quinta-feira, 28 de maio de 2015

ALGO DA INTERNET (103)


PORTA DOS FUNDOS E O ZORRA TOTAL - OU COMO VERGAR OS PODEROSOS

Até os ‘todo poderosos’ se vergam em alguns instantes e se veem obrigados a recuar, ceder ou contemporizar. As condições impostas por esses são draconianas, mas quando a questão resvala no ponto mais sensível do negócio a tocar suas vidas, o dinheiro, daí algo pode ser mudado. Perdendo grana o capitalista faz qualquer negócio. É o caso do que ocorria com o ex ‘Zorra Total’ e hoje somente ‘Zorra’, na TV Globo. Programas apelativos como o Zorra Total já não emplacam como antes (ufa!), recheados de piadas prontas, quadros fixos de humor duvidoso e bordões muito batidos. “A tevê combina com uma coisa mais dinâmica. (...) Reformular para continuar entretendo. (...) A brincadeira precisa ser sutil. É uma comédia da vida real com personagens possíveis”, afirma o ator Luís Miranda, em entrevista publicada no Jornal da Segunda-Feira, encartado com o Jornal da Cidade de 25/05. Sim, o Zorra está com novíssima cara e identidade, mas nem tudo foi devidamente esclarecido ao telespectador.

O Zorra Total já não atraia mais publicidade como antes. Estagnação no horário fez com que a direção da emissora tentasse contratar o pessoal do irreverente ‘Porta dos Fundos’ (http://www.portadosfundos.com.br/), com inserções criativas postadas nas redes sociais, esses praticantes de um humor dentro de padrões modernos e nada apelativos. Sucesso absoluto na internet. Eles não toparam, por um simples e único motivo. Tudo o que a TV compra ela destrói, transforma e piora. O futebol é o exemplo clássico. Diante do quadro, o que a direção da emissora fez? Simples, o bolso fez com que capitulassem aceitando o pessoal do ‘Porta dos Fundos’ como idealizadores da mudança, mas com total isenção de atuação e sem serem contratados diretamente pela emissora. Aqui nesse caso um evidente exemplo de Terceirização às Avessas, ou seja, uma vez contratados estariam submetidos ao tacão dito ‘padrão de qualidade’ Globo. Mantendo a independência, a liberdade se faz presente. As mudanças são mais do que visíveis. Luís Miranda e o público em geral aprovaram o ocorrido, mas os bastidores ainda são pouco conhecidos. Foi exatamente dessa forma que o ‘Porta dos Fundos’ entrou pela porta da frente na maior televisão privada do país.

E para quem apregoa não ser possível alterar inquebrantáveis regras, eis um belo exemplo do contrário. Os caminhos não são únicos em nada e as possibilidades, mesmo dificultadas ainda são possíveis. A competência sempre vergou o detentor do capital, sem que muitos se deixem vergar quando inseridos no seu contexto. Nesse caso, o empregador TV Globo não deve ser confundido com o normal empregador e a carteira assinada. São essas algumas das relações e possibilidades desses tempos atuais, ainda confusos em nossas cabeças.


ALGO SOBRE OS SEBOS DE BAURU - ESTANTES E MEMÓRIAS - Um documentário de estudantes da Unesp Bauru, repassado a mim por Tiago Pátaro Pavini. Aos amantes de livros.
https://www.youtube.com/watch?t=123&v=ye1tNvjHPEQ

3 comentários:

Anônimo disse...

Obrigado pela força meu amigo!!
Tiago Pátaro Pavini, jauense em Bauru

Anônimo disse...

"Xingamento"

Puta, piranha, vadia, vagabunda, quenga, rameira, devassa, rapariga, biscate, piriguete. Quando um homem odeia uma mulher — e quando uma mulher odeia uma mulher também— a culpa é sempre da devassidão sexual. Outro dia um amigo, revoltado com o aumento do IOF, proferiu: "Brother, essa Dilma é uma piranha". Não sou fã da Dilma. Mas fiquei mal. Brother: a Dilma não é uma piranha. A Dilma tem muitos defeitos. Mas certamente nenhum deles diz respeito à sua intensa vida sexual. Não que eu saiba. E mesmo que ela fosse uma piranha. Isso é defeito? O fato dela ter dado pra meio Planalto faria dela uma pessoa pior?

Recentemente anunciaram que uma mulher seria presidenta de uma estatal. Todos os comentários da notícia versavam sobre sua aparência: "Essa eu comeria fácil" ou "Até que não é tão baranga assim". O primeiro comentário sobre uma mulher é sempre esse: feia. Bonita. Gorda. Gostosa. Comeria. Não comeria. Só que ela não perguntou, em momento nenhum, se alguém queria comê-la. Não era isso que estava em julgamento (ou melhor: não deveria ser). Tinham que ensinar na escola: 1. Nem toda mulher está oferecendo o corpo. 2. As que estão não são pessoas piores.

Baranga, tilanga, canhão, dragão, tribufu, jaburu, mocreia. Nenhum dos xingamentos estéticos tem equivalente masculino. Nunca vi ninguém dizendo que o Lula é feio: "O Lula foi um bom presidente, mas no segundo mandato embarangou." Percebam que ele é gordinho, tem nariz adunco e orelhas de abano. Se fosse mulher, tava frito. Mas é homem. Não nasceu pra ser atraente. Nasceu pra mandar. Ele é xingado. Mas de outras coisas.

Filho da puta, filho de rapariga, corno, chifrudo. Até quando a gente quer bater no homem, é na mulher que a gente bate. A maior ofensa que se pode fazer a um homem não é um ataque a ele, mas à mãe — filho da puta- ou à esposa — corno. Nos dois casos, ele sai ileso: calhou de ser filho ou de casar com uma mulher da vida. Hijo de puta, son of a bitch, fils de pute, hurensohn. O xingamento mais universal do mundo é o que diz: sua mãe vende o corpo. 1. Não vende. 2. E se vendesse? E a sua, que vende esquemas de pirâmide? Isso não é pior?

Pobres putas. Pobres filhos da puta. Eles não têm nada a ver com isso. Deixem as putas e suas famílias em paz. Deixem as barangas e os viados em paz. Vamos lembrar (ou pelo menos tentar lembrar) de bater na pessoa em questão: crápula, escroto, mau-caráter, babaca, ladrão, pilantra, machista, corrupto, fascista. A mulher nem sempre tem culpa.

http://www1.folha.uol.com.br/…/…/01/1393513-xingamento.shtml

(Por: Guilherme Morais. Esse é definitivamente o melhor texto do Gregório - e um dos melhores da Folha)

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:

Vera Pasq Será?????
Curtir · Responder · 28 de maio às 13:30

Maria Helena Ferrari Também duvido um pouco.
Curtir · Responder · 28 de maio às 15:03

Aparecido Ribeiro O meio justifica os fins, ou o fim justifica os meios?!
Curtir · Responder · 28 de maio às 18:55

Henrique Perazzi de Aquino Escrevo das brechas ainda possíveis.
Curtir · Responder · 1 · 29 de maio às 06:18