quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

MEMÓRIA ORAL (132)

SEVERINO, O PADRE DO MST – ATUANDO NUM DOS ÚLTIMOS BASTIÕES LIBERTÁRIOS NA IGREJA CATÓLICA E ALGO DE NOVO SOBRE A MUDANÇA DE RUMO NAS OCUPAÇÕES DOS MOVIMENTOS SOCIAIS.
A notícia corre de boca em boca. Em que a pequena Promissão no interior paulista, 35 mil habitantes, 480 km de distância da capital diferencia-se das demais? É que lá está reunida uma das maiores concentrações de acampados e assentados dos trabalhadores rurais sem-terra no país e sua coordenação é feita por um ativista dos mais atuantes no comando das atividades do MST. A questão da terra está no epicentro das discussões na cidade, pulsando no seu dia a dia (Reunidas e Dandara, seus assentamentos mais conhecidos). Até aí, nada de tão diferente de tantas outras. O diferencial está no fato desse aglutinador ser o padre católico Severino Leite Diniz, 58 anos, um dentre os três da paróquia local, a de Nossa Senhora da Aparecida, porém o único voltado na defesa dos problemas inerentes ao homem do campo. Para rebanhos distintos, padres idem, ou seja, cada um no seu quadrado. Na Casa Paroquial, dentro do espaço físico da paróquia a diferença já é notada na separação existente entre eles. A casa de Severino está apartada das demais e reflete como toca sua vida. Local cuidado por parentes próximos, muito simples, livros e revistas espalhadas pelos cantos, tudo rustico e com pouca iluminação. No quarto, mais parecendo um catre, cama, velho computador e papéis por todos os lados, nos espaços possíveis e também nos inimagináveis (até debaixo da cama). Na parede o destaque é um amarelado quadro a reverenciar padre Josino, um dos que tombaram na luta pela terra no país, cuja continuidade Severino toca para frente.

Dali, padre Severino, como é conhecido por todos, sai para o mundo. Na quinta, 13/09, no salão da Câmara Municipal acontece uma reunião da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento com 21 associações e três cooperativas, todas locais e regionais, discutindo as alterações nos seus processos de compra e distribuição de alimentos. Quem foi o personagem principal na mesa de negociação? “A ideia principal do processo bancado pela CONAB é eliminar o atravessador na distribuição do alimento in natura. Padre Severino acompanha tudo, um padre de verdade. Ele não dorme, leva a informação para todos os acampamentos, faz acima do que pode e desenvolve um trabalho dos mais eficientes. Outros estiveram no seu lugar, mas permaneceram curtos períodos, dois anos no máximo, ele já está aqui há 17 anos. Promissão é uma cidade pequena, conservadora, católica e ele veste a camisa do que defende, vai dessa forma que você está vendo em todos os lugares, da Prefeitura, reza missas e viaja por esse mundão afora. Abraça a causa, participa de tudo, sem ser centralizador. É um excluído dentro da igreja e suas missas não são realizadas nas paróquias e sim, nos acampamentos e nos chãos de terra batida. Ele só está aqui por causa da questão da terra, do contrário não faria sentido. Não conheço ninguém igual a ele”, responde Edson Luís Pereira, 52 anos, representante regional do ITESP – Instituto de Terras do Estado de São Paulo, quando questionado sobre o papel do padre.

A vestimenta do dia a dia é quase sempre a mesma, sandália no pé, jeans e uma camiseta vermelha, ora do PT, ora do MST. Na cabeça, bonés com os mesmos símbolos. A fisionomia é reconhecida de longe pela barba esbranquiçada, rosto enrugado e maltratado pelo efeito solar, desses que o que menos importa é algum tipo de cuidado com o visual. Terminada a reunião, no almoço reunindo seus participantes, as mesmas opiniões a seu respeito. Dois se destacam, Pedro Gomes, 51 anos, presidente da Aspravi – Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Vitória e Sandro Lopes, 40, do Núcleo Urbano de Reforma Agrária Esperança, ambos da vizinha Pirajuí, além de referendar o posicionamento do padre, mostram outro momento vivido pelo MST. “As missas dominicais de Pirajuí reúnem uma média de 150 carros no entorno da igreja. Um dos padres de lá foi uma vez no assentamento e o Severino vai sempre que o chamamos, além de comparecer em duas reuniões mensais. São 40 famílias no assentamento e 520 cadastradas, agrupadas pelo Núcleo, todos aguardando terra. Hoje, o MST não ocupa mais. Um cadastramento é enviado ao INCRA, eles conferem e os nomes ficam numa fila de espera. Isso é para não ter a humilhação de ficarem anos e anos embaixo de uma lona na beira de estrada. A espera tem se prolongado por mais de dois anos, vivo esse novo tempo, mas entendo que sem luta está cada vez mais difícil assentar esse povo”, comenta Sandro.

