ALFINETADA (105)
NÃO SE BRINCA COM MACUMBA – publicado na edição nº 87, de 28/10/2000.
No número passado comentei sobre a árvore chorona plantada defronte minha casa. Pois, nessa semana, ela foi palco demais um acontecimento. Estava lá, bem no pé do frondoso tronco uma macumba das mais chamativas. Uma cerveja pela metade, um copo cheio da mesma, um prato cheio de canjica, umas fitinhas com lacinhos e uma vela branca. Percebi a coisa numa manhã, não quis por a mão. A vizinhança toda comentou o fato, todos foram espiar de perto. As crianças da escola, muito arteiras, mexem em tudo, mas a tal permanecia lá intacta. Os dias foram passando e o despacho lá, já fazendo parte da paisagem. Ficou até um tanto esquecido. Até mendigo desviva. No carteado do final de semana, a conversa girou em torno de quem seria o alvo da encomenda. Muito se discutiu, mas nenhuma conclusão foi alcançada. O povo daqui não costuma ter inimizades, mas desavença sempre existe e a preocupação era geral. Todos falavam com certo desdém, mas ninguém se atrevia a ir lá destruir o aparato. Rimos muitoda lembrança da desgraça ocorrida com o técnico Luxemburgo (“Luxemburro”), segundo notícia do jornal, devido ao fato de não ter pago devidamente um acordo firmado num terreiro. Acreditar a maioria não acredita, mas também não desacredita, pois ninguém é besta de meter a mão em coisa desse tipo. Mudamos o jogo, que sempre era realizado debaixo da árvore, para outra sombra, a de área menos perigosa. Dia desses choveu forte e quando todos já havia se esquecido do assunto, veio a enxurrada forte e desmontou tudo. Quando demos por conta, nossa árvore estava liberta e todos poderiam circular livremente pelo local. No mesmo dias, as crianças subiam sem medo nos galhos e os cachorros voltaram a fazer xixi em seu tronco (cachorro não é bobo). O carteado já voltou ao seu lugar de origem e por aqui. Certamente não deveria ser endereçada para nenhum de nós, mas que todos cruzaram os dedos, pois pelo que sei, ninguém no pedaço tem o corpo fechado. Com a questão encerrada, surge seu Libório, bebedor inveterado de cerveja, corajoso como poucos, afirma categoricamente que se outro despacho aparecer e com cerveja cheia, não vai perdoar, entornará tudo, sem medir as consequências. Não acreditamos muito, nem prolongamos muito o assunto, pois tínhamos coisas mais importantes para discutir no momento: “truco!”.
No número passado comentei sobre a árvore chorona plantada defronte minha casa. Pois, nessa semana, ela foi palco demais um acontecimento. Estava lá, bem no pé do frondoso tronco uma macumba das mais chamativas. Uma cerveja pela metade, um copo cheio da mesma, um prato cheio de canjica, umas fitinhas com lacinhos e uma vela branca. Percebi a coisa numa manhã, não quis por a mão. A vizinhança toda comentou o fato, todos foram espiar de perto. As crianças da escola, muito arteiras, mexem em tudo, mas a tal permanecia lá intacta. Os dias foram passando e o despacho lá, já fazendo parte da paisagem. Ficou até um tanto esquecido. Até mendigo desviva. No carteado do final de semana, a conversa girou em torno de quem seria o alvo da encomenda. Muito se discutiu, mas nenhuma conclusão foi alcançada. O povo daqui não costuma ter inimizades, mas desavença sempre existe e a preocupação era geral. Todos falavam com certo desdém, mas ninguém se atrevia a ir lá destruir o aparato. Rimos muitoda lembrança da desgraça ocorrida com o técnico Luxemburgo (“Luxemburro”), segundo notícia do jornal, devido ao fato de não ter pago devidamente um acordo firmado num terreiro. Acreditar a maioria não acredita, mas também não desacredita, pois ninguém é besta de meter a mão em coisa desse tipo. Mudamos o jogo, que sempre era realizado debaixo da árvore, para outra sombra, a de área menos perigosa. Dia desses choveu forte e quando todos já havia se esquecido do assunto, veio a enxurrada forte e desmontou tudo. Quando demos por conta, nossa árvore estava liberta e todos poderiam circular livremente pelo local. No mesmo dias, as crianças subiam sem medo nos galhos e os cachorros voltaram a fazer xixi em seu tronco (cachorro não é bobo). O carteado já voltou ao seu lugar de origem e por aqui. Certamente não deveria ser endereçada para nenhum de nós, mas que todos cruzaram os dedos, pois pelo que sei, ninguém no pedaço tem o corpo fechado. Com a questão encerrada, surge seu Libório, bebedor inveterado de cerveja, corajoso como poucos, afirma categoricamente que se outro despacho aparecer e com cerveja cheia, não vai perdoar, entornará tudo, sem medir as consequências. Não acreditamos muito, nem prolongamos muito o assunto, pois tínhamos coisas mais importantes para discutir no momento: “truco!”.
SAUDADES DO BOM E VELHO VINIL – publicado na edição nº 88, de 04/11/2000.
Com a entrada do CD no mercado mundial na década de 80, muita gente apostou na morte do vinil. As próprias indústrias fonográficas pararam de produzir os antigos discos, conhecidos também como bolachas. As fábricas substituíram a montagem de pick-ups e vitrolas, voltando-se para a ampliação do setor de microsystem. Mas duas décadas depois (quem diria?), com a popularização do CD, o vinil passou a ocupar lugar nobre de lojas especializadas, com exemplares chegando a custar R$ 50,00. Correndo por fora, algumas indústrias europeias se especializaram na reprodução de discos de vinil, apostando em pesquisas para o avanço tecnológico do setor. Para os puristas, a iniciativa veio mesmo a calhar. Fala-se até que o som do vinil é superior ao do CD, que não consegue reproduzir os graves. Chegam a afirmar que o CD não lê com precisão todos os elementos musicais. A verdade é que estamos presenciando um verdadeiro revival do velho e bom long-play, com destaque para a Inglaterra e os Estados Unidos. No Brasil, quem não pode comprar a cara aparelhagem, moderna e específica dos CDs, mantém suas vitrolas funcionando e ainda continuam comprando discos e sebos. Ainda se encontra muitos balcões de vendas de discos em muitas lojas por aí afora. Tem muita cidade mantendo em lojas e praças públicas, feirões de discos em vinil.Para quem gosta, esses lugares são por demais saborosos. Lugar de bate papo, troca de informações e muito saudosismo. Nas cidades pequenas vemos muitos camelôs vendendo vinil a preços dos mais convidativos. Eu mesmo, não consegui abandonar o vício de continuar minha coleção do velho e bom vinil. Assim como eu, muitos outros não possuem intenção nenhuma de se desfazer de suas coleções. Mesmo com todo o avanço tecnológico, felizmente, continuamos ouvindo música no velho aparelho de som. De uma coisa não podemos negar: como tem sido difícil continuar encontrando as agulhas desses aparelhos? Mas nem isso é motivo para desmotivar colecionadores e adeptos. Quem gosta, não largará esse hábito tão cedo.
Com a entrada do CD no mercado mundial na década de 80, muita gente apostou na morte do vinil. As próprias indústrias fonográficas pararam de produzir os antigos discos, conhecidos também como bolachas. As fábricas substituíram a montagem de pick-ups e vitrolas, voltando-se para a ampliação do setor de microsystem. Mas duas décadas depois (quem diria?), com a popularização do CD, o vinil passou a ocupar lugar nobre de lojas especializadas, com exemplares chegando a custar R$ 50,00. Correndo por fora, algumas indústrias europeias se especializaram na reprodução de discos de vinil, apostando em pesquisas para o avanço tecnológico do setor. Para os puristas, a iniciativa veio mesmo a calhar. Fala-se até que o som do vinil é superior ao do CD, que não consegue reproduzir os graves. Chegam a afirmar que o CD não lê com precisão todos os elementos musicais. A verdade é que estamos presenciando um verdadeiro revival do velho e bom long-play, com destaque para a Inglaterra e os Estados Unidos. No Brasil, quem não pode comprar a cara aparelhagem, moderna e específica dos CDs, mantém suas vitrolas funcionando e ainda continuam comprando discos e sebos. Ainda se encontra muitos balcões de vendas de discos em muitas lojas por aí afora. Tem muita cidade mantendo em lojas e praças públicas, feirões de discos em vinil.Para quem gosta, esses lugares são por demais saborosos. Lugar de bate papo, troca de informações e muito saudosismo. Nas cidades pequenas vemos muitos camelôs vendendo vinil a preços dos mais convidativos. Eu mesmo, não consegui abandonar o vício de continuar minha coleção do velho e bom vinil. Assim como eu, muitos outros não possuem intenção nenhuma de se desfazer de suas coleções. Mesmo com todo o avanço tecnológico, felizmente, continuamos ouvindo música no velho aparelho de som. De uma coisa não podemos negar: como tem sido difícil continuar encontrando as agulhas desses aparelhos? Mas nem isso é motivo para desmotivar colecionadores e adeptos. Quem gosta, não largará esse hábito tão cedo.
VOCE ACREDITA EM PESQUISAS DE OPINIÃO – publicado edição de 07/10/2000.
As eleições aqui em Bauru terminaram com uma surpresa. O candidato que esteve toda a campanha em 3º lugar, o atual prefeito Nilson Costa – PPS, atropelou na reta final seus dois outros concorrentes, TugaAngerami – PSB e Pedro Tobias – PDT, ganhando o pleito com margem de 1300 votos do segundo lugar e 16 mil do terceiro, Pedro Tobias. Foi uma alegre surpresa, pois pelo visto conseguiu-se vencer o poderio econômico, com alto investimento e mesmo assim perdeu a eleição. Durante toda a campanha, o candidato Pedro Tobias esteve respaldado por diversas pesquisas de opinião, que lhe garantiam um folgado primeiro lugar. O comentário era somente um: ninguém tiraria essa eleição de Pedro Tobias. Por outro lado, era difícil encontrar pelas ruas esses eleitores do Pedro, por mais que se rodasse, fizessem perguntas, não se encontrava os eleitores que dariam essa vitória folgada. Começa a desconfiança e a suspeita geral. Tudo foi confirmado com a aberturas das urnas. Pedro termina num modesto terceiro lugar e com uma brutal diferença do segundo. Como isso pode acontecer? Como é possível não se detectar diferenças tão grandes nas pesquisas? As explicações vão surgindo, mas não convencem ninguém. Uma coisa é certa. Pesquisa de opinião ainda é utilizada de forma enganosa, favorecendo esse ou aquele candidato. Tenta-se até a última hora influenciar no resultado, pagando para serem os favoritos. Daí nem sempre quem está em primeiro lugar nas pesquisas ganha. Algumas vezes, mesmo contrariando as evidências, o povo deixa de ser besta e dá o troco na medida certa. Foi o que aconteceu aqui. Manipular a vontade popular dá certo até certo ponto. Tem momentos em que a situação chega a um patamar onde transparece a leviandade e a resposta só pode ser essa mesma dada: pau neles. Mas nem tudo é tão rui assim. Voltamos a ter um deputado, que agora, “deve” voltara tender toda nossa região. Vamos agora, cobrar dele para que cumpra seu restante de mandato até o fim, pois é isso que sempre quis a maior de todas as pesquisas de opinião, “a voz do povo”.
As eleições aqui em Bauru terminaram com uma surpresa. O candidato que esteve toda a campanha em 3º lugar, o atual prefeito Nilson Costa – PPS, atropelou na reta final seus dois outros concorrentes, TugaAngerami – PSB e Pedro Tobias – PDT, ganhando o pleito com margem de 1300 votos do segundo lugar e 16 mil do terceiro, Pedro Tobias. Foi uma alegre surpresa, pois pelo visto conseguiu-se vencer o poderio econômico, com alto investimento e mesmo assim perdeu a eleição. Durante toda a campanha, o candidato Pedro Tobias esteve respaldado por diversas pesquisas de opinião, que lhe garantiam um folgado primeiro lugar. O comentário era somente um: ninguém tiraria essa eleição de Pedro Tobias. Por outro lado, era difícil encontrar pelas ruas esses eleitores do Pedro, por mais que se rodasse, fizessem perguntas, não se encontrava os eleitores que dariam essa vitória folgada. Começa a desconfiança e a suspeita geral. Tudo foi confirmado com a aberturas das urnas. Pedro termina num modesto terceiro lugar e com uma brutal diferença do segundo. Como isso pode acontecer? Como é possível não se detectar diferenças tão grandes nas pesquisas? As explicações vão surgindo, mas não convencem ninguém. Uma coisa é certa. Pesquisa de opinião ainda é utilizada de forma enganosa, favorecendo esse ou aquele candidato. Tenta-se até a última hora influenciar no resultado, pagando para serem os favoritos. Daí nem sempre quem está em primeiro lugar nas pesquisas ganha. Algumas vezes, mesmo contrariando as evidências, o povo deixa de ser besta e dá o troco na medida certa. Foi o que aconteceu aqui. Manipular a vontade popular dá certo até certo ponto. Tem momentos em que a situação chega a um patamar onde transparece a leviandade e a resposta só pode ser essa mesma dada: pau neles. Mas nem tudo é tão rui assim. Voltamos a ter um deputado, que agora, “deve” voltara tender toda nossa região. Vamos agora, cobrar dele para que cumpra seu restante de mandato até o fim, pois é isso que sempre quis a maior de todas as pesquisas de opinião, “a voz do povo”.
OBS.: Esses três textos publicado no semanário O Alfinete, da vizinha Pirajuí SP, no ano de 2000 mostram bem claramente como em apenas doze anos muita coisa muda na vida das pessoas. Relendo todos, com certeza, hoje os reescreveria de forma diferente, mas não altero nada. Valem para registro de uma época. Acredito ter evoluído na escrita e na forma de pensar.
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