quarta-feira, 28 de março de 2018

COMENDO PELAS BEIRADAS (53)


FIGURINHAS DA COPA SALVAM SEGMENTO PADECENDO AGRURAS SEGUIDAS - ODE AOS JORNALEIROS
O segmento comercial dos jornaleiros, as antes pomposas bancas de jornais estão penando para manter suas portas abertas. Não é de hoje que esse segmento sofre com a queda do consumo do produto mídia impressa. Mais do que claro ter a leitura caído dentro os que antes se lia e mesmo entre os jovens, a imensa maioria opta por leitura virtual. As bancas tiveram que inovar e ampliar seus negócios revendendo outros produtos, pois só com a de revistas e jornais estava praticamente impossível seguir com as portas abertas. Em Bauru somente uma banca ainda não aderiu a revender outros produtos, a do seu Orlando Pavan, ali na rua Primeiro de Agosto, região central da cidade. Todas as demais, indistintamente tiveram que revender algo mais e mesmo assim, de mais de sessenta na cidade, hoje tudo se reduz a umas vinte. E muitas em vias de fechar.

Com a dificuldade presente no seu dia a dia, as que conseguiram manter suas portas abertas passam por sérias dificuldades. Conforme ouço de um deles, foi rolando dívida em cima de dívida, culminando neste momento em algo acumulado em mais de R$ 15 mil reais, que para eles é considerado valor. Muitos resistiram até esse momento e decidiram não fechar as portas exatamente por algo tendo início neste mês, a venda das figurinhas da Copa do Mundo, algo revolucionário e transformador para eles, ocorrendo de quatro em quatro anos. Converse com qualquer um deles e sinta o brilho nos olhos e a esperança renovada de conseguir salvar o ano e quitar todos os atrasos com o boom das vendas. Um deles, possuidor de duas outras bancas na cidade reabriu uma defronte a Prefeitura Municipal só por ter certeza do incremento das vendas, do contrário nem pensaria em fazê-lo num ponto que fechou e ninguém mais pensava em reativar. Outra banca reabrindo foi a recém fechada na Getúlio Vargas, ali perto do Confiança Max. O novo proprietário, também dono de outra banca só foi atrás de reabrir o ponto devido às figurinhas.

Quer mais histórias? Perceba como a maioria deles já alterou o seu horário de funcionamento. Todas estavam com um horário mais dilatado e até fechavam durante algumas horas do dia, mas agora, estão abrindo mais cedo, alguns por volta das 7h da manhã e fechando depois das 19h30. E o movimento já começou a ser sentido e se multiplica cidade afora. Até as livrarias da cidade que não revendem revistas estão indo atrás de revender as figurinhas e tentar criar nos seus espaços um lugar pré-determinado para juntar colecionadores para as trocas, algo contagiante daqui para a frente. Perceba em algumas bancas como já começam a circular algumas pessoas especializadas em troca de figurinhas e não pensem serem crianças, mas sim adultos. Um dos jornaleiros me disse que a média dos colecionadores é bem alta e para quem pensa que isso é coisa de criança, ledo engano. Legião de aposentados participa ativamente com muitos álbuns, os normais e os de capa dura.

Uma febre, que além de contagiar muita gente, traz a alegria para o reduto do seleto grupo dos jornaleiros da cidade. Outrora renegado e sem esperanças de um algo novo no segmento onde atuam, tratam esse período como o da “salvação da lavoura”. Todos possuem muito bem os pés no chão e sabem que nada do que ocorre se deve a nenhuma melhora na economia ou do setor, mas somente por causa dessa febre por causa das figurinhas da Copa do Mundo. Eu que continuo comprando revistas nas bancas de jornais e me recuso a assinar as que ainda leio, tudo para valorizar o jornaleiro, sou amigo de muitos deles e acompanho a vibração com que todos buscam um algo a mais para incrementar o seu local de trabalho, vender mais e sair um pouco do vermelho. Nas fotos aqui publicadas, algo de ontem, começo da noite, quando todas já estariam fechadas, mas adentravam o começo da noite, abertas e a espera dos tais colecionadores. Torço para que consigam superar as expectativas, pois penam muito nos últimos tempos. Cada uma busca com muita criatividade ampliar suas vendas, com um algo diferente, mas igual as figurinhas da Copa não existe. Alguém já notou a diferença?

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