quarta-feira, 21 de outubro de 2015
CARTAS (148)
CARTA ABERTA AO SECRETÁRIO SIDNEI RODRIGUES*
* Publicada na edição de ontem, terça-feira, 20/10/2015 do Jornal da Cidade, Tribuna do Leitor:
Como ficar alterado com um sujeito tão boa praça? Sidnei Rodrigues, Secretário Municipal de Obras é o típico bom sujeito, desses que só de bater os olhos e mesmo não o conhecendo já dá para saber ser daqueles que só atravessa o sinal na faixa. Ele está hoje ocupando uma das mais complicadas secretarias municipais e, pelo visto, o prefeito o mantém ali exatamente por causa disso, profundo conhecimento de causa. O homem certo no lugar certo. Enquanto uns torcem o nariz, ele faz. Funcionário de carreira, personifica o funcionário público que cumpre o prometido: trabalha. Vive com os pés, mãos e membros atolados nas mais diversas obras municipais.
Do lado de fora de minha janela vejo tudo de pernas para o ar, a cidade (quase) pegando fogo, problemas insolúveis, caos buraquista exacerbado, desordem monetária, crise de gestão agravada pela falta generalizada de dinheiro nos cofres municipais e o Sidnei lá suando a camisa, tentando explicar o inexplicável, dando a cara para bater e ninguém com coragem de descer o cano em sua cabeça. Pudera! Como vou querer destratar alguém assim? Fico até sem jeito.
É o próprio matuto, no que esse tem de melhor. Na fala lembra o próprio. Preparado, foge da pompa do cargo e atende a todos com o mesmo jeitão, cheio de dados convincentes, desses que até retrai o sujeito que vai preparado para o confronto. Calça com a barra dobrada, camiseta por baixo da camisa de manga longa, tudo cheio de carrapicho e no canto da boca, mascando um fiapo de mato. O vejo assim e isso não o deprecia em nada, aliás, enaltece. Quando abre a boca, pelo jeito de falar, pronto, dobra a todos pela explícita matutice. No conjunto da obra, um belo exemplo de ser humano na melhor acepção da palavra.
Diante de tanta coisa ‘braba’ para tomar decisão e executar, como querer cobrar dele algo no varejo, se o atacado pede tanto, tudo aí para ser resolvido? Beira meio inconveniente. Constrangido, mesmo assim lembro de algo. Certa feita, final do ano passado, sua turma de trabalho, em conjunto com a da Emdurb vieram tentar resolver um problemão nas enchentes que assolam a quadra um da Gustavo Maciel. Trocaram a tubulação e com o serviço concluído, cobriram os tubos com asfalto, encurtando a largura da rua e aumentando a da calçada. Sim, tínhamos calçada, ela foi aumentada, mas não foi refeita. Num programa de rádio dialogamos e ele prometeu: “Me dê uns meses e resolvo tudo”. Nunca mais cobrei nada e já estamos chegando em novembro. O DAE fez um buraco aqui em frente, tapou com terra e só veio repor o asfalto quase 40 dias depois. Sabia que viriam, esperamos. Em dez minutos resolveram tudo, eficiência a toda prova.
O caso da calçada aqui da Gustavo é mais uma obrinha no meio de uma perdição de obronas mais urgentes e o povo daqui sabe disso. O secretário passa todo dia por aqui, rua de passagem e ao rever a situação da quadra, deve pensar: “Falta isso”. Com certeza, deve estar agendado em sua lista mental de pendências. Ouço entrevista dele no rádio e me certifico de que o danado está enrolado até o pescoço, mas fazendo de tudo (e mais um pouco) para sanar a falta disso, daquilo e nem por isso deixando de executar. Deve ser um dos mais cobrados secretários e também um dos mais simpáticos. Pequenos reparos iguais os daqui, ele sabe, um dia precisarão ser executados. O povo daqui sabe esperar e o de Bauru também.
Só não podemos deixar acabar essa gestão, pois daí muda tudo e talvez com algum engravatado no lugar, nem vai saber do que se trata. A gente imagina e torce para que o Sidnei dê conta disso tudo sob o seu tacão. Querer a gente sabe que ele quer. Fazer a gente o vê fazendo. Esquecer, nem pensar. Ele é daqueles que nem deve dormir direito enquanto não riscar do seu caderninho mais uma missão cumprida. Fico até sem jeito de cobra-lo, sei que vai entender, pois pelo que dá para saber assim dele, deve levar muito a sério isso de promessa feita. Com gente igual a ele por lá, a cidade está sabendo esperar. Brigar com ele nem pensar, esperamos. Mas não demora muito não, viu, Sidnei!
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com)
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