Mafuá do HPA

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (62)

PERDEMOS A CAPACIDADE DE INDIGNAÇÃO – EM BAURU ALCKMIN ESCAPOU INCÓLUME
Esperei mais de 24h da passagem do governador paulista Geraldo Alckmin por Bauru para me manifestar. Ele veio com seu séquito acompanhativo (sic) para fixar um cartaz num poste da cidade com os seguintes dizeres: “A rodovia Bauru-Ipaussu (que antes se chamava Ipauçu – nome indígena) será duplicada com verba estadual”. Ele estava ao lado de prefeitos, vereadores e autoridades múltiplas e variadas, além dos contumazes presenciais a lotarem palanques nessas oportunidades. Um deles, o mais feliz, me chamou a atenção, era o diretor presidente da Cart- a Concessionária Auto Raposo Tavares, o grande beneficiado com a arrecadação dos pedágios e já responsável por todas as obras de manutenção no trecho. É o mínimo que se espera de quem recebe os benefícios de um belo contrato desses, com décadas arrecadativas. E aqui a pergunta que faço eu, mas que, com certeza, também seria feita pelo Ernesto Varela dos áureos tempos: “Pera aí, Sr governador, me responda, por favor: A Cart terá décadas de seguidos lucros, tudo facilitado e por que não ela arcar com a duplicação da via? Tenha certeza que mesmo assumindo a pendenga o negócio continuaria sendo excelente, miraculoso, diria. O Estado tem mesmo que arcar com tudo e o outro lado só lucrar?”.

Daria tudo para que alguém mais ousado fizesse a ele essa pergunta. Ninguém o fez. Não entendo como uma empresa recebe algo tão lucrativo e ainda arcamos nós, com os impostos, para obras no local. Para mim, inconcebível. Mas não é somente nessa perda de oportunidade em questionar nosso governador (uso hoje um Governa a Dor) o motivo de meu acabrunhamento. Ele segue por outras vias. Minha espera de 24h foi por outro motivo. Fui conferir na imprensa e com alguns militantes sociais bauruenses se houve em Bauru alguma manifestação contrária aos últimos atos do Sr Alckmin à frente do governo paulista, os atos arbitrários e autoritários do Pinheirinho, da Cracolândia e a forma decrépita e pouco usual como mantém uma maioria dentro da Assembleia Legislativa de SP, na base do apertado cabresto junto aos deputados, tudo para continuar tendo maioria e fazendo o que bem quer e da forma que melhor lhe convier no antes estado, que um dia já foi “locomotiva” da nação. Não houve nada. Na sua última passagem por Jaú, manifestantes lhe deixaram numa saia justa. Por aqui nada. Por muito menos Mário Covas, que foi infinitamente melhor que o atual, era constantemente espezinhado. E hoje, nada. Onde estão os que pensam contrários a isso tudo que ocorre dentro do Estado de SP? Seria tão normal assim a ação da Famesp na administração dos Hospitais Estaduais? E os problemas todos com as obras superfaturadas do metrô paulistano? E o deputado de Araçatuba que escancarou como são feitas as distribuições de emendas do orçamento no estado? Motivos não nos faltam. Faltam pessoas indignadas e a fim de colocar o bloco na rua contra esse estado de coisas. Cadê nós todos? Ele passou (ou seria, passeou) incólume pela pujante e altaneira Bauru. Estou envergonhado de mim mesmo. Já não somos os mesmos E NÃO TEMOS MAIS NEM CAPACIDADE DE MOBILIZAÇÃO.

OUTRA COISA: Essa para amenizar. Ontem à noite no Templo Bar, o show anual "Nós Mulheres", dessa feita o 15º e como sempre fazem, elas encerram cantando algo a nos ironizar, "Aurélio", uma paródia em cima do Amélia, do saudoso Mário Lago. Por lá, tudo de bom, uma indescritível reunião com todas elas reunidas. No balcão, tomando cevadas, reencontro os músicos Marquinhos e Norba Motta arquitetando junto do Fernando, o dono do estabelecimento, o agendamento de um show com esse título "Homens". Por enquanto, vejam um trecho desse: