sábado, 14 de julho de 2018

MÚSICA (162)


MEDICAMENTOS PARA DORMIR


SEGUNDA: O BRASIL ESTÁ MESMO PELA HORA DA MORTE E EU SÓ CONSIGO DORMIR APÓS TOMAR MEUS MEDICAMENTOS
Hoje, por exemplo, enquanto não revi o curto vídeo do Aldir Blanc cantando num botequim pé sujo na Tijuca, sentado e escorado pela sua inseparável bengala, a sua música mais famosa, não teria como dormir. Ao ir ouvindo, fui me desligando das atrocidades cometidas nesse país doente e senil, daí fui relaxando, a tremedeira desapareceu e entrei no clima. Rodeado daquele conversê só possível em quem chafurda pelos botequins mais sórdidos desse mundo, só assim, com essa medicação na medida exata, deito e durmo. Do contrário, nem com sonífero sossega leão. É o que me mantém vivo. Sobrevivo assim... Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=M0Z1kDVI_xI

TERÇA: AH, O QUE SERIA DESSE POBRE MORTAL SEM SEU NOTURNICO MEDICAMENTO...
São doses certeiras, consumidas dentro da exata quantidade e após um dia inteiro de intensa estupefação, eis que na noite o estado febril se avoluma. O corpo padece demais da conta nesses tempos, onde tudo está mais que dominado. Para dormir só mesmo algo como "Milonga pra loco", do gaúcho Bebeto Alves, um a me fazer esquecer das bestialidades lidas, sentidas e sofridas nos embates diários. Vou ouvindo a milonga, ela invade meu quarto e acaba por expulsar os retrógrados que me acompanharam o dia inteiro. Quando a judiaria estava se exaurindo, a batidinha do violão me acalma, a fala loca do cantante me leva pra nanar e só então durmo. Eis meu medicamento: https://www.youtube.com/watch?v=TQlk89KPyCg. Quem disse que a música não é curativa?

QUARTA: NÃO PENSEM TER DORMIDO SEM MEU MEDICAMENTO
Não o faço mais, virou a única forma de conseguir pregar os olhos. As barbaridades são tantas, tamanhas que, sem a dose diária, regulada na medida exata e indicada por acertadas receitas, prescritas muito longe de consultórios médicos. Cabem na medida para as dores que sinto dentro do peito. Querendo continuar lendo e participando das barbáries cometidas por esse tal de doente crônico denominado facebook, a tal terra de ninguém, nadamelhor do que no final do dia, quando tudo está lá de uma certa forma concentrado na mente do gajo, ele fique estático, petrificado e mesmo diante do irremediável cansaço, o sono não vem. A mente em ebulição não permite. O que ainda permitem (não se sabe até quando) é colocar na vitrolinha aquele som ameno, aquele que te faz voar sem tirar os pés do chão, daí com a música penetrando nas suas entranhas mais profundas, você se dá por vencido e quando percebe ronca. Nessa noite passada só consegui a minha dose de Diazepan com UM TREM PRAS ESTRELAS - CAZUZA. Experimentem: https://www.youtube.com/watch?v=sr8WspaGvHw.

QUINTA: O SONO NÃO VEM - PUDERA, ESTAVA ESQUECENDO DO MEU MEDICAMENTO...
Não estão sendo dias fáceis. Esse golpe danificou a mente dos brasileiros, já um tanto avariada com o que a mídia foi produzindo ao longo dos últimos tempos na mente dos desavisados. O país acabou por se transformar numa terra de ninguém, tudo às avessas. Alguns, dentre eles os mais simples não se deixaram perder de todo. Conto algo. Um encanador aqui em casa consertando um estrago no banheiro me diz da música que ouvia. Me diz ser triste, mas muito bonita, quer saber quem é. Falo que só ouço a Unesp FM e que esse a cantar é o João Bosco, não o da dupla sertaneja, mas um mineiro. Ele me diz conhecê-lo. Conto a história da música, "SINHÁ", do Chico Buarque, mas que na voz e violão do João são mesmo eletrizantes. O sinhozinho está prestes a cegar o escravo, tudo por ele ter supostamente olhado a patroa tomar banho nua na cachoeira. O pedido de clemência do negro é de doer a alma. Não falamos mais nada até o final da canção. "Eu choro em yorubá, mas oro por Jesus, por que que vosmicê me tira a luz?", diz a letra e nós dois ali sem voz. Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=ZhLAig0uOL0. Neste momento, 23h25, corpo mais que cansado, acho Sinhá no youtube e com ele rolando na vitrolinha, o corpo vai amolecendo, medicamento fazendo efeito e durmo sentado, misturando a crueldade daqueles tempos com a desse nosso tempo. A música é linda, mas as histórias são tristes demais. Prometo que vou tentar acordar amanhã cedo, mas não sei se conseguirei.

SEXTA: ME CONVIDARAM PRA SAIR, MAS SEM O MEDICAMENTO, VOU NÃO
Está frio, algo pra lá dos conformes bauruenses, quando estamos acostumados com temperaturas bem mais amenas. Os embates diários continuam fervendo a moleira dos sensatos e uma brigaiada sem nexo, muito da desconexa pipoca pelas redes sociais, bolsonarizando a cabeça dos incautos. Melhor ficar de fora desse triste momento da vida nacional, mas quando chega uma hora dessas, corpo cansado e sem conseguir o devido descanso por causa dos encostos se aproximando durante a refrega do dia. Vou na estante, acho um CD da Joyce Moreno e depois de ver que a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, loteada de caducos e abilolados comandados por Crivella lhe salvam a vida, escolho algo bem na contramão do que pregam esses boçais para ver se o corpo volta ao normal: "O samba da Zona". Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=Xwu1MpEA0es. Enquanto o parlamentar quer curar a paraplégica deputada pela força de sua banal e sacana oração, prefiro dançar na Zona, algo muito mais edificante. Ouvindo a boa música e com recordações de antanho, dos tempos quando existia zona em Bauru, consigo me acalmar e vou lentamente me recolhendo aos meus modestos aposentos. Só assim...

SÁBADO: A cada dia um medicamento diferente. Imaginem o que poderia me salvar e fazer dormir na noite de sábado?

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