quinta-feira, 1 de outubro de 2015

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (78)


EDUCAÇÃO SENDO PRECARIZADA POR ALCKMIN EM SÃO PAULO E A LEMBRANÇA DOS BRIZOLÕES - CIEPs
Em São Paulo o bicho pega. O governador Alckmin resolveu fazer mudanças na Educação e eliminar escolas, juntar séries e colocar todos do mesmo tamanho no mesmo caixote. A caixa de agora em diante vai ter que ter o mesmo tamanho para tudo e todos. Guardadas as ironias, não custa lembrar que com a Oficina Cultural foi a mesma coisa. Decisão tomada, ordem executada, sem nenhuma possibilidade de alternativas. A grosso modo a justificativa que os subordinados ao governador estão autorizados a divulgar é que tudo não passa de um mero processo de reorganização do Estado. Herman Voorwald, o holandês Secretário de Estado da Educação diz que juntando todos alunos da mesma faixa etária no mesmo ambiente melhora a aprendizagem. Não leva em conta os deslocamentos humanos muito maiores e sim, algo que não diz, um corte em gastos. Muitas escolas já estão com seus dias contados e pelo que se sabe, pouco existe a ser feito, pois de sensibilidade esse Governo entende pouco, quase nada.

Mesmo ciente de que dificilmente existirão meios de mudar a opinião de quem trabalha sempre com olhos voltados para os resultados financeiros da caixa registradora, sem nunca levar em conta o resultado da sociabilidade humana, relembro aqui experiência brasileira na contramão do que Alckmin executa hoje. Foi a idealizada e colocada em prática por nada menos que uma dupla infernal, Leonel de Moura Brizola e Darcy Ribeiro, respectivamente governador e vice do Rio de Janeiro, em administração iniciada em 1982. Inesquecível a experiência dos CIEPS – Centros Integrados de Educação Pública, confundidos com algo maior, que era o programa de educação idealizados pela dupla, criados para garantir á população o direito ao ensino gratuito moderno, reestruturado do ponto de vista pedagógico e tecnicamente aparelhado. “Previam-se metas assistenciais (como uniformes, calçados e melhoria na qualidade da merenda) e pedagógicas (como aumento da carga horária diária para cinco horas e revisão de todo o material didático), treinamento dos professores e melhoria de suas condições de trabalho, reforma e conservação das escolas e do mobiliário e novos projetos educacionais – voltados à pré-escola, à criação de Centros Culturais comunitários e à educação juvenil noturna. Havia entre os idealizadores a convicção de que a democratização da educação teria que minimizar as carências essenciais daqueles estudantes que provinham de situações desprotegidas”, escreve Helena Bomeny sobre o tema.

Foram erguidos 507 CIEPS durante os oito anos dos dois governos de Brizola no Rio e mesmo longe da perfeição, propiciou extensa programação de atividades escolares e assistenciais para crianças e jovens. Diferente do que prega Alckmin, Darcy Ribeiro era um visionário e tudo fazia pelos que ele mesmo denomina de “apreço pela classe de baixo”. Numa de suas falas, eis a concepção educacional do CIEPS, proclamada em alto e bom som: “Ao invés de escamotear a dura realidade em que vive a maioria dos seus alunos, provenientes das classes sociais mais pobres, o CIEP compromete-se com ela para poder transformá-la. É inviável educar crianças desnutridas? Então o CIEP supre as necessidades alimentares dos seus alunos. A maioria dos alunos não tem recursos financeiros? Então o CIEP fornece gratuitamente os uniformes e o material escolar necessário. Os alunos estão expostos a doenças infecciosas, estão com problemas dentários ou apresentam deficiência visual ou auditiva? Então o CIEP proporciona a todos eles assistência médica e odontológica”.

Não houve solução de continuidade após Brizola deixar o Governo estadual. Tudo voltou ao sistema convencional. Nada de horário integral, nem assistência de saúde, muito menos as construções voltadas para integração. Passado esse tempo todo, tudo aquilo continua no imaginário e sonho, verdadeira utopia de ensino e referência nas discussões. Querer que o holandês Voorwald e Alckmin, guardadas todas as proporções possíveis e imagináveis possam ter um mero soslaio de comparação com Darcy e Brizola é querer demais, forçar a barra. A forma do entendimento e aplicação do que venha a ser a Educação entre eles é algo como querer comparar a água límpida com a do esgoto, concepções totalmente diferentes e opostas. O negócio do momento é esse mesmo, interromper tudo, abortar o já precário, para precarizar ainda mais. Se já está ruim, aguardem só mais um pouco, ficará pior. E se bobear, escrevam o que digo, quando tudo estiver num beco sem saída o governador, esse mesmo que foi laureado pelo maravilhamento que fez com os recursos hídricos paulistas virá a público e dirá: “Foi culpa da Dilma”.

Brizola e Darcy personificam a utopia que nos faz bruta falta nos dias atuais.

Um comentário:

Anônimo disse...

DARCY RIBEIRO TAMBÉM VIVE NOS NOSSOS CORAÇÕES
UM DOS MAIORES BRASILEIROS DENUNCIANDO UM CRIME COMETIDO CONTRA O POVO POR UM CANALHA QUE ATÉ HOJE VIVE AS NOSSAS CUSTAS,NOMEADO NA "COTA" DO PMDB NESTE ATUAL GOVERNO

https://www.facebook.com/estudiolegalidade/videos/783082618393857/

Eduardo Homem da Costa - Rio de Janeiro