segunda-feira, 29 de junho de 2015

BAURU POR AÍ (115)


O QUE VI NOS CORREDORES DA FOB USP CENTRINHO É UM TANTO DESOLADOR

Sou a pessoa das historinhas ouvidas pela aí. Circulando esses dias pelos corredores da FOB/USP ouço uma e vejo a necessidade de passá-la adiante. Uma avó de um paciente, um menino com problemas de fala, acabou se mudando para Bauru com toda a família, vindos todos de uma cidade grande, muito distante, mais de 800km daqui, tudo para acompanhar um tratamento em excelência, algo que não tinha condições de ser executado em sua cidade. Seu relato foi mais ou menos esse:

“Viemos todos e por causa de algo comprado coletivamente pela família, a certeza de que teríamos um tratamento de ponta, algo inédito no país, totalmente de primeiro mundo e a única possibilidade de recuperar meu neto. Minha filha deixou um curso universitário, outro abandonou emprego, deixamos tudo para trás e viemos quando tivemos a certeza de que tínhamos que salvar o menino. Moramos de aluguel nesse tempo todo, Tudo aconteceu exatamente dessa forma até bem pouco tempo, mas agora tudo mudou. A USP já não é a mesma. Os investimentos governamentais minguaram e aquilo tudo que aqui ocorria de forma primorosa, foi abandonado. E o que fazer? Voltar atrás será difícil, pois o tratamento está pela metade e com adiamentos mil no seu curso, algo que não ocorria no passado.

Tenho um exemplo clássico disso que falo. Quando chegava aqui pela manhã para algum atendimento os corredores estavam tomados de gente, do país todo e também da América Latina. Você via aquele amontoado de gente e se assustava, mas era incrível como tudo fluía bem. Em no máximo quinze minutos, não mais que isso tudo era encaminhado. Muita seriedade no trabalho. Hoje, olhe para os lados e constate comigo como tudo mudou. Os corredores estão vazios e aquela agilidade toda foi um tanto perdida. Inegável isso. Tudo aqui é feito pelos estudantes, sei disso desde o começo. Sem problemas. Só que, com programas interrompidos, verbas estancadas, projetos foram abortados e a realidade já é outra. Muita coisa foi também terceirizada e o serviço piorou. Eu e minha família já estamos questionando se fizemos de fato a escolha acertada em se mudar para cá, pois tudo hoje está muito moroso e não era assim.


Eu observo e saco as coisas. Existe muito ego elevado nas instituições públicas. Um tal de substituir o mais velho pelo novo e isso a qualquer custo. Os resultados disso também ficam evidentes. Veja o caso da FUNCRAF. Essa terceirização não é de hoje. Não se contrata mais gente para ser servidor público. Quando um desses servidores foi demitido e entrou na Justiça, o Ministério Público exigiu que todos fossem demitidos e fosse feito novo concurso. Isso ocorreu, mas aqueles experientes profissionais não conseguiram manter seus postos. Essa substituição foi danosa para a continuidade dos serviços. Eu percebi isso aqui na pele. Quando que alguém chegando agora tem a mesma experiência de outro com anos executando aquela função? Quem paga o pato é quem se utiliza do serviço. Triste demais isso, essa a realidade.

O entorno do Centrinho era uma agitação só, com muitas pousadas, todas lotadas e todos os meios disponíveis para trazer e levar pacientes. Circule pela região e veja o vazio, o novo momento. Pergunte para o pessoal das empresas de ônibus e aviação e veja como o quadro é outro. A excelência foi para as cucuias. A quantidade de atendimentos do passado foi reduzida a bem mais da metade. Nem sei como os programas estudantis de estudo são mantidos com tão poucas cirurgias. O Governo Estadual se mostra insensível com isso e a USP, lemos isso está falida. Quebraram a USP, deram um jeito de danar o Centrinho. Nunca você que alguém viria buscar um atendimento aqui anos atrás e encontraria tudo assim às moscas, um quadro desolador para quem vivenciou o que já foi e o que é hoje".

Ouvi tudo e fui olhando para os lados, sacando os setores, as pessoas nos corredores, puxei um conversa aqui e ali e constatei ser a mais pura verdade. O Centrinho já perdeu a excelência, o atendimento da FOB/USP dentário para a população idem e se continuar desse jeito, tudo aquilo que foi tão bem construído ao longo dos anos estará sendo destruído. Não tem como contemporizar, trata-se de uma constatação. A fiz hoje in loco e qualquer um que faça o mesmo, obterá, com certeza, os mesmos resultados. Essa a degradação pública promovida por governos não interessados em solucionar os reais problemas do seu povo e só em resolver as pendengas financeiras criadas por eles mesmo ao longo dos anos em que se encontram no comando dos mesmos Governos.

Vale a denúncia e que ela, não só seja levada em consideração, como levada adiante. Essa a realidade e não adianta querer tapar o sol com a peneira. Se está ruim, pode piorar.



OUTRA COISA - A ÀRVORE DO LADO B DA CIDADE
Pronto, se a tal da Copaíba é a arvore que melhor representa a Zona Sul e tudo o que gravita no entorno da Getúlo Vargas, acabei encontrando outra, a que significa muito para o outro lado da cidade, seu lado periférico, suburbano, dito também Lado B. Trata-se de uma legítima SERINGUEIRA e está localizada ali na rua Bernardino de Campos, vila Giunta, bem próximo do distrital do Padilhão, numa pracinha feita especialmente para abrigar a grandiosidade da dita cuja. Ela já invadiu tudo o mais à sua volta, soube ir ocupando todos os espaços possíveis e os imagináveis e permanece soberana e altaneira, reinando sob tudo e todos à sua volta. Credito a ela papel até mais importante do que a versada e paparicada copaíba, uma que um dia não foi cortada e construiram a avenida contornando-a. Quer dizer, conseguiu vencer a força podadora do ser humano. Essa da Bernardino idem, uma pequena praça foi levantada aos seus pés tudo para melhor abrigar sombra tão majestosa e altaneira. Essa é minha árvore preferida de Bauru. E a sua?

Um comentário:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK CENTRINHO:
Luciana Covolan Trabalho no centrinho, que é separado da FOB e não concordo com algumas coisas que foram ditas. Os governos não repassam verbas diretamente, o HRAC é USP que tem autonomia para investir, o SUS paga pelos atendimentos feitos como em todos os outros hospitais. Infelizmente, os hospitais não são prioridade para a USP nesse momento de crise, onde com a queda na arrecadação os valores de repasse do ICMS também caíram. Os atendimentos são realizados por profissionais (médicos e enfermeiros) concursados, apenas na residência de otorrino, que atende Bauru e região,é feito por residentes. O número de profissionais tem se mantido o mesmo, mas o de pacientes tem crescido, obviamente as filas crescem com esse aumento na demanda, hoje são mais de cem mil paciente matriculados. Realizamos entre 20 e 25 cirurgias por dia, cerca de 250 atendimentos ambulatoriais e 24 novos paciente por semana. A saúde pública tem sido deixada de lado ao longos dos anos, também passamos por dificuldades e temos que nos superar no dia a dia, mas duvidar da qualidade é agir de má-fé.
Descurtir · Responder · 4 · Ontem às 16:24

Henrique Perazzi de Aquino Ótimo tomar conhecimento de quem está vivenciado algo dentro da instituição. São os dois ou mais lados tão necessários em todas as questões. Vejo também não tão descabido o lamento de um parente de paciente observando a olho num a queda dos atendimentos e a situação do antes movimentado lugar e hoje nem tanto. Assim como, o da terceirização que além de precarizar, acabou criando aí para vcs os novos concursos, tudo com gente nova. Levo em consideração o que me escreve e também o desabafo que ouvi.
Curtir · 2 · Ontem às 16:46

Izabel Ornelas · 4 amigos em comum
Se isso está ocorrendo mesmo e uma pena. O nosso centrinho não podera nunca cair a qualidade. E nosso orgulho. E referencia. Cuidem bem disso. E um alerta p.nossas autoridades.
Descurtir · Responder · 1 · 2 h