CLEUSA, UMA PROSTITUTA QUE FEZ HISTÓRIA NA ANTIGA MANSÃO
Texto em homenagem à Gabriela Leite, a maior de todas.
Ontem, dia 02/06 é comemorado o Dia Internacional das Prostitutas. Para alguns uma data a ser esquecida e até deletada do calendário. Convivo com todo tipo de posição em relação à prostituição. Desde os que a abominam totalmente, os que acham que ela é algo somente feito para explorar a mulher e que ficar escrevendo sobre o assunto sempre reforça isso cada vez mais. Não vejo a dita “mais antiga profissão do mundo” como algo assim tão abominável e só voltada para a exploração. Muitas estão sim sob o jugo exploratório e isso deve continuar sendo condenado. Muitas o fazem de forma independente, por livre e espontânea vontade. Se isso é uma forma errada de ganhar a vida, não as julgo. Prefiro entender como algo natural dentre desse mundo nada natural. Ao escrever sobre o tema relembro a falecida amiga Gabriela Leite (Viva Flavio Lenz, seu marido e meu amigo!), criadora da Daspu, militante carioca da causa e se não a mais famosa, pelo menos a original militante. Por fim, uma história bem da antiga fazendo referência a data.
CLEUSA foi prostituta por mais de uma década em Bauru. Veio de longe para aqui atuar e dela não tenho mais notícia há uns trinta anos. Não tenho vergonha nenhuma em declarar ter sido ela uma das minhas mais eficazes professoras de sexo que tive na vida. Entre os 14 e 18 anos, época em que ia ao Redentor de ônibus e de lá seguia a pé por uma estrada de terra, passando pelos escombros do Hipódromo, chegando sempre fogoso na Zona do Meretrício. Dentre todas as casas lá existentes, muitas fizeram história, mas uma, a Mansão foi a mais requintada (um quadro com uma foto de uma bunda na parede é a lembrança do salão). Lá, uma distinta senhora, já não tão moça comparando-se a mim, CLEUSA. Não me lembro de seu sobrenome e mesmo que o soubesse não o publicaria. Não tenho foto nenhuma dela e pouco antes da zona fechar definitivamente suas casas (tempos depois, placas nas casas: “Aqui é casa de família”), lembro de ter lido numa matéria no JC algo de lá, com foto dela e tudo. Eu já beirava os 30 e foi bom revê-la dessa forma, triste por saber ainda permanecer por lá. Ela era uma maestrina na casa. Sabia ensinar como ninguém, deve ter sido psicóloga de muitos. Baixinha, taluda, cabelos negros, bonita, seu rosto permanece no meu inconsciente.
Ontem, dia 02/06 é comemorado o Dia Internacional das Prostitutas. Para alguns uma data a ser esquecida e até deletada do calendário. Convivo com todo tipo de posição em relação à prostituição. Desde os que a abominam totalmente, os que acham que ela é algo somente feito para explorar a mulher e que ficar escrevendo sobre o assunto sempre reforça isso cada vez mais. Não vejo a dita “mais antiga profissão do mundo” como algo assim tão abominável e só voltada para a exploração. Muitas estão sim sob o jugo exploratório e isso deve continuar sendo condenado. Muitas o fazem de forma independente, por livre e espontânea vontade. Se isso é uma forma errada de ganhar a vida, não as julgo. Prefiro entender como algo natural dentre desse mundo nada natural. Ao escrever sobre o tema relembro a falecida amiga Gabriela Leite (Viva Flavio Lenz, seu marido e meu amigo!), criadora da Daspu, militante carioca da causa e se não a mais famosa, pelo menos a original militante. Por fim, uma história bem da antiga fazendo referência a data.
CLEUSA foi prostituta por mais de uma década em Bauru. Veio de longe para aqui atuar e dela não tenho mais notícia há uns trinta anos. Não tenho vergonha nenhuma em declarar ter sido ela uma das minhas mais eficazes professoras de sexo que tive na vida. Entre os 14 e 18 anos, época em que ia ao Redentor de ônibus e de lá seguia a pé por uma estrada de terra, passando pelos escombros do Hipódromo, chegando sempre fogoso na Zona do Meretrício. Dentre todas as casas lá existentes, muitas fizeram história, mas uma, a Mansão foi a mais requintada (um quadro com uma foto de uma bunda na parede é a lembrança do salão). Lá, uma distinta senhora, já não tão moça comparando-se a mim, CLEUSA. Não me lembro de seu sobrenome e mesmo que o soubesse não o publicaria. Não tenho foto nenhuma dela e pouco antes da zona fechar definitivamente suas casas (tempos depois, placas nas casas: “Aqui é casa de família”), lembro de ter lido numa matéria no JC algo de lá, com foto dela e tudo. Eu já beirava os 30 e foi bom revê-la dessa forma, triste por saber ainda permanecer por lá. Ela era uma maestrina na casa. Sabia ensinar como ninguém, deve ter sido psicóloga de muitos. Baixinha, taluda, cabelos negros, bonita, seu rosto permanece no meu inconsciente.
