terça-feira, 25 de dezembro de 2012

BAURU POR AÍ (77) 

DIA 25/12 RELEMBRO DOS INVISÍVEIS E CITO UM QUE TEMPOS ATRÁS NASCEU HOJE
Passei pela cidade do Rio de Janeiro antes do Natal e na praça da igreja da Candelária, avenida presidente Vargas quase com avenida Rio Branco, um chafariz. Paro o carro no meio fio só para observar mendigos tomando banho com uma lata d’água. Mergulham a mesma na água e se banham, com sabão e tudo em plena praça. Tudo acontece sem que ninguém nem os percebam. Na tarde de ontem, já em Sampa, sentado num botequim, hora do almoço, suculento almoço chegando e do outro lado da rua um senhor de uns sessenta anos, sentado sob a sombra de uma frondosa árvore, descansa tendo ao lado uma imensidão de travesseiros, que revende pelas ruas. Almoço olhando para ele, que num certo momento, junta tudo, ficando meio escondido diante de tantas peças e sobe a ladeira da rua, em busca de clientes e caraminguás para suprir suas necessidades. Não dá para ficar indiferente à tudo isso e também por causa da repetição disso a cada nova olhada pelas ruas desse nosso mundo capitalista, sou um homem TRISTE. 

Reproduzo abaixo algo de minha lavra sobre um que se foi, dentre tantos invisíveis ao nosso redor. “Domingo, é um dia que o bauruense gosta muito de freqüentar seus parques públicos. No maior deles, o Vitória Régia muitos ficam a observar a sujeira espalhada pela área verde, outros os animais vivendo no seu lago, convivendo de uma forma pouco pacífica com os seres humanos. Junto disso tudo e do turbilhão de pessoas, dentre os quais muitos comerciantes, uma população pouco comentada e passando imperceptível para a maioria dos freqüentadores: mendigos, moradores de ruas, pedintes, guardadores de carro e varredores de rua. Estão ali, alguns até vivem ali e dali. O homem que morou durante muitos anos no buraco é um ser que por décadas foi pouco percebido. Vivia enfiado no pouco de mato existente no parque Vitória Régia, num local cercado, com uma mina d’água ao fundo, difícil acesso, quase em frente da barraca do batateiro Fiu Fiu. Barba crescida, roupas em andrajos, circulava pelas sombras, passava batido. Alguns poucos comentavam de vez em quando de sua existência. Poucos demonstravam preocupação. Alguns tentaram retirá-lo dali, mas sem sucesso. Nos últimos tempos até um documentário, feito por estudantes da UNESP foi realizado e alguma evidência lhe foi dada. O holofote durou pouco e foi intensificado quando o descobriram morto, dentro do buraco, sua morada. Deu no jornal, fotos foram espalhadas via internet e uns poucos descreveram histórias onde havia protagonista. De onde veio, dos motivos reais de ali estar, como vivia, pouco se sabe. Esse personagem das ruas é o exemplo vivo de como essas pessoas são mesmo invisíveis. Comia-se batatas e tomava-se de tudo ao seu lado, sem que fosse sequer notado. Ele se foi, outros devem estar a ocupar seu lugar, tudo continua sendo feito como dantes, a freqüência do parque continua alta e nesse cenário inserido muitos iguais a ele. Vejam isso dele:http://www.youtube.com/watch?v=SmVJf8vBxrg”.

“Neste dia 25 é meio que uma obrigação lembrar daquele homem que nos ensinou tanto, que mostrou ao mundo novas ideias, que ajudou a enterrar antigas ideias, um homem que mesmo não sendo muito lembrado, com muitas de suas palavras esquecidas e algumas de suas leis quase detestadas, se faz presente em nosso dia a dia. Muito obrigado Sir Isaac Newton...”, esse o escrito mais valoroso encontrado nas andanças feitas por mim hoje pelo facebook. O texto é do amigo SILVIO SELVA, que nos últimos tempos tem se transformado numa espécie de irretocável frasista, com tiradas curtas e profundas. Ele me pede para acrescentar isso: “Newton nasceu no 25 de dezembro do calendário juliano, vigente na Inglaterra da época, pelo calendário gregoriano, seria dia 4 ou 5 de janeiro, não lembro”. Queria ter o poder de concisão de gente igual a ele, mas ainda escrevo laudas e laudas para conseguir me expressar sobre coisas tão simples.

“Tudo posso naquele que me financia”, frase lapidar de outro que regularmente leio, LÁZARO CARNEIRO, meu nietzista de plantão.OBS.: As três fotos do Homem do Buraco são do Schubert, um como eu, que circula por Bauru com uma máquina fotográfica a tiracolo. Clica tudo e tem um rico arquivo em seu poder.

3 comentários:

Anônimo disse...

caro amigo H.P.A. tenho umas outras frases dessa mesma linha;
deus criou o homem á sua imagem e semelhança,e o diabo cuidou do conteúdo.
vinde a mim as criancinhas,enquanto o sinal estiver fechado.
foi jejuando que aprendi a comer olhando pra quem tem fome... e outras...
lazaro carneiro

Anônimo disse...

Henrique

Fiquei uns dias sem ler o blog. Coisas de final de ano, andanças mil e quando o reabro te percebo mais triste. Vejo que nesse ponto és igual a mim, que nessa época ao invés de por para fora a alegria interne, acabo expondo o meu lado triste. Muitos agem assim, ficam mais sensíveis, quietos, percebem mais as coisas e não querem ficar falando dessa festa toda que se transforma dezembro.

Valéria

Anônimo disse...

CONVERVEI COM ESSE SENHOR DO VITORA REGIA QUANDO ERA DA CDH/OAB. ATÉ GRAVAMOS A CONVERSA COM ELE. NÃO SAI DE LÁ E ADORA O LUGAR. GENTE BOA.
GILBERTO TRUIJO