quarta-feira, 23 de maio de 2018
FRASES (169)
RICO FAZENDO USO DOS PROGRAMAS SOCIAIS – UMA HISTÓRIA DE BOM USO NO “BOM PRATO” A frase mais impactante dessas últimas semanas foi a do médico Dráuzio Varella: “Rico não deveria usar o SUS”. Nem se faz necessário fazer grandiosas elucubrações no entorno do que foi dito, pois em tão poucas palavras disse tudo (e até mais um pouco). A pouca vergonha está estabelecida neste país e aquele que mais possui na sua conta bancária é o que mantém o filho estudando em escola pública e assim por diante. Os de verde-amarelo reclamam até as tampas dos governos petistas, mas mesmo tendo grana e salário para pagar suas despesas médicas se utilizam dos serviços do Farmácia Popular e também de tudo o mais, como dos benefício do SUS. Todos os famigerados Planos de Saúde Privada fazem isso descaradamente. Quando não bancam alguns exames e cirurgias indicam ao paciente como o conseguir gratuitamente via SUS. De tudo isso, algo cujo rabo não é possível ser escondido debaixo do tapete, o da sacanagem dos que possuem grana, poderiam pagar pelas suas despesas, se utilizam dos benefícios concedidos aos menos favorecidos e não estão nem aí. Dráuzio ao desferir a frase, o fez para tudo o mais. A carapuça deveria servir para os sacanas espalhados pela aí.
Conto algo onde ela cai como uma luva. Aqui na aldeia bauruense tem um restaurante do Bom Prato, essa iniciativa do Governo Estadual do sr Alckmin (uma das poucas iniciativas onde sou obrigado a aplaudi-los) e o preço da refeição, só almoço e de segunda a sexta (uai, pobre não come de sábado e domingo e nem janta?) sai pela bagatela de R$ 1 real. A comida é boa e as filas são grandes. Em Bauru servem exatas 1300 refeições dia. Aplausos. Meu amigo e inquilino, Kyn Junior ontem reclamava de ver na fila uma imensidão de gente que decididamente poderia pagar e comer em outros lugares e não o fazendo, ocupam a vaga de outros com necessidade comprovada, a finalidade da existência do restaurante popular. Cita até funcionários de várias empresas, todas com vale refeição mensal, onde o funcionário faz questão de usá-las de outra forma e todo dia está ali na fila. Direito dele? Sim, porém seria melhor a vaga ser ocupada por quem dela necessita de fato.
Ele mesmo me conta uma história e o que me lembro dela conto a seguir com as minhas palavras. Um casal de velhinhos aposentados, morando na periferia da cidade, salário de menos de R$ 1 mil reais por mês, com despesas bem apertadas, a maioria gasta com medicamentos e alimentação, descobre que o passe de ônibus circular é gratuito para eles, com direito a trinta viagens mês. Usam todo dia para virem para a cidade, onde almoçam no Bom Prato. Ele ouve os dois contando a história para outros na fila. Fizeram as contas e até quando não pagam as passagens (30 viagens gratuitas dão para meio mês), gastam diariamente $ 1 real cada, R$ 2 reais os dois ao dia, totalizando nos cinco dias da semana R$ 10 reais. Fazem uma economia danada e contavam que ao deixarem de fazer almoço, compram menos mantimentos, se viram para um lanche noturno e até conseguiram esticar o gás. Enfim, essa a finalidade do programa. Tudo louvável, mas não querem nem pensar em algo rondando os programas sociais nesse cruel e insano período golpista, onde não só os programas sociais estão sendo reduzidos como as ações tipo Bom Prato sendo restritas e encurtadas.
Encerro com algo bem simples. A sacanagem está embutida e ocorre como se fosse algo mais do que natural neste país. Que a crise pega a todos de calça curta, disso não existe a menor dúvida. Principalmente nesses tempos, todos querendo gastar menos, reduzir gastos, mesmo os que podem pagar por suas despesas, dar um jeito de deixar de fazê-lo é salutar. Isso até tem perdão, pois todos são trabalhadores, mas quando vejo algo ocorrendo dentro do que o Drauzio Varella discorre com sua profética frase, daí é para se perder a boa e chamar o cara na “cincha”, como se diz no jargão popular. Encerro com o link da fala aqui citada: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-44090888 e a reprodução de uma parte de sua fala, bem elucidativa sobre tudo isso aqui retratado: "Um país com mais de 200 milhões de habitantes ousou dizer que saúde é um bem de todos e um dever de Estado (...) Acho que, num país com a desigualdade do Brasil, temos uma parte da população com condições econômicas bastante favoráveis que não deveria usar o SUS. Deveria deixá-lo para quem não tem outra alternativa: ou se trata pelo SUS ou não se trata. Então, não tem sentido de eu estar ocupando o lugar do outro, tenho que me entender com a iniciativa privada"
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