O INVISÍVEL MIDIÁTICO-SOCIAL: Interfaces folkcomunicativas de personagens populares bauruenses excluídos da mídia hegemônica*
* Meu trabalho de defesa de mestrado em Comunicação pela Unesp Bauru, defesa efetuada em outubro de 2017.
DEDICATÓRIA - Dedico o esforço “escrevinhativo” para todos os invisíveis e ignorados da aldeia bauruense, os que, diuturnamente, dão murros em ponta de faca na suada tentativa de sobrevivência dentro de um mundo que só os enxerga para explorar e ampliar a dominação. Se eles soubessem o que, em surdina, é tramado contra eles, já teriam virado essa mesa há muito tempo.
RESUMO - A população marginalizada produz comunicação interativa em um próprio meio de atuação. Esse fato ocorre com técnicas e procedimentos singulares e facilitadores no sentido do exercício dessa ação. A presente pesquisa tem por objetivo investigar os reflexos nas motivações dos procedimentos comunicativos de grupos específicos, considerando resultados relevantes a partir de observações e análises de resultados midiáticos, à luz de possibilidades externas a padrões previamente estabelecidos. O cenário é o da cidade de Bauru, interior de São Paulo, onde foi realizada pesquisa de campo com recorte em três personagens produtores de ações comunicacionais à margem da mídia massiva. A intenção foi a de compreender formas de transformação em notícia midiática, embora, em alguns casos, sem ser esta a intenção inicial. Agregam-se referenciais teóricos no campo da Comunicação, em especial da Folkcomunicação, no sentido de reiterar as possibilidades e estratégias de conquistas de espaços e afirmação de identidades. À guisa de conclusão, coloca-se em pauta questões relacionadas a preconceitos e estereótipos afirmados e reafirmados em práticas midiáticas.
Palavras-chave: Invisibilidades, Inclusão social, Mídia impressa, Comunicação, Folkcomunicação.
Introdução:
O trabalho de pesquisa está centrado na atuação dos tantos invisíveis dentro da atual sociedade capitalista neoliberal, nitidamente privilegiando as leis de mercado e o “deus mercado”. Seguindo essa concepção de mundo, fora disso, tudo é desprezado, descartado e considerado sem importância, desprezível. O enfoque dado pela pesquisa segue na contramão do que está prescrito nesse predominante conceito capitalista e busca acompanhamento de três personagens especificamente sugeridos, para verificar como o invisível midiático social sobrevive a isso tudo.
Para desvendar a atuação dos enquadrados nesse perfil, primeiro se fez necessária a leitura de literatura correspondente e pertinente ao tema, depois conhecer o cenário onde os personagens vivem, a cidade de Bauru (SP), e, por fim, por meio de depoimentos de cada um deles, buscar entender como se dá o processo de atuação e desenvolvimento de suas atividades distantes da mídia massiva.
Os três são expoentes no que fazem, cada um se utiliza de meios próprios comunicacionais para alcançar seus objetivos e nenhum deles se apoia na comunicação massiva. Conhecer esse processo é a intenção deste trabalho de pesquisa e, com isso, contribuir para, num recorte, demonstrar como se processa a comunicação entre as partes dentro das camadas apartadas e consideradas invisíveis. O interesse pelo tema perpassa pela Folkcomunicação e suas teorias, procurando visualizar e entender essa forma de comunicação dos excluídos da sociedade atual.
Na contemporaneidade supõe-se que algumas práticas midiáticas de comunicação de massa, e as consequentes informações repassadas à população, possam estar relacionadas aos interesses econômicos e a interesses específicos de grupos de poder. A partir desta hipótese preliminar, pode-se constatar lacunas específicas de registros midiáticos no que diz respeito a questões relacionadas à mídia na cidade de Bauru. Embora elemento constituidor do espaço e da imagem desta cidade, a pessoa mais simples não aparece como condutor dessa história e muito pouco comparece como artífice do seu dia a dia.
Esta pesquisa pretende provar como a atuação comunicacional de alijados de participação midiática massiva constrói processos de comunicação, como eles conseguem ser vistos e, dessa forma, multiplicando o que fazem. De acordo com a abordagem proposta, a pesquisa pretende explorar perspectivas multidisciplinares em Comunicação, ressaltando interação com mídia e cidadania. O cruzamento de informações registradas na mídia, com entrevistas junto ao grupo social envolvido, será guia para a validação e avaliação dos impactos sociais e culturais na cidade de Bauru.
Dessa forma, a metodologia a ser aplicada buscará um equilíbrio entre pesquisa bibliográfica (imagética e iconográfica), de campo e posterior análise, reflexão e elaboração do resultado final da pesquisa (dissertação).
A pesquisa bibliográfica visa aprofundar e ampliar as possibilidades de conhecimento nas áreas envolvidas, enfatizando as características exploratórias. Busca-se conhecer e identificar as características sociais, culturais e de comportamento de grupos ditos como excluídos ou marginalizados na cidade de Bauru e de como, em algumas ocasiões, conseguem suplantar e se enxergar também nas páginas noticiosas do jornal. Inclui investigações e registros presentes nessa mídia na época específica da pesquisa.
Para atingir os objetivos, a pesquisa foi dividida em três capítulos. “Caminhos cruzados” trata do cenário da comunicação no Brasil com todas as referências utilizadas para embasar o texto, principalmente relacionados com a teoria da Folkcomunicação. “Bauru: Cidade de contrastes” é o histórico da cidade onde residem e atuam os personagens estudados, inclusive com breve apanhado de sua mídia massiva. Em “Personagens e cenários folksociais comunicativos” são apresentados os personagens e o espaço de atuação individualizado, e, ao final deste capítulo, é realizado um estudo comparativo de como se inserem na teoria estudada, sendo aí demonstrada a obtenção dos objetivos buscados.
OBS. DO AUTOR: Eis um pouco de minha linha de atuação e nas fotos uma camiseta que fiz como brinde, um “mimo” extra para os professores doutores da banca de mestrado e também para os três personagens escolhidos como tema base da pesquisa, Carioca da Banca (banca do livreiro de rua localizada na Feira do Rolo), Inês Ferreira com seu muro (a pipoqueira e seu muro defronte sua residência na vila Falcão) e Adilson da Banca (banca de vareidades e inform ações localizada na rua Treze de maio, quase esquina com Primeiro de Agosto). Nela os dizeres 'EU AMO A RUA", lapidar frase do cronista das ruas cariocas, início do século passado,m João do Rio. Um pouco deles aqui e em alguns dias publico o resumo final. Informo que, o trabalho completo já está disponível na Biblioteca Central da Unesp Bauru ou no site do Repositório Institucional Unesp.
OUTRA COISA, MAS SOBRE O MESMO ASSUNTO:
César Augusto, publicitário da região de Presidente Prudente passou uns dias em Bauru e captou de cara a mensagem cifrada passada pelo Carioca da Banca e não foi embora enquanto não conheceu o personagem, o livreiro das calçadas, das ruas de Bauru. O encanto foi tão grande, motivando-o a escrever um texto para seu site o LADO B LIVROS. Vejam no que deu: "Não teve estudo, mas é Mestre Livreiro na escola da vida". Foi publkicado na tarde de ontem e com o link abaixo, sua leitura:
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