terça-feira, 8 de maio de 2018
PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (135)
TÁXI, UBER E MOTO-TÁXI
Hoje pela manhã passa na banca de grande amigo jornaleiro e ele conversando com um senhor de uns 70 anos. Quando ele se vai, se aproxima e me diz: “O vereador Meira acabou com eles. Esse senhor que estava conversando é taxista e estava desesperado, ontem fez somente R$ 20 reais no dia. Não sabe mais o que fazer”. Muitos hoje não sabem mais o que fazer, os taxistas são somente mais uns dentre tantos.
Esse assunto é mesmo complexo. Tento juntar algo de palatável e propor uma ampla discussão. Vamos por partes, como fazia tão bem o Jack, o Estripador:
- Que o preço cobrado pelos taxistas em Bauru está pela hora da morte, disso ninguém tem a menor dúvida. Culpa deles? Não. A imensa maioria dos taxistas rodando em Bauru não são donos dos seus veículos, são meros arrendadores do carro e trabalham muitas horas, sendo obrigados a repassar uma diária para os verdadeiros donos da concessão do ponto. Uma minoria lucra com tudo isso, os tais donos das concessões e segundo consta, acobertados pelo sindicato da categoria que lhes dá guarida;
- Com a chegada do UBER na cidade e com um preço que todos estão achando baixos, esse negócio explodiu e muitos que nunca andaram de táxi, estão fazendo pelo modal UBER. Bom? Ótimo, mas para quem? Se até o trabalhador operando com o UBER está reclamando do preço recebido pelas viagens tendo que repassar 25% para os donos do negócio (lá nos EUA) e o preço cobrado baixo, para se juntar algum, necessário trabalhar muito, mas muito mesmo. Diante do desespero atual, onde emprego é coisa rara, cresce o número de gente querendo se prestar a executar este serviço;
- E como estariam os moto-taxistas? Péssimos. Os vejo reclamando e muito. Cobravam bem abaixo do preço dos táxis e conseguiam manter clientela, mas com o preço do UBER bem abaixo do deles, seu negócio está que só definha. E o que fazer? Nem eles sabem ao certo. Vejo algo inusitado, alguns se juntando aos taxistas contra a chegada do UBER;
Perguntas que não querem calar:
- O sindicato dos taxistas está propondo algum reajuste no preço atualmente cobrado?
- Existe algo sendo feito para acabar com o monopólio dos donos de ponto e todos os que trabalham no setor poderem trabalhar sem ter que pagar diária para os ilegais proprietários?
- Como os trabalhadores do UBER podem reivindicar um preço mais ajustado à realidade se não conseguem nem se comunicarem a contendo com a direção do tal UBER?
- Como é a relação de trabalho entre o empregador UBER e seus funcionários? Ou não existe?
- A atividade do moto-taxista ainda tem algo alentador que possa reverter e dar esperança de dias melhores para a categoria?
Por fim, outro comentário, esse ouvido numa fila de banco também no dia de hoje: “Isso tudo em curso faz parte da modernidade dos nossos tempos. Se o preço é caro na loja, compro o que quero pelo site e barateio meus gastos. Se o hotel é caro, agora só me hospedo pelo Airbnb. Se o táxi é caro, faço a opção pelo mais conveniente, o moto-taxi ou o UBER. Não quero nem saber se a relação de trabalho está despedaçada, isso pouco me importa, o que vale mesmo é o quanto pago”.
Saio de perto para não ter que entrar em mais um briga na rua. As transformações são tantas, cabeças embaralhadas e no frigir dos ovos quem ganham são os de fora e os trabalhadores só se danando. Meu amigo, professor Taun Mateus posta algo sobre esse novo trabalhador dos novos tempos: "Os vejo trabalhando mais do que os trabalhadores de antanho, com mais de 12h diárias. Seria isso modernidade?".
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