A Mansão não tinha banheiros junto dos quartos (nem a Zona da Eny tinha) e ao terminar tudo, ela saia para se lavar e me deixava sozinho lá, confiava nos seus clientes (não sei se fazia isso com todos). Toda vez que papeio sobre aquela época em rodas por aí, cito o nome dela e sempre encontro alguns também com boas recordações exatamente dela (vou fundar um saudosista fã clube). Deve estar hoje, se viva, com mais de 70 e algo que me lembro é por juntar dinheiro e enviar para criar uma filha, instalada segundo ela em algum lugar seguro. Eu, meninão cheio de gás, desde que a conheci a escolhi como uma espécie de diva. A trai poucas vezes, pois além de tudo o que acontecia entre aquelas paredes, sua conversa era insubstituível. Só ia na parte da tarde, ela com mais tempo e daí longas conversas. A Mansão e tantos outros locais como aqueles eram tão lúdicos que tenho de lá uma história que nunca mais esqueço. Cheguei um dia com um jornal Pasquim debaixo do braço e ao entrar no quarto com a Cleusa, a colega do ao lado me chama e pede: “Deixo o Pasquim comigo e pegue na saída”. Ela conhecia e lia o mesmo jornal que fazia a minha cabeça. Da Cleusa, essa ODE em forma de reverência não só pelo dia de ontem, mas também pelo papel que ela e tantas outras tiveram na vida de mocinhos como eu, muito bem trabalhados em suas mãos.
OUTRA COISA - AS HISTÓRIAS DESSE LADO B MOVENDO ESSA BAURU – CRISTIANE CONTINUA NAS PARADAS DE SUCESSO Escrevo de muitos. Basta estar diante da boa história e já estou passando-a para o papel. Uma atrás da outra. Faço de todos os modos e jeitos. Muitas em forma de Memória Oral, outras as do Lado B ou mesmo em algum texto ressaltando fatos e pessoas, belas histórias de vida. O mais gostoso de tudo é quando, tempos depois de alguma publicação te chega por algum recado, um algo mais que foi feito com uma determinada pessoa, tema de algum antigo registro. Isso me acontece sempre. Dias atrás o jornalista Nelson Gonçalves do JC me disse que buscou inspiração num texto tirado do blog para escrever sobre a história do seu Adelino, o funileiro rodeado de boas histórias. O texto dele saiu num domingo e ocupou duas páginas na edição mais lida do jornal durante a semana. É o retorno para as escrevinhações aqui produzidas. Recados, e-mails, paradas nas trombadas pela rua, toques pelo Bate Papo do facebook, ou mesmo outras formas e sempre me chegam mais e mais histórias de algo sendo escrito, com pedidos de reprodução. Sempre que posso vou passando adiante. Ontem mesmo mais uma, Cristiane Ludgerio foi nossa Rainha da Diversidade do Carnaval bauruense desse ano, segundo ela a primeira pessoa que teve seu seu novo nome, feminino registrado em Cartório em Bauru. Simpática, conquistou a todos no Carnaval e continua conquistando. Foi matéria da revista virtual MULIERE (https://revistamuliere.wordpress.com/), com o slogan “revista para a mulher, seja qual for”. Passou a mim o link da matéria assinada pelo jornalista Gabriela Baraldi Passy e como se trata de uma bela história, aqui segue o link para quem quiser saber algo mais de sua história de resistência: https://revistamuliere.wordpress.com/…
Vamos passando adiante isso tudo. Histórias não podem ficar contidas em lugares restritos e de pouco acesso. Multiplicar suas possibilidades é o que tento fazer ao meu modo e jeito.
OUTRA COISA - AS HISTÓRIAS DESSE LADO B MOVENDO ESSA BAURU – CRISTIANE CONTINUA NAS PARADAS DE SUCESSO Escrevo de muitos. Basta estar diante da boa história e já estou passando-a para o papel. Uma atrás da outra. Faço de todos os modos e jeitos. Muitas em forma de Memória Oral, outras as do Lado B ou mesmo em algum texto ressaltando fatos e pessoas, belas histórias de vida. O mais gostoso de tudo é quando, tempos depois de alguma publicação te chega por algum recado, um algo mais que foi feito com uma determinada pessoa, tema de algum antigo registro. Isso me acontece sempre. Dias atrás o jornalista Nelson Gonçalves do JC me disse que buscou inspiração num texto tirado do blog para escrever sobre a história do seu Adelino, o funileiro rodeado de boas histórias. O texto dele saiu num domingo e ocupou duas páginas na edição mais lida do jornal durante a semana. É o retorno para as escrevinhações aqui produzidas. Recados, e-mails, paradas nas trombadas pela rua, toques pelo Bate Papo do facebook, ou mesmo outras formas e sempre me chegam mais e mais histórias de algo sendo escrito, com pedidos de reprodução. Sempre que posso vou passando adiante. Ontem mesmo mais uma, Cristiane Ludgerio foi nossa Rainha da Diversidade do Carnaval bauruense desse ano, segundo ela a primeira pessoa que teve seu seu novo nome, feminino registrado em Cartório em Bauru. Simpática, conquistou a todos no Carnaval e continua conquistando. Foi matéria da revista virtual MULIERE (https://revistamuliere.wordpress.com/), com o slogan “revista para a mulher, seja qual for”. Passou a mim o link da matéria assinada pelo jornalista Gabriela Baraldi Passy e como se trata de uma bela história, aqui segue o link para quem quiser saber algo mais de sua história de resistência: https://revistamuliere.wordpress.com/…
Vamos passando adiante isso tudo. Histórias não podem ficar contidas em lugares restritos e de pouco acesso. Multiplicar suas possibilidades é o que tento fazer ao meu modo e jeito.
Um comentário:
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK 1:
Fatima Brasilia Faria Adorei seu texto Henrique Perazzi de Aquino, desconhecia a data, mas quero aproveitar pra saudar essas mulheres, que considero corajosas......
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Ana Bia Andrade Flavio Lenz !
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Henrique Perazzi de Aquino
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Ana Bia Andrade Flavio Lenz já sabe que Henrique Perazzi de Aquino dorme na guia (meio-fio) hoje, né ?????
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Flavio Lenz bobagem, Ana. história viva de se contar, e pelo relato, certamente exagerado, as mulheres depois devem agradecer à Cleusa
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Henrique Perazzi de Aquino
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Chu Arroyo ô bia, deixa o menino sonhar
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Henrique Perazzi de Aquino Texto escrito em homenagem a GABRIELA LEITE, a maior de todas.
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Fatima Brasilia Faria Henrique Perazzi de Aquino sujou pro seu lado...kkkkkkkk
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Ana Bia Andrade continua dormindo na guia Henrique Perazzi de Aquino ....
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Fatima Brasilia Faria Ana Bia Andrade, alivia pro lado dele, manhã é feriado...kkkkkk
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Henrique Perazzi de Aquino Imagino hoje numa mesa de bar uma conversa sobre isso entre eu, Cleusa, Ana Bia e Gabriela Leite (se viva), relembrando com os olhos de hoje o que se passou trinta anos atrás. Seria uma conversa das mais saborosas. Pudera eu poder fazer isso. Deixo aqui uma pergunta no ar para os velhos frequentadores desses meretrícios todos: Alguém por aí teria fotos da antiga Zona, Casa das Pedras, Hipódromo, Lazinha, esses lugares. Nunca vi uma foto daquela rua principal da zona. Deve ter algumas por aí, não?
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Flavio Lenz melhor tu ter um companheiro de gênero nessa conversa
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Henrique Perazzi de Aquino
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Ana Bia Andrade vai arrumando seus trapinhos Henrique Perazzi de Aquino .... guia guia guia.... só se conseguir uma pousada no Sivaldo Camargo perto do cemitério.....
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Henrique Perazzi de Aquino Ana, o antigo meretrício era lá pertinho da casa do Siva. Vai bater mais saudade... Eu e ele vamos perambular pelos antigos locais, tentando juntar resquícios, velhas evidências, lembranças perdidas com o vento. Melhor não, viu?
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Ana Bia Andrade experimenta Henrique Perazzi de Aquino !!!! Sivaldo Camargo jamais compactuará com isto. é meu amigo....
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Henrique Perazzi de Aquino Quem souber de fotos da época, por favor, enviem para esse escriba e colecionador de lembranças de antanho. Assim como Lucius de Mello escreveu um belo livro (agora revisto e ampliado), os antigos puteiros bauruenses também merecem um registro. E juntar histórias de um tempo onde existiam verdadeiras vilas para o exercício da profissão. Quantas ainda resistem? Na região ainda existe alguma vila assim, totalmente destinada à prostituição? Ouço falar de uma em Botucatu. Ainda existe? A famosa Viracopos em Campinas, que nunca fui, ainda funciona? Me contem...
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Henrique Perazzi de Aquino Vila Mimosa, no Rio. Ana Bia Andrade, minha companheira de todas as horas, escreveu textos maravilhosas acadêmicos sobre a prostituição. São daqueles que começamos a ler e só paramos nos seu término.
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Sergio Piga Tinha também a "Calabresa" que eu fui muito e não consigo lembrar onde ficava e também mais pro final dos anos 80 o 'Eucalipital" próximo da Bube-Antartica ...Bauru-Marília....
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Lucius de Mello Belo texto!!! E marcamos lançamento do Eny em São Paulo no dia 01/06 véspera !!! Kkkk
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