma música rodando na vitrolinha e numa dessas
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coincidências da vida, justamente no exato momento da finalização da votação, quando me questionava dos motivos dessas quatro pessoas agirem assim, ecoava pelos quatro cantos o
“É”, do imortal
GONZAGUINHA (LP, “Corações Marginais, Arlequim, 1988). Caiu como uma luva e ouvir a música tentando interpretar os muitos porquês das injustiças desse mundo é algo que faço:
“É!/ A gente quer valer o nosso amor / A gente quer valer nosso suor / A gente quer valer o nosso humor / A gente quer do bom e do melhor.../ A gente quer carinho e atenção / A gente quer calor no coração / A gente quer suar, mas de prazer / A gente quer é ter muita saúde / A gente quer viver a liberdade / A gente quer viver felicidade... / É! / A gente não tem cara de panaca / A gente não tem jeito de babaca / A gente não está / Com a bunda exposta na janela / Prá passar a mão nela... / É! / A gente quer viver
pleno direito/ A gente quer viver todo respeito / A gente quer viver uma nação / A gente quer é ser um cidadão / A gente quer viver uma nação.../ É! É! É! É! É! É! É!... / A gente não tem cara de panaca / A gente não tem jeito de babaca / A gente não está / Com a bunda exposta na janela / Prá passar a mão nela... / É! / A gente quer viver pleno direito / A gente quer viver todo respeito / A gente quer viver uma nação / A gente quer é ser um cidadão / A gente quer viver uma nação / A gente quer é ser um cidadão / A gente quer viver uma nação / A gente quer é ser um cidadão / A gente quer viver uma nação...”.
Enfim, concluo: ‘A GENTE QUER É DEIXAR DE SER PASSADO PARA TRÁS”. Informo que a foto do casal é do Bom Dia, foi sugada via internet e os dois, respectivamente pertencem ao PSDB e DEM. Espalhem isso, por favor.
2 comentários:
Henrique
O que fizeram são atos de desrespeito ao povo, desrespeito à mediana intelegência de todos e todas. Agem como reis, acima de tudo e de todos, tudo podem e ainda nos tratam com ironia e insensatez. Estão no mesmo patamar dos que inocentaram a Jaqueline Roriz lá em Brasília, votando a favor da impunidade. Bem como aqueles que se abstiveram e se ausentaram da votação como estratégia para favorecer a absolvição. Estamos nas mão de gente assim e comemos gato por lebre, pois sem conhecer esse outro lado existem muitos que votam neles pelo belo discurso na campanha, bem diferente da ação quando lá nos parlamentos. Cantarolo a música junto de ti.
Paulo Lima
HENRIQUE
Eu só posso dizer que concordo com tudo.
E digo que, como funcionário (a) da Câmara tenho que permanecer quietinho no meu canto, pois o mar aqui não está pra peixe.
Muitos por aqui gostaram muito.
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