Severino encara essa questão da seguinte forma: “Os dois projetos, o da extrema direita e esquerda se encontram, fé no pescoço e faca na língua. Isso não interessa para nós. O que ocorre hoje não é propriamente uma reforma, não é nossa demanda, mas estamos construindo instrumentos para fazer a diferença, baseados na vida do sujeito, na sua autonomia de fazer sua própria história. No 6º Congresso do MST foi aprovado o método do Núcleo Organizacional, que é a materialização de uma nova forma de luta, a daquele que sonha com a terra, mas não possui disposição de acampar. A chama é mantida acesa, ganhamos folego e qualidade. Antes tínhamos 250 militantes processados, hoje temos só alguns. O meu papel e o da igreja nisso tudo é fomentar a organização popular. Estamos convencidos de que o povo precisa estar organizado para receber esse mínimo. Isso tudo passa pelo problema de que existem grupos há oito anos em terras ocupadas e sem ter a definitiva posse. Toda forma de luta é válida, essa é apenas uma delas. Antes ocupávamos e a terra era conseguida em maior quantidade, mas sem nenhuma infraestrutura, hoje, com o cadastro, a quantidade é menor, mas tudo chega já com infraestrutura. Não é reforma agrária, são projetos de assentamento para apagar os incêndios a pipocarem”.
Da questão religiosa, a atuação do padre é a cara de um dos últimos bastiões progressistas dentro do catolicismo, a CPT – Comissão Pastoral da Terra e pela posição ocupada pode ser considerado ponta de lança. A questão política do MST, ele a discute de forma franca, juntando os dois temas: “O respaldo que tenho é só do CPT e hoje não tenho nenhuma dificuldade na utilização da estrutura da igreja, mas muita no engajamento de padres para a luta. Não tenho problemas com a batina, que uso pouco, mas com a cabeça do cara que usa a batina, como enxerga as coisas. No campo o acesso à informação que não tínhamos antes, hoje nos favorece. Veja quantos assentados estudam hoje, espalhados pelo país, muitos em Cuba e até na Venezuela. Travamos uma luta contra a desinformação construindo uma base sólida, capaz de discernir, de fazer a escolha. Falta a esse país fazer a opção do que quer ser no futuro, pois nós os envolvidos com a questão da terra sabemos muito bem o que não queremos ser. O CPT está distribuído em 17 regionais pelo país e atuamos em três frentes, a CEBES – Comunidades Eclesiais de Base, organização do povo e juventude”.

Com 17 anos de sacerdócio e o mesmo período em Promissão, confessa ter chegado até ali pelas mãos da CPT e hoje não consegue se intitular vigário paroquial, mas um mero agente pastoral, trabalhando ativamente para toda a Diocese, no seu caso a de Lins. "Quem banca toda a CPT é a Alemanha e isso não é demérito, pelo contrário, é sinal de comprometimento. Meu trabalho é o de um articulador. Minha presença é constante, tanto nas reuniões dos Núcleos, nos acampamentos, no acompanhamento de negociações, tudo para que o povo avance. Sou um multiplicador de ideias”, diz.

Acompanhando sua rotina de trabalho, faz questão de mostrar duas distintas experiências no município. No primeiro, um assentamento já consolidado, a Agrovila de Campinas, distante uns 25 km da cidade, para o qual sua fala é sempre cheia de orgulho: “Aqui é praticamente o berço do MST, pois nasceram em 1982 e desde 1986 estão aqui. É o 4º assentamento paulista e hoje gente daqui dirige acampamentos espalhados país afora”. Maria de Lourdes Pereira é atual presidente do Grupo de Mulheres Flores do Campo e relembra tudo com certo saudosismo, quando diz: “Aqui foi vivida uma real experiência de autonomia e hoje, poeira assentada, funcionam 10 associações e três cooperativas. Aprendemos que não existe como trabalhar no campo sem estar devidamente organizado, a luta ensina isso”. A Rádio Camponesa, que funcionou por doze anos, hoje está desativada e o Projeto Escola do Campo idem, esse por desinteresse de um elo da corrente, pois o Governo Federal garante o recurso, mas o Estado e o município precisam dar o seu quinhão. As mulheres reunidas insistem em buscar outras formas de participação, como o projeto já pronto de uma padaria comunitária. Dali, 20 km à frente, chão batido, uma situação bem diferente no acampamento Argentina Maria (nome de uma camponesa morta num atropelamento), onde 45 famílias vivem há exatos sete anos em barracas. Caixinha, um dos líderes, candidato a vereador, não desiste e tirando água de um recém aberto poço, com 9,5 mts de profundidade, diz, enquanto um caminhão passa na estrada de terra e espalha poeira para tudo quanto é canto: “Nosso dia vai chegar, falta pouco. Resistimos até agora, ficaremos mais, até conseguir o pedaço definitivo de chão”. Severino reforça esse sentimento de perseverança a cada reencontro.

