COMENTÁRIO GERAL (177)

ANESTESIA GERAL

Uma das melhores tiras dos últimos tempos é a publicada hoje pelo melhor jornal do nosso mundo, o argentino Página 12, criada pela verve do Miguel Rep e nela algo com a cara da passividade vivenciada hoje pelos povos da parte abaixo da linha do Equador. Isso de todos estarem com as calças arriadas e esperando a entrada da agulha, que com certeza irá manter a todos num estado de profunda letargia é a mais clara fotografia desse povo, ultrajado e sacrificado, sendo espoliado a cada instante e sem condições de tentar uma plausível reação. Se ela foi pensada para a situação da Argentina, serve também como uma luva para a brasileira, onde os que nos governam sabem o quanto de maldade existe nos seus atos e joga com a condição atual do mundo, onde a imensa maioria se cala, anda de cabeça baixa e segue o jogo num desânimo de dar gosto. Enfim, somos todos nós ali representados, algo da dominação feita sem dó e piedade nos costados de um povo, cada vez mais desumanizado, despolitizado e idiotizado. Sabendo de tudo isso, os que nos governam aplicam a tal ANESTESIA e se fartam de rir da situação. "Yes, nós somos Bananas", está escrito no adesivo no vidro traseiro do meu carro e com ele sigo, também reagindo pouco, consciente de fazer parte dessa manada, uma que até quer reagir, mas anestesiada nem sabe direito mais como fazê-lo. 

ACORRENTADOS

A tira de Miguel Rep hoje publicada no melhor jornal diário do nosso mundo, o argentino Página 12 é para chorar. Nela a sua Argentina acorrentada. Retrato mais do que fiel de um país dominado pelo mais cruel e insano neoliberalismo e seus agentes hoje ocupando os postos de comando no país a produzirem um contínuo saque de todas as riquezas possíveis. A malversação é tão cruel, a ponto do país estar chegando a, mesmo após o primeiro aporte de um empréstimo de última hora do FMI, num patamar nunca antes alcançado, o do para cada dólar ser necessário 30 pesos. A pobreza segue sua rota inclemente, atingindo a tudo e todos. E o país segue sua sina, acorrentado e saqueado. Muito me entristece a situação deles, mas ao comparar com a nossa, a do Brasil, vejo que pouca coisa se difere. Estamos da mesma forma acorrentados e deitados sobre forte amarração. Com a mesma crueldade que os saqueadores (sic), digo neoliberais de lá agem, os daqui o fazem. Tudo orquestrado, feito de forma doentia, onde todas as riquezas são vendidas na "bacia das almas", a preço de banana e os poucos no poder enchem as burras. Uma grande vergonha nacional com a situação, tanto de lá, como de cá, dominada pelo que de pior temos no mundo político. E tudo mancomunado, num acordo de cavalheiros entre a classe política, o Judiciário, segmentos da Polícia e Forças Armadas, além da mídia massiva, essa sacramentando e oficializando tudo, dando a impressão de que tudo ocorre dentro da mais absoluta normalidade. A América Latina arde em chamas com as novas diretrizes impostas por poderosos grupos econômicos, massacrando esses povos e os vergando à condição de mera massa humana, dominada pela inexorável força dos que dominam a situação nessa insano momento. Até quando? Não sei. Mas sei é que enquanto esses grilhões não forem devidamente quebrados, tanto lá, como cá, o massacre terá continuidade. Como acordar diante de algo imposto mesmo para manter todos sob o efeito de um alucinógeno onde todos são levados a tocarem suas vidas de forma letárgica? Se reação houver ela terá que ser violenta, primeiro para destituir toda a corja hoje no comando dos dois países e depois para resgatar tudo o que foi perdido de seriedade na condução da coisa pública. Por enquanto, segue o desalento e todos devidamente acorrentados.

VÃO DEMOLIR O PRÉDIO DO ANTIGO INSS E NO LUGAR MAIS UM TERRENO BALDIO
Deixar demolir esse prédio é mais uma aberração bauruense. Ele é ótimo, nenhuma parte de sua estrutura comprometida, só lotado de entulhos e lixo. Daí o irão demolir, sendo que ali poderia ser utilizado para indefinidas finalidades. Somos mesmo um povo desqualificado para a convivência humana. Ainda existe tempo hábil para impedir essa besteira.