MÚSICA (84)
ANÁLISE CURTA E GROSSA DO SUCESSO DO TELÓ E DOIS EVENTOS DE FINO TRATO
UM LADO DA MOEDA: Análise literária da música AI SE EU TE PEGO, por Edmilson Borret, professor de Português:
“Já que sou professor de literatura, dediquei alguns minutos do meu precioso tempo para me debruçar sobre a letra desse "fenômeno" de crítica e público que assola as rádios e tv's, não só do Brasil, mas também do mundo: "Ai, se eu te pego", desse grande artista chamado Michel Teló. Uma letra de música tão profunda, filosófica e poética como essa merece, sem sombra de dúvida, uma análise literária mais esmiuçada...
Então vamos lá! - "Delícia, delícia/ Assim você me mata": Nesses versos, nota-se de imediato que o eu lírico expressa metaforicamente seu deleite sexual, chegando mesmo - pode-se dizer – a um estado de clímax sexual, um orgasmo. Entretanto, à medida que avançamos na leitura da letra da música, percebemos logo no verso seguinte uma ideia paradoxal que nos leva a constatar que talvez o eu lírico, através de um eufemismo muito bem elaborado, aponte para uma das práticas difundidas na tradição literária ocidental, principalmente a partir do Romantismo. Observem o verso:
"Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego": A anáfora presente nesse verso, com a repetição da interjeição "ai", mais uma vez denota a ideia de deleite, de clímax sexual. Entretanto, através do papel hipotético conferido pela conjunção condicional "se", percebe-se que o eu lírico não chegou, de fato, a um enlace, a uma conjunção carnal com o objeto de seu desejo: o "ai se eu te pego" significando algo como "ai, como eu gostaria de te pegar" ou "ai, se eu pudesse te pegar" (levando-se em consideração também o neologismo já absorvida pela linguagem coloquial quando ele usa o verbo "pegar" para significar o ato sexual). Ou seja: se, nos dois primeiros versos, o eu lírico expressa seu deleite, seu clímax sexual, seu orgasmo; mas, logo imediatamente, nos dá dicas de que o enlace sexual não ocorreu de fato, somos forçosamente levados a considerar que o eu lírico é... UM PUNHETEIRO DE MARCA MAIOR !!!!!!! E essa porcaria vende, meus amigos!!!!*
*Esse texto eu recebi de Claudia Luciolla, uma amiga carioca de origem italiana(amiga de Ana Bia é também minha amiga), uma que assim como eu está antenada, atenta e repudiando modismos bestiais.
OUTRO LADO DA MOEDA: Primeiro deixo claro que nada tenho contra “punheteiros”, muito pelo contrário, acredito ser essa uma prática das mais necessárias ao ser humano. Prática salutar e necessária. Deixando isso de lado quero mostrar que esse blog, além de reproduzir uma análise de conjuntura em cima dessa pífia letra, se reserva no direito de continuar frequentando lugares onde a resistência musical sobrevive. Sim, eles existem e precisam ser ressaltados. Cito dois exemplos clássicos aqui em Bauru e ambos ocorrendo hoje. No primeiro, o show “NÓS MULHERES”, Templo Bar, deixo a apresentação a cargo do Sergio Oliveira, lá da divulgação do bar: “O Templo Bar faz nesta terça-feira sua tradicional homenagem às mulheres. O show, que começará ás 21h, contará com inúmeras cantoras e musicistas de Bauru. A homenagem contará também com uma exposição de artes plásticas coletiva só de mulheres. A entrada será por ordem de chegada (não faremos reservas), a partir das 20h30 e custará R$ 10,00”. Para quem já conhece de edições outras, inenarrável, imperdível e inadiável. Por outro lado, no palco do Teatro Municipal, hoje e amanhã, 20h, entrada gratuita, dentro do Projeto Subindo na Árvore (“a ideia é traçar toda essa gama de diversidade da música brasileira”), com apoio do Proac (Programa de Ação Social) do Governo do Estado de SP e da Secretria Municipal de Cultura, dois shows com um dos maiores saxofonistas do Brasil, MANÉ SILVEIRA. Na terça junto com a viola caipira de Ricardo Matsuda e na quarta a apresentação do seu Quinteto. Termino com algo de minha lavra: nesses três shows nenhuma “masturbação” e, sim, “orgasmo total”, como canta e ensina Arrigo Barnabé.
terça-feira, 13 de março de 2012
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Um comentário:
Ficou ótimo, Henrique! A fórmula do sucesso tb! Ah, meu nome é com 2 "c" e um "l" só! Mas não tem importância...
Beijos,
Cláudia Lucciola
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