Vê-lo circulando sem parar, indo de um lugar a outro demonstra bem como são os seus dias. “O estado de felicidade é fazer o que se gosta. Faço com liberdade, ninguém me coage a agir dessa forma. Aquilo que eu vim fazer aqui tenha certeza, está feito. Nós todos fizemos, trabalho coletivo, tudo aqui é feito em conjunto. Até tempos atrás a igreja incentivava que seguissem o modelo do ônibus, aonde ela ia todos iam atrás e se ela os atirasse ao poço, todos seguiam. Hoje é diferente e dou como exemplo o caso das 21 usinas da região. Todas sofreram processos por desrespeito aos direitos trabalhistas, pois não é mais suficiente só a luta só pela terra, temos que construir a bandeira da reforma agrária e da luta pelo poder popular. Sabemos que a luta pela terra é ótima, reconfortante, mas a luta na terra ainda é pífia, nela reside nosso maior esforço. Não temos problemas por redimensionar a luta. Temos mais de 500 jovens estudando e um  país inteiro a ser conquistado”, segue falando.

A história de Severino é a do sertanejo que não desiste nunca e quando aflora a consciência social, o algo mais. Nasceu em Milagres, sertão do Cariri, interior do Ceará. Fez de tudo na juventude, operário de obras em Manaus, Belém, chegando à capital paulista em 1987. No interior, em Salto, ajuda a criar os três irmãos, estuda por correspondência no IUB – Instituto Universal Brasileiro e com eles encaminhados decide dar outro rumo para sua vida, vai para o seminário: “Somos nordestinos de uma religião popular, dessas de fé devocional, não de frequentar igreja. Tinha medo de padre, aquela ideia de que ele era bravo. Vim para cá já com uma bagagem política, tendo participado de Comunidades de Base e como membro fundador do PT. No seminário conseguimos formar um grupo unido, muita leitura, pura resistência e rebeldia. O bispo da época não aguentou o tranco com aquela turma, chamou um interventor de Roma que opinou pelo fechamento imediato do seminário, afirmando ser aquilo um antro comunista. De mim disse textualmente ser inimigo da Eucaristia. Éramos 32 seminaristas e desses, 26 articulados. Os outros eram obrigados a permanecerem calados. De cara separaram os cursos de Teologia do da Filosofia, cada um numa cidade e 19 foram mandados embora, dentre esses, eu. Ficamos espalhados na casa de fiéis e continuamos o curso, pois ficamos sabendo que tudo já estava pago, dinheiro de fora. Não havia como nos expulsar de vez. Quem nos acolheu depois de formados foi o cardeal Evaristo Arns, na Arquidiocese paulistana. Fomos distribuídos em sete regionais nas Casas de Formação e fiquei na da Lapa. A campanha contra nós continuou quando precisamos de uma Carta de Apresentação do seminário. Nela tinha algo assim: ‘Vocês vão levar esses caras? São contra o sacrário’. Nunca fomos contra isso, éramos trabalhadores, tínhamos uma forte critica ideológica, isso sim”.

Isso tudo Severino despeja de bate pronto, sem receios pela exposição de suas revelações. “Eu e minha turma fizemos parte de um final de onda, onde a igreja lutava na prática. A onda era maior do que a estrutura conservadora da igreja e fomos para as ruas. Aliás, sou fruto disso”. Permanecer ao seu lado no dia a dia, observando o ritmo acelerado, fica difícil entender como consegue registrar de memória os compromissos que vai assumindo dia afora. Para o final do mês ligam solicitando sua presença numa festa de Bodas de Ouro de um casal de assentados, uma reunião na capital e outra com assentados de outra região. No dia em que estivemos juntos, mesmo o sol já se pondo e distantes de Promissão uns 50 km, teria mais dois compromissos pela frente, um no velório e outro numa reunião com o Núcleo lá de Pirajuí. Uma pessoa com toda essa junção (e combustão) não podia dar em outra coisa. Deu no que deu, ativista político e religioso na acepção da palavra, desses que fazem tremer o chão. Despeço-me dele ainda com a lembrança viva da fala de outro dentre os muitos que o acompanham, Joaquim Brito, o Quincas, cooperado e militante: “Esse cara é o nosso guarda-chuva”.
Texto escrito em 24/09/2012 e todas as fotos tiradas por esse HPA.

10 comentários:

Anônimo disse...


... muito prazeroso ler vc ... e o Severino ... um exemplo maravilhoso de persistência. Poucos sabem o que ele já deve ter enfrentado de repúdio dentro da Igreja por esse trabalho. Um verdadeiro guerreiro. Um verdadeiro cristão.

Paul Sampaio Chediak Alves

Anônimo disse...

Caro Henrique
Obrigado por esse texto maravilhoso do Padre Severino e seu trabalho no MST, em Promissão.
É uma Esperança que se renova para quem acredita na Igreja Militante.
Essa região da Noroeste deu grandes vocações semelhantes a do Padre Severino.
Em Araçatuba tivemos um professor de Filosofia, o italiano Franco Barusseli, que lecionava no Colegio das Irmãs Apóstolas do ''Sagrado Coração'' e era o terror dos fazendeiros e pecuaristas da região. Depois, elegeu-se Deputado Estadual, com Franco Montoro no velho MDB.
Era um militante da chamada ''esquerda católica'' e tinha como colaboradora a sempre lembrada, Irmã Adriana Josefa Pereira Chaves, que depois se tornou a Profa. Dra
Adriana Chaves, da UNESP. Em Araçatuba, na década de 60, ela e o Prof. Franco organizaram o INTEC, uma escola de modelo pedagógico semelhante ao SENAI, para atender
jovens filhos dos trabalhadores.
Pouco depois, na década de 60/70, em Lins, tivemos o Padre Augusti, com trabalho semelhante e na mesma linha do Padre Severino. Havia outro sacerdote, o Padre Vitor,
idem.
Tive a honra e oportunidade de conhece-los no meu tempo de JEC/JUC, e que muito colaboraram na minha formação política.
Nessa caminhada, acabei conhecendo D, Padin, que foi nomeado Bispo Diocesano, de Bauru. Um privilégio.
Parabens e mais uma vez, obrigado companheiro.
Isaias Daibem

Anônimo disse...

digo o projeto da extrema esquerda e da extrema direita .
aliás os extremos se encontram.
digo pé no pescoço.
SEVERINO LEITE DINIZ

Anônimo disse...

Como pode uma pessoa com este trabalho ainda ostentar a sigla do PT??? Quanta incoerência !
Esther Silva - RJ

Mafuá do HPA disse...

Esther:
Não existe sigla partidária hoje que não esteja totalmente contaminada e desvirtuada. Em todas, mesmo com a contaminação apodrecendo tudo (veja o caso do PT, PSDB, PSB, PMDB, PDT, PC do B, PPS, etc), muitos ainda resistem, valorosos na defesa de ideais nunca abandonados e perdidos. Severino um desses dentro do que ainda resta de dignidade no PT. Vejo muitos outros em outras siglas com a mesma dignidade. Poucos, aliás. Sigla nenhuma hoje está valorizada, algumas pessoas dentro delas sim. É o que nos resta.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

no Quinto congresso do MST não no Sexto, este ainda não aconteceu.

a CPT tem com eixo de ação : TERRA, AGUA, DIREITO.

e as cebs tem as prioridades: cebs ,juventude e organização do povo


para mim
digo dou como exemplo o caso de nossa luta pelos direitos denunciando os desrespeitos destas 21 uma usinas ..................

SEVERINO LEITE DINIZ

Mafuá do HPA disse...

caro Severino

O bom do texto ter sido publicado aqui primeiro, antes de em outro lugar impresso é que as correções podem e serão feitas. Elas não prejudicam o conteúdo do que foi escrito e entendido por mim. E nem alteram seu sentido. Estarei providenciando isso no original que permanecerá publicado no blog. Sempre que quiser localizá-lo,clique seu título nos sites de busca na internet e ele aparecerá.
Grato por tudo e quando vier à Bauru me procure. Sua luta é a boa luta, a que também estou inserido, dos pés à cabeça.

Henrique - direto do mafuá

Anônimo disse...

PADRE MERECE UM LIVRO SOBRE SUA HISTÓRIA SERIA UM RECORD DE VENDAS
VILMA CUSTÓDIO - REGINÓPOLIS

Anônimo disse...

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