sábado, 29 de dezembro de 2012


MEUS TEXTOS PUBLICADOS NO BOM DIA BAURU (207, 208 e 209)

OS “ISMOS” JÁ ERAM, CULPA NOSSA – texto publicado em 14/12/2012.
Cada vez acredito menos nesses “ismos” todos, como capitalismo, socialismo, comunismo, humanismo, existencialismo, pois tudo foi corrompido e colocado fora dos eixos. Considero-me doido até demais, mas não a ponto de insistir em continuar dando murro em ponto de faca e de forma despropositada. Cansei, mas não como aquelas mulheres paulistanas e abastadas, resolvendo se rebelar contra os únicos atos até então feitos de concreto contra o que elas representavam. Meu cansei é porque vejo que o capitalismo é até bom, mas o homem o torna ruim. Do socialismo e do comunismo então nem se diga, melhor impossível, mas o bicho homem encontrou um jeito deles não darem certo. Tudo foi feito para que essas teorias fossem desviadas, desvirtuadas e transformadas em algo ruim, causando até malefícios aos seres humanos. Teoria linda e prática horrorosa. Culpa de quem? Do ser humano, só dele. Diante disso faço sempre uma pergunta para mim mesmo: O ser humano é bom? Na sua essência sim, nas na prática um fiasco, desviou-se de tudo o que pode ser considerado como caminho recomendado para suas vidas. Tinha tudo para dar certo, mas não dá, pois nada do que lhe é colocado às mãos consegue ter um resultado como no papel. O meio em que vivemos hoje já está totalmente corrompido e nele não ocorrerá mais transformação nenhuma, tudo ficará dando voltas e mais voltas. Reeducar tudo e todos, essa a única solução. Resultado de gerações e gerações já irremediavelmente perdidas, irrecuperáveis, pois já conheceram o lado manipulador, a engrenagem do desvio e não mais darão jeito e conserto pra nada. Todos nós fazemos parte dessa geração sem salvamento, pois quando em contato com qualquer teoria salvadora a destruiremos. Estamos c
ontaminados e não sabemos. Essa teoria é velha e me foi apresentada pelo filho, 18 anos, num bate papo de final de ano. Parei o carro num acostamento e ali proseamos por quase duas horas. Ele pensa, age e voa sem minha interferência e eu deliro. Com ela um desejo de muita reflexão para todos nós. Estamos precisados disso.

A MENTIRA DO (NO) NATAL – texto publicado em 22/12/2012.Escrevi aqui semana passada sobre os “ismos” e exagerei propositalmente num ponto, algo para provocar reações. Era sobre provável lado bom da teoria capitalista. Sabemos pela prática diária que essa conta nunca bate. Nele alguns sempre irão nadar de braçada e a grande maioria estará a se afogar. Na reação percebi nem tudo estar definitivamente perdido, nem todos se afundarem num mar de insensibilidade. Mostrei a meu filho uma das respostas recebidas: “Todos os direitos conquistados até agora pelos homens, estando ou não no poder são vitórias do socialismo, comunismo, trabalhismo e outros ismos. Pelo sugador capitalismo estaríamos no escravismo, sem direitos, portanto somos vitoriosos e a luta continua”. Emendamos outro assunto, fechando o ciclo de conversações natalinas e de final de ano. “Pai, você acha que a mentira é importante, essencial no mundo de hoje?”, me pergunta. “Aonde você quer chegar com isso?”, devolvo. “Não é nada para imensas reflexões. Vejo que não se vive sem mentiras. Não há como negar isso. Em alguns casos é até benéfica. Quem é não deu, recebeu elogios e na verdade sabe serem falsos? Patrões e autoridades vivem disso. Vidas são salvas por causa de mentiras”, explica. Divagamos sobre o tema e chegamos até o evento natalino. Aprendi a vivenciar essa época não com festa e pompa, mas para descanso, reposição de energias e reflexões. Nem guirlandas na porta de minha casa, muito menos árvore cheia de bolinhas coloridas e nem por isso fujo de tudo o que nos envolve. Impossível ser indiferente. Só não caio de boca no festim. A festa a reverenciar o consumo desenfreado, com um velhinho de mangas compridas, suando em bicas não faz nossas cabeças. “Que grande mentira isso tudo, hem pai? Estudei sobre isso. O Natal foi criado para preencher um vácuo comercial no calendário de datas voltadas para vendas em massa. Virou isso visto hoje, endeusamento do comprar acima de tudo. Tudo baseado no consumo”, me diz. Diante disso, decidimos ler na passagem do ano e fomos juntos gastar o que ainda tínhamos em livros.

DOR NA COLUNA – texto pubicado hoje, 29/12/2012O ano se finda e eu aqui com dor de coluna. Sento em confortável cadeira no meu escritório/residência, porém me levanto a cada recomeço do incomodo e espaireço na cozinha. Não consigo decidir nada sob efeito de intensa dor. Temo por tomar ações fora do prumo, evito assim arrependimentos futuros. Prefiro não arriscar e depois constatar ter dado desconto demais (ou de menos) nos produtos que revendo via internet. Posso falir minha já combalida firma, ou mesmo, criar inimigos, ao invés de bons e fiéis clientes. Isso me faz lembrar nas agruras por que passa o intrépido ministro e presidente do STF, Joaquim Barbosa, com confessadas dores durante os julgamentos que conduz. Ele levanta, dá voltas em volta da cadeira, fica em pé atrás da mesma, contorce a face, mas não se afasta da intermitente leitura e até, pasmem, decide sob efeito perceptível da incômoda dor. Na missão da qual se diz investido, ele se arrisca, porém dela não abre mão. Sabe correr riscos, pois algum advogado pode até ousar levantar uma tese na defesa dos réus por ele condenados, a de que um juiz submetido a dores não está em condições de emitir sentenças com tranqüilidade. O ministro já sofre demasiadamente por outros motivos, pressões variadas e sendo negro, muitos o vêem como uma espécie de reparador de todas as injustiças e agruras sofridas pelos seus. Acerto de contas ou não, deve se padecer para não exceder limites, ainda mais por julgar nesse exato momento alguns personagens que, quer queiramos ou não, lutaram contra o status quo vigente. Comprovados seus erros precisam pagar por eles, porém sem excessos. Pior será o risco de passar para a história como um arauto da UDN. Seria muito triste, diante de tão edificante tarefa, do ineditismo de seu mandato, mesmo coincidindo com seus problemas de coluna e ainda por cima sair marcado como aquele que em nome dos melhores propósitos fez as vontades da cruel e insana oligarquia brasileira, uma que só pensa nos seus botões. É sabido representar algo bem diferente disso, mas corre sérios riscos. Haja dor se isso ocorrer.

6 comentários:

Anônimo disse...

Henrique, na cerne como sempre.
SUSAN LOPES

Anônimo disse...

COMO É BOM PODER CONVERSAR ISTO COM OS FILHOS, AO MENOS ISTO...
Rosangela Maria Barrenha

Anônimo disse...

Henrique meu amigo, vou te contrariar novamente rs, quero reforçar mais uma vez que não bato em ti por raiva e sim por um imenso amor de amigo, sem viadagem rs, nós dois temos uma história de vida dentro de uma amizade, tem gente que desiste fácil, mas eu tento insistir para trazer os amigos de volta, claro que chega um momento que aí é com vc, eu não posso fazer o caminho de ninguém, apenas alertar, mas depois é com as escolhas das pessoas.

Os aduladores que nos cercam, aqueles só rasgam elogios, por mais bem intencionados que estejam, só nos ferram, porque te pregam numa cruz e deixa inerte perante o pensar, enquanto que o crítico nos faz mover, agitar, esse sim traz algo de produtivo, isso fez bem para mim e para todos que buscam entender e pensar essa grandiosa história.

Essa entrada de cabeça que vc fez no sistema, nessas algemas de redes sociais e certos fanatismos dos partidários de plantão, lhe colocou um freio que vc não percebeu, Henrique vc tá escrevendo se apegando a certos clichês superficiais e padronizados, usando expressões típicas de livros de auto-ajuda, joga a informação numa batedeira como se fosse algo homogeneo e não dá como chamamos na ciencia de corpo técnico, ou corpo de argumentação.

O processo histórico é dinâmico, relativo e diferenciado de acordo com épocas, lugares e ambientes socio-culturais, totalmente ligados ao desenvolvimento de forças produtivas e seu grau de alienação do indivíduo a força de trabalho, os tais ismos que menciona, não são iguais, uns são péssimos outros não, o capitalismo, sua premissa e estrutura sempre só será bom para quem senta no topo da pirâmide, achar que o homem que o torna ruim, ou qualquer outra coisa é bater na mais velha e vencida tese roussauniana, dê uma estuda nos livros "a ideologia alemã" e "crítica ao programa de gotha", entre outros, mas perceberá como se forma a consciencia de uma sociedade dentro de uma época, ninguém nasce com a consciencia formada, seja boa ou ruim, há certas predisposições genéticas mas que nada interferem nessa formação.

continua...

Anônimo disse...

continuação...

Colocar dessa forma, é tornar simplório demais, soa até derrotista isso e rasga tudo e toda grande obra pensada e realizada, nossa espécie biológicamente já é fantástica em termos evolutivos e fizemos mais coisas grandes do que ruins, essa geração nova que está alienada é fácil de localizar o porque, agora o que fica a merda, é pegar pessoas da geração que teve vivência, respirou ares libertários e hj vocês todos sem perceberem estão conservadores e alienados, veja por exemplo, Sartre e Simone fizeram nos anos 60 dentre tantas coisas, o exemplo da nova e libertária relação entre seres, tese que começou na revolução bolchevique com a Alexandra Kolontai, primeira mulher a ter cargo no alto escalão do governo nomeada por Stalin e que escreveu sobre o amor camaradagem e a libertação da mulher e homem, passado tudo isso, hj seculo 21, as mulheres alienadas pelo capitalismo, pelos padrões de familia escravizante, sonham com principe encantado, submissão total ao paternalismo do casamento burguês, vidinha mediocre de relações que desgastam as pessoas, gente defendendo virgindade, posse do parceiro, relações de séculos atrás por motivos de ordem economica, um retrocesso e bundamolice generalizada.

E isso nada tem a ver com bicho homem e sim com o fator alienação de força produtiva atrelada ao estado vigente, isso é de fácil percepção e dá uma gama de argumentos a serem explorados, sem crítica, sem subversão, sem bater pesado, nada disso poderá ser mudado e aquele movimento do seculo 20 ficará como algo único da história sem poder se repetir, tenha em mente Henrique que a mairoria das pessoas que vc acha que são do lado b, que dizem da boca pra fora serem diferentes, são no fundo gente do lado do mesmo disco riscado de sempre, gente que não quer mudar nada e viverem pendurados no estado vigente.

Eu gostaria que vc voltasse, de coração, a vivenciar mais as coisas, nossa amizade e acima de tudo voltasse aos livros, a ciencia, desse uma banana ao fanatismo partidário e que o debate seja grande e um cuspe na cara desses que querem fazer acreditar que tudo passa por pontos simplórios e um conformismo que só leva a morte intelectual e da práxis.

Me dá uma ligada hj se possível, e sei que vc compreende a minha inquietude.

Um grande abraço

Marcos Paulo - Movimento Comunismo em Ação

Anônimo disse...

Estão vendo esse ministro Barbosa como um santo reparador de tudo e não observando do perigo por trás disso. Eu tô é com medo disso tudo, aonde isso tudo vai nos levar. Esse ministro mais me mete medo, pois começou dando uma de progressista, ideias renovadoras e depois, de uma hora para outra, como num estalo, passou a cumprir direitinho todas as vontades que a mídia tinha como meta. Achei e ainda acho estranho. E o povão aplaude, incentivado também pela mídia. O cara virou deus. Só que nem comenta mais de julgar outros mensaleiros, com rombos maiores aos cofres públicos.

Sempre boas reflexões por aqui. Toque o barbo, mesmo que o vento não esteja soprando a favor.

Feliz ano novo a ti e aos seus

Aurora

Anônimo disse...

Bom sinal. Mostra que finalmente (ou será por algum tempo apenas?) temos dois poderes independentes entre si no Brasil, o Executivo e o Judiciário. (O Legislativo continua a velha Casa de Trocas e Penhores de sempre, é café com leite). Agora, quanto a sorrisos, são dispensáveis, desque que cada um esteja cumprindo a sua obrigação. O sorriso de Dona Dilma não faz a menor falta.
Wagner Martins