sexta-feira, 12 de junho de 2015

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (118)


COMO ABRIR UMA CONTA EM BANCO SEM TOSTÃO NOS BOLSOS – ÚNICA ALTERNATIVA (Ótimo tema para alegrar uma sexta-feira):

Essa eu conto em pleno estado de júbilo e contentamento, interno e externo. Um baita de um amigão, duro até demais da conta, desses seres mais do que insignificantes pra tudo o que representa esse nosso mundo onde o que vale é o tal do “deus dinheiro”. Duro e turrão, desses remando contra a maré até em poça de rua. Resistente e bocudo. Não pode e nem quer pedir emprego para ninguém. Precisa inventar os seus e vai tentando. Sobrevive e dá suas pataquadas. Descobriu um filão aí para vender umas coisinhas via internet, algo a lhe prover o mínimo sustento. Coisa pouca, mas necessitava de ter uma conta em banco. Já as teve, hoje não mais. Para facilitar seu novo negócio, teria que ter uma para as pessoas transferirem os valores adquiridos. Foi a um banco famoso, onde até já teve conta no passado, desses que existem em todas as cidades.

Chegou lá e a mocinha o mediu de cima embaixo. Pra começo de conversa estava envergando uma surrada camiseta do Che. Ela pressentiu que dali não sairia dividendos pra instituição onde atuava e disse não ser possível. Ele bateu o pé e ela idem. Ele não teria lastro, ou seja, cabedal financeiro para ter uma conta. Foi ao gerente, o cara veio todo lustrado, empacotado e perfumado. Repetiu a dose. Ele não seria um cliente interessante para o banco. Mas não queria nada além de uma conta e um cartão para movimentá-la, nada de talão de cheque, empréstimos, essas coisas. Esse um problema, ele também não queria comprar nenhum desses produtos do banco com débitos mensais. Foi feio o pega e esbravejou pelo fato de que não lhe abrirem a tal conta seria contra os preceitos constitucionais, pois faz parte da dignidade humana ter uma mísera conta em banco, pois no mundo atual é totalmente inviável guardar dinheiro embaixo do colchão.

Nada conseguiu e daí, duas opções ou ir fazer um BO e abrir via judicial, com ajuda de um advogado ou procurar o superintendente. Consultou um advogado, mas nada feito. Foi ao chefão máximo do banco na cidade. Uma secretária o barrou e sob alegação de que o manda chuva não estava, ouviu a ladainha e também disse que nada podia fazer. Desceram até o gerente da maior agência local do dito banco e lá mais um gerente pela frente. Nova recusa, empáfias renovadas, mais eis que o imponderado ocorre. Passava por ali um dos maiores e influentes operadores financeiros do dito banco na cidade e por coincidência amigo de longa data do meu amigo, dos tempos quando faziam musculação numa academia na região central da cidade. Aquilo do muito rico e do muito pobre se conhecerem dos lugares mais improváveis do planeta e se respeitarem mutuamente. O cara se interessou por ajudar meu amigo, esculachou o tal gerente, mostrou suas credenciais (por aqui a grana alta sempre fala mais e mais alto).

Saíram dali e foram para a outra agência. De humilhado, a coisa mudou de figura. Não era essa a solução que queria para seu caso, mas por fim, a conta foi aberta e sem necessidade de depósitos vultuosos de garantia, de mais nada além do que simplesmente estar aberta e funcionando. A carteirada foi dada, repugnante todos sabemos, mas nesse caso o único jeito de ver a situação resolvida. Por fim, o amigo do amigo se foi e ficam lado a lado o gerente da agência, antes instransponível, incontornável e irredutível, para o agora cortes, até puxando conversa e meu dileto e fraternal amigo. Ouviu essa do mesmo, sem arrogância na fala, sem falsa modéstia, sem prepotência, mas algo necessário: “Meu, era tão simples o que queria. Só a abertura de uma simples conta. Queria meu direito de cidadão garantido. Tive que voltar aqui dessa forma para ter isso garantido. Pessoas simples, desprovidas de grana também querem ter uma continha. Nem isso vocês permitem mais. Os interesses do banco não podem estar acima dos interesses de um país”. E saiu de lá com a tal conta aberta.

Meu amigo me diz que empresta o amigo que lhe ajudou para quem estiver necessitando dos seus serviços para a mesma finalidade. Tudo para ver solucionado esses pequenos probleminhas ao longo de nossa caminhada. Nada como uns ir ajudando os demais, mesmo que aos trancos e barrancos. Nesse mundo, nem sempre a solução para resolver as pendengas são as melhores e mais salutares, mas como pouca coisa se resolve de outra maneira dentro do mundo capitalizado, eis uma das soluções. Vamos juntos...

OBS.: As tirinhas publicadas aqui são todas do cartunista Nani e também foram sacadas em cima do mesmo tema. E para apimentar ainda mais as discussões sobre pobreza, marginalização e preconceito, eis algo que achei no facebook, uma histórinha por demais conhecida, aqui reescrita na linguagem dos manos. NA LINGUAGEM DOS MANO A HISTÓRIA DE UM TAL DE JESUS... Como li onde a encontrei, "faz o maior sentido". Crucificado seria pouco num revival hoje em dia... Vai vendo...

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