quinta-feira, 18 de setembro de 2014

MÚSICA (112)


IMAGINEM A CENA: EU FALANDO NA TV SOBRE O CENTENÁRIO DE LUPICÍNIO
Toca o telefone aqui no meu mafuento espaço e do outro lado da linha uma voz de menina me fazendo um convite libidinoso, dar uma entrevista para a TV FIB, o Programa FIB NOTÍCIAS (Canal 14 Net) sobre nada menos que LUPICÍNIO RODRIGUES, o cantor e compositor que na última terça, 16/09 estaria completando 100 Anos de existência. Era a jornalista SELMA MIRANDA e já queria ir marcando lugar para gravação e coisa e tal. Disse gostar muito do boêmio e chorão Lupi desde muito tempo, mas com certeza existiriam outros muito mais abalizados para versar sobre a obra desse inusitado cantor e compositor, imortalizado pela “dor de cotovelo” emanada de suas canções. Ela insistiu e me deu a explicação de como chegou até mim: “Aqui na redação ficamos nos perguntando quem poderia dar uma entrevista sobre esse rico personagem e nada de ninguém sacar um nome. Até que aparece o cinegrafista Almir e saca logo um PROCURE O HENRIQUE”. Daí me ligaram e rindo estou constatando que sou um dos mais procurados para falar dos assuntos aleatórios dessa vida.

Faltava escolher o lugar e ela deu o xeque-mate definindo, sem que pudesse ter poder algum de indicar outro lugar, o BAR DO TETÊ (Antigo Bar Imprensa), do amante da MPB, o Carlão e equipe. E lá vou eu munido de um CD do Lupi, o nº 23, da série MPB Compositores (RGE/Globo, 1997) e do LP “Grandes Mestres – Lupicínio Rodrigues” (Polydor, 1984) estrear minha nova aquisição, uma camiseta estampada com a cara da FRIDA DILMA KALLO ROUSSEF. Chego lá, peço um cervejinha Antarctica para criar clima e vejo a equipe já toda pronta para começar o batucar (não seria gravar?) de uma proveitosa conversa. São eles, a Selma no comando do microfone, o Guilherme Aurani como cinegrafista e acompanhando tudo nos bastidores a Mayara Luna. Clima descontraído, fui posicionado ao fundo do bar, mesinha bem ao estilo do velho Lupi e sendo introduzido assim a seco (com goles de cevada, claro, ninguém é de ferro) para uma espécie de convescote sobre esse agora centenário senhor. Tínhamos pouco tempo e muito que conversar. Cinco minutos e uma vida para discorrer.

Mas o que versar sobre Lupicínio? Nada pude tecer além do que a maioria já sabe dele. Ressaltei do reconhecimento que todos os grandes nomes da MPB possuem de sua obra e ficamos tricotando sobre seus sucessos, desde os mais famosos até os menos conhecidos. Dos casos amorosos, das desilusões, da dita dor de cotovelo e até do bonito hino gremista. Impossível não fazer uma alusão ao mundo da noite de hoje, quando a moçada adora ficar falando sobre uma tal de “balada”, termo que nós, os mais calejados, abominamos, pois somos praticantes inveterados de uma imortal BOÊMIA. Num certo momento Selma me pergunta se achava que os muitos bares que Lupi montou não deram certo por causa dele também ser boêmio. Nada sei disso, mas é quase impossível um cara gostar, viver a noite tão intensamente e conseguir auferir lucros de um negócio como esse. Um se afunda no outro e acredito assim se sucedeu com os etílicos bares tocados por ele (já cpnsumi um dessa forma). Confesso ter me esforçado bastante para tentar traçar um paralelo do seu estilo com o de qualquer outro cantor. Seu estilo é mais que único, aquele jeito chorão, cantando quase chorando, puro sentimento não existe em outro lugar.

A entrevista na integra sairá no ar na próxima quarta, dia 24/09, 18h, depois em mais umas dez reapresentações na seqüência e como ando com amnésia, prefiro que assistam do que ficar forçando a mente para lembrar do que disse ontem. Lembro só de uma última coisinha, Selma havia preparado um texto e me pedia para citar dentre todas suas canções a mais importante, a mais significativa. Pensei um pouco, juntei tudo ali diante de mim, desde “Nunca”, “Castigo”, Se acaso você chegasse”, “Volta”, “Nervos de Aço”, “Felicidade”, “Vingança”, “Cadeira Vazia” e tantos outros, chegando à conclusão que para mim, não a mais importante, mas a que mais gosto e cantarolo sempre que posso é a “ESSES MOÇOS”. E assim encerro esse texto com a reprodução da letra que tanto me instiga, provoca e revira meus pensamentos por dentro e por fora:

"Esses moços, pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam, não passavam
Aquilo que já passei
Por meu olhos, por meus sonhos
Por meu sangue, tudo enfim
É que peço
A esses moços
Que acreditem em mim
Se eles julgam que há um lindo futuro
Só o amor nesta vida conduz
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno à procura de luz
Eu também tive nos meus belos dias
Essa mania e muito me custou
Pois só as mágoas que trago hoje em dia
E estas rugas o amor me deixou
Esses moços, pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei
Não amavam, não passavam
Aquilo que já passei
Por meu olhos, por meus sonhos
Por meu sangue ,tudo enfim
É que peço
A esses moços
Que acreditem em mim".

4 comentários:

Anônimo disse...

Só você mesmo, que viveu na época do Lupicínio para falar dele. kkkkkk


Oscar Fernandes da Cunha

Anônimo disse...

Amigo vc precisa conhecer os bolachões mais ou menos uns 1600 Vinil aquele trambolhões gardes das década de 1920, 30, 40, 50 e ai por diante que estão preservados no Museu do Lauro de Spuza Lima em Bauru/SP.
Jaime Prado

Anônimo disse...

Foi uma entrevista excelente...obrigada pelas informações Henrique!!!
Selma Miranda

Anônimo disse...

Obrigada por aceitar ser nossa fonte! E olha já anotei seu telefone para as próximas matérias hahahah
Mayara